5| O a s i s

171 31 6
                                    


Crianças corriam enérgicas pela grama, velhinhos liam os jornais sentados nos bancos espalhados pelo parque e jovens casais passeavam, trocando beijos e carícias, enquanto sorriam um para o outro movidos pelo amor

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Crianças corriam enérgicas pela grama, velhinhos liam os jornais sentados nos bancos espalhados pelo parque e jovens casais passeavam, trocando beijos e carícias, enquanto sorriam um para o outro movidos pelo amor. 

O dia estava gelado mas ainda sim convidativo e o Castle National Park estava cheio. Com passos lentos, fui caminhando pela trilha de pedras coloridas no chão, driblando os outros visitantes agilmente, e depois de alguns minutos finalmente cheguei onde queria. 

Poucos metros a minha frente estava o grande lago Oasis. 

As águas estavam meio esverdeadas e haviam alguns patos nadando na superfície. Uma calmaria assustadora envolvia o lago. Tinha também uma mureta de madeira nas margens, e sei que ela foi colocada lá depois do acidente de Ana, onde seu carro descontrolado não encontrou nenhuma dificuldade para capotar direto pro fundo das águas.

Por que será que as pessoas só tomam providencias depois que a tragédia acontece?

   — Ah Ana... — Murmurei para mim mesmo imaginando o que ela deve ter sentido quando seu carro desgovernado emborcou direto no lago. Acho que deve ter ficado apavorada pois a perícia indicou que ela quebrou os vidros para tentar escapar e nisso acabou machucando a mão.

Observador, caminho até perto da mureta de madeira. A grama ao redor é alta e não parece ter nenhum sinal do acidente de seis anos atrás. Talvez Miles tivesse razão afinal o que eu espero encontrar que nem a polícia foi capaz?

Droga!

    — Moço você poderia dar licença? — Ouvi uma voz doce dizer e em seguida pequenas mãos puxaram a barra de minha camisa, tentando chamar minha atenção. 

Me virei e abaixei meu olhar vendo uma garotinha me encarando. Ela era pequena, acho que uns seis anos, e segurava um saco com o que parecia ser migalhas de pão

   — Você está sozinha aqui? — Perguntei preocupado e logo ouvi a voz de uma senhora, que vinha correndo ate nós.

   — Me desculpe rapaz, me desculpe eu acabei desviando minha atenção dela por um minuto e no outro ela já não estava lá... — A senhora, idosa, tinha cabelos brancos e estava ofegante.

   — Não tem que se desculpar, eu só fiquei preocupado pois pensei que a garotinha estava sozinha. — Explico dando dois passos para o lado e a menininha vai como um furacão até a beira do lago jogando as migalhas para os patos.

  — É minha neta. — A velhinha diz sorrindo — Ela queria vir ao parque para dar comida aos patinhos. 

  — Ela me parece ser uma criança adorável. — Digo observando a menina, que gargalha inocentemente e finge ter uma conversa com as aves aquáticas.

   — E ela é. Pena que eu só a veja de vez em quando. — A senhora diz suspirando e nós dois observamos o lago por alguns segundos. Tão grande e imponente, verde e azul, gelado e que gosta de atrair garotas para sua beira. 

   — Que falta de educação a minha, me chamo Laura. — Ela se apresenta e estende sua mão para mim que a aperto, cumprimentando-a.

   — Sou o Benjamin.

A tarde parece passar mais rápido enquanto converso com Laura. Ela me conta sobre seu filho mais velho, pai da garotinha que descobri se chamar Riley. Enquanto falo com sua avó, a pequena Riley brinca ás margens do lago com os patos. Descubro que Laura morou em Boston sua vida toda e que mesmo que seus filhos tenham se mudado para longe, ela não pretende deixar sua amada cidade.

Gosto de conversar com pessoas mais velhas. É incrível o modo como elas falam da vida e sua capacidade de compreensão. Pessoas jovens como eu tem pressa de tudo, e agora que estou sentado num banco em frente ao lago que quase matou minha paciente mais antiga, percebo que a pressa não vai me levar a lugar algum.

Tenho três meses pra descobrir algo sobre ela e estou confiante que vou conseguir.

   — Eu me lembro desse caso. — Laura diz após eu lhe contar que estou investigando sobre Ana. Como ela mora aqui há muitos anos, pode saber algo que possa me ajudar.

   — Ela é minha paciente há mais de seis anos, mas agora o hospital quer deligar os aparelhos e sem eles ela irá morrer. — Digo suspirando tristemente.

  — Para ser sincera, eu achei que a jovem noiva já tivesse morrido há muitos anos. Ninguém nunca mais tocou no assunto. — Laura comenta enquanto olha a neta brincar poucos metros a frente.

Um curto silêncio paira no ar e quando olho para meu relógio de pulso percebo que estou atrasado para buscar Cole na creche.

   — Olhe querido, infelizmente eu não tenho nada que possa te ajudar. — Laura diz baixinho e eu sinto todas as expectativas que fiz para essa tarde se quebrarem — Mas conheço alguém que pode te dar informações. — Completa e imediatamente eu a encaro.

   — Quem?

   — O porteiro do prédio onde eu moro. Na época do acidente ele era vigilante de uma loja que ficava há poucos metros da entrada do parque. Apesar de nunca ter sido chamado pela polícia para depor, já ouvi muitas conversas de que ele viu a garota minutos antes dela capotar com o carro no lago. — As palavras de Laura aguçam todos os meus sentidos.

Sinto que finalmente encontrei algo em que me agarrar. Um passo mais perto de descobrir a verdadeira história de Ana.

  — Como ele se chama? — Pergunto mal escondendo meu entusiasmo.

Laura suspira e abre um pequeno sorriso, satisfeita por ter me ajudado.  

  — Paul Williams. — Responde.



Desculpe por estar curto, o próximo ira ser mais longo. Espero que estejam gostando!









Se Você DespertarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora