Meu caminho até você - Parte III

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O aroma de vodca se fez notar no momento em que a moça caiu em seus braços. Emma bebendo? Mais uma vez o estomago se revirou, e sua consciência se poluiu com a ideia de ser a causa da embriaguez da pobre jovem, que após minutos de incontáveis soluços, finalmente se acalmava.

Afastando-se do abraço, Regina tirou uns segundos para olhar a situação de Emma. Seus olhos estavam inchados e a cor deles parecia estranhamente pálida, o rosto havia se tornado vermelho e marcado pelas dobras do tecido onde repousou a cabeça. Ela não usava maquiagem alguma e parecia não ter o feito nos últimos dias. Sua aparência era de completa devastação, era doloroso vê-la assim e se perceber como culpada por aquilo tudo.

"Você está bêbada." Disse suavemente, passando o polegar na bochecha de Emma, na tentativa de secar seu rosto. As lágrimas diminuíram, mas ela ainda soluçava. Regina não havia feito pergunta alguma mas, foi respondida com um aceno de negação com a cabeça.

"Sim, você está e é por isso que vou lhe fazer um chocolate quente. Com canela." Sorriu com ternura, levantou-se do sofá e a pediu que não saísse dali. Antes de se dirigir a cozinha, depositou um beijo no topo de sua cabeça.

Não sabia se a ideia do chocolate quente havia surgido por estar preocupada com Emma, por se considerar culpada por sua situação ou simplesmente por achar que isso faria a moça se sentir melhor. A única coisa da qual tinha certeza, é de que faria o possível para aliviar a angústia presa no coração da mulher que correu por sua ajuda num momento de desespero.

Enquanto esperava a água ferver, Regina ligou para David, na intenção de saber onde estava Henry. O pai de Emma parecia aflito, já que ela aparentemente havia saído de casa no dia anterior e não dera notícias até o momento. Ao saber que a filha estava sob os cuidados da prefeita, ele pode ficar mais aliviado, mas não completamente. Bom, isso aí já era outro assunto, o que importava para Regina era saber se seu filho estava com o avô. Assim que conseguiu a informação da qual necessitava, se adiantou em dizer adeus ao homem o mais depressa possível, a tempo de desligar o fogão ao sinal de fervura da água.

Com muito cuidado preparou a bebida, e atenta a temperatura esperou um pouco até finalmente levá-la até Emma.

Regina teve uma das visões mais lindas da qual se lembra.

Emma estava deitada no sofá, agarrada a uma almofada, seus olhos cerrados e sua respiração serena, por vezes suspirando. A morena se pôs a admirar a cena e lutou internamente contra a necessidade de acordá-la, até perceber que era necessário. Colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha da moça, Regina chamou seu nome algumas vezes e obteve um murmurio confuso da loira.

"Seu chocolate." Ajudou Emma a se sentar e lhe deu a caneca. Se ajeitou ao seu lado e acompanhou seus gestos.

"Obrigada." Finalmente disse no intervalo entre goles. "Isso tá muito bom!" Regina sorriu ao vê-la sentir-se a vontade, a bebida formou um bigode acima da boca de Emma fazendo-a parecer uma criança pequena.

"Adorável!" Pensou. Ela esperou a moça terminar a bebida para finalmente sugerir que passasse a noite ali Não recebeu resposta alguma da loira, e por isso aceitou a falta de reação como uma afirmação.

Emma se sentia fraca, especialmente ali naquela situação e aos cuidados da outra mulher. Queria ir embora. Se arrependia de ter buscado refúgio  nos braços da prefeita, ao mesmo tempo que sentia que aquele era seu lugar. Assim que Regina a conduziu até o banheiro de sua suíte, se perdeu completamente na confusão de seus pensamentos. No momento em que estava de frente para o grande espelho acima da pia, sentira-se entorpecida. Seu reflexo borrado era o que podia ver, percebeu que por dentro estava daquele mesmo jeito. Não conseguia se enxergar com clareza, não conseguia se entender com clareza.

O sentido de todas as coisas se perdeu no momento em que Regina voltou ao banheiro segurando uma toalha e delicadamente começou a despir a moça a sua frente. Emma acompanhava o processo pelo espelho, sem ter acesso a muitos detalhes, mas isso não importava já que o que não era visível naquele reflexo era sensível pelo resto de seu corpo, e por mais que a morena se esforçasse para não fazê-lo, seus dedos por vezes tocavam a pele da loira e lhe provocavam arrepios.

Os minutos na banheira passaram depressa e logo Emma se encontrava seca e vestida com uma das camisas sociais da prefeita. Ela estava sentada na cama king-size do espaçoso quarto de Regina, enquanto seus longos cabelos eram penteados pelas mesmas mãos que timidamente lhe banharam mais cedo. Por um momento sentiu a morena se afastar, e assim que se virou para se certificar, percebeu que ela havia ido buscar algo em sua penteadeira.

"Para evitar uma ressaca." Lhe entregou um comprimido e apontou para um copo de água no criado-mudo, a moça tomou o remédio e voltou para a antiga posição.

"Já acabei." Regina disse rindo antes de ser tomada por um bocejo.

"Obrigada." Foi tudo que Emma conseguiu responder.

"Você já disse isso."

"Sério. Achei que tivesse voltado a me odiar."

"Por que faria isso?" Perguntou surpresa. Mesmo com o pouco tempo de amizade, sabia que nunca mais voltaria a odiar a dona daqueles mágicos olhos verde-esmeralda.

"Você sabe... Semana passada eu--"

"Shhh... Eu que errei em te deixar sem resposta, me desculpa."

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