Benjamin Walsh é um médico que trabalha em período integral no hospital Geral de Boston, no oeste dos Estados Unidos. Com mais de dez anos de profissão, o neurologista desenvolveu uma afeição por sua paciente mais antiga, a misteriosa Ana.
Resgatada...
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A enorme pasta estava mais vazia do que eu imaginava. Não havia muita coisa a mais. E eu sabia que não tinha nenhuma vocação para detetive investigativo.
Depois de horas lendo e revisando e lendo novamente... eu percebi o quanto seria difícil desenterrar qualquer pista sobre a minha enigmática paciente.
— Titio? — A voz do meu sobrinho me tirou do transe em que eu havia mergulhado. Apesar de ser duas e quarenta da madrugada, ele apareceu na porta da sala de estar arrastando seu cobertor do homem-aranha pelo piso. Estava todo descabelado, com o pijama amassado e uma cara de choro que me fez ficar preocupado.
— O que está fazendo acordado Cole?— Perguntei fazendo sinal para ele vir até mim.
— Tive um pesadeo... — Murmurou com a voz embargada.
Suspirei me sentindo exausto e quando ele se aproximou o puxei pelas mãos, o colocando sentado em meu colo. Cole se aninhou em mim, como fazia desde que era bebê, e eu comecei a mexer em seu cabelo loiro.
— Pesadelos não são reais Cole. — Expliquei e ele fez bico.
— Eu sei titio, mas é que tiquei muito assutado! — Sussurrou em resposta e eu me levantei, o pegando no colo. Com a voz meio rouca, comecei a cantarolar uma canção de ninar que minha mãe costumava cantar para mim e minha irmã Jane quando éramos crianças.
Meu sobrinho apertou os braços contra meu pescoço com força e lentamente foi se deixando render pelo sono. Ele sempre teve esses pesadelos e a psicóloga diz que são frutos das noites em que passou acordado, chorando sozinho no berço, assistindo as brigas dos seus pais.
Eu não consigo nem imaginar sem sentir uma onda de revolta percorrer meu corpo. Ele era apenas um bebê e mesmo assim foi submetido a tantas coisas... E o pior é que sei que minha irmã o ama, que ela se importava, mas o vício e o amor abusivo que sentia pelo namorado foram mais fortes que seu instinto maternal.
Ela estava pagando por isso agora.
— Tenha bons sonhos, Cole. — Sussurrei quando percebi que ele já estava dormindo outra vez.
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