XXXIV.✓

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Fecho a porta do apartamento dela e permaneço parado na frente com a mão na maçaneta por alguns minutos. Termino de abotoar a calça e entro no elevador assim que uma senhora sai, ela me olha surpresa e incrédula. Claro, eu estou sem camiseta, com o cabelo ainda úmido e a calça toda amassada, além dos tênis nas mãos. O porteiro também me olha estranho, mas eu não me importo, apenas continuo o caminho até o lado de fora onde minha moto está. Cheguei aqui era por volta das duas da tarde e agora são quase uma da manhã, o que me leva a perguntar o que aquela senhora fazia até esse horário fora de casa.

Sinto o vento frio contra meu peito nu enquanto piloto em alta velocidade pelas estradas de Londres. Lembro da tatuagem da Jessie, aquela mesma que ela descreveu como seria e me fez prometer que eu estaria junto quando ela fosse fazer. Porra. Como ela disse, não sou nenhum pouco bom em cumprir minhas promessas.

Chego no meu apartamento, o mesmo que eu tinha ficado com a Jess assim que saímos da casa da Mirella e do Estevan. Abro a porta e a bagunça me consome. Fazem meses que vim pra cá e não mexi em nada, apenas a cama que joguei tudo no chão para dormir. Tem algumas de nossas roupas espalhadas, alguns objetos quebrados e a poeira tomando conta. Comprei esse apartamento antes de ir embora, a Jessie nem sabia, então eu pedi para os responsáveis deixarem tudo como estava até eu voltar.

Tropeço em um lençol pelo caminho até o banheiro e praguejo, chegando lá eu me alivio e fico alguns minutos me encarando no espelho sujo. Olho para o quarto e bufo.

— Que merda. — Então começo a arrumar.

Limpo primeiro o quarto, recolhendo algumas roupas que a Jess deixou aqui por algum motivo e outras minhas que eu não levei quando parti. Encontro o envelope que deixei quando sai, ainda contendo todo o dinheiro que eu queria que a Jessie usasse, mas claro que ela não o fez. Não a culpo, estamos falando da Jess! Então apenas guardo na gaveta de volta e continuo.

Depois de estar tudo brilhante e cheirando a limpeza, eu vou para a sala. Quando estou recolhendo as coisas do chão eu vejo jogado no canto do sofá onde tinha muita teia de aranha e sujeira por cima. Pego o cordão e limpo com a mão mesmo, ele tem o fecho arrebentado e eu imagino que a Jessie tenha arrancado com raiva do seu pescoço e jogado ali dentro, quatro anos atrás. Eu o limpo direito e guardo no meu bolso, então continuo arrumando tudo.

°

Quando volto a deitar na cama, depois de um banho relaxante, eu pego o cordão de cima do criado mudo, fico observando e me lembrando dela. Como fui idiota!

Não sei por quanto tempo fico desse jeito até pegar no sono por umas três horas e meu celular berrar informando que já está na hora de ir para a empresa. Porra. Apesar de não ter dormido muito, eu tenho um sorriso enorme no rosto que não consigo disfarçar. Ainda consigo sentir o gosto dela na minha boca, todos os gostos. Tanto da sua pele, da sua boca, quanto da sua bocetinha deliciosa. Porra!

— O que foi, cara? Aposto que você falou com aquela mulher lá — Vincent fala assim que eu entro na sala, sorrio ainda mais.

— Você não faz ideia. — Ele ri sentando na sua mesa. Nós fazemos parte da contabilidade da empresa, por isso dividimos a mesma sala. — Ontem eu fui ver ela e... Cara! Foi incrível! — Rodopio na cadeira ao lembrar.

Vincent sorri, ele é um jovem muito extrovertido e simpático, com seus 24 ou 25 anos está namorando ou quase isso com minha sobrinha. O cara é caidinho por ela.

— E como vai a Mellanie? — Pergunto e vejo seu sorriso crescer e os olhos azuis bem escuros brilham.

— Vai muito bem, obrigado. Ela está tão a vontade comigo agora, nem parece aquela garota de antes. — Sorrio com seu papo apaixonado.

Indecência✓ - Livro 3 da série Corrompidos. Where stories live. Discover now