14 - Parte I

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Quinta feira, 07 de Janeiro de 2016, 08:10

Ativou a câmera frontal, pegou a luz correta e tentou filmar novamente. Segurou o botão e fingiu espirrar, levando Rico a cair na gargalhada.
O filho estava deitado ao seu lado na cama, de barriga pra cima, e sempre ria quando alguém na casa espirrava.
Fingiu espirrar de novo, e o assistiu rir novamente. Terminou de filmar e publicou o vídeo.
Sete meses atrás, suas redes sociais eram basicamente ele, ele e Cece, ele e os amigos, praia e festas.
E maconha, obvio.
Depois de Enrico, suas redes sociais eram ele, ele e Enrico, Cece e Rico, ele, Cece e Rico, Rico, Rico com os cachorros, Rico na praia...
Às vezes uma maconha perdida, que contrastava com a quantidade de fotos de bebê ali.
Ouviu os barulhos no andar de baixo, e sabia que era Cece fazendo tudo correndo porque estava atrasada, para variar.
Pegou o filho no colo e desceu as escadas, encontrando a moça desesperada pela sala procurando alguma coisa.
- O que você não acha? - perguntou e colocou Rico no chão, mas o manteve segurando pelas mãos.
- Meu adesivo de peito, meu deus!
- Estão no banheiro, Carter, por que ele estaria na sala?
- Qual banheiro?
- O daqui de baixo, na gaveta.
- Te amo! - saiu correndo para o banheiro e voltou antes que Nick pudesse piscar.
- Eu te levo.
- Não precisa, já avisei que vou atrasar. Cuida dos seus irmãos, melhor. Eles passam a madrugada e o dia todo no videogame, e eles estão em Ibiza. Leva eles pra transar! - mandou um beijo no ar, pegou o capacete da bicicleta e saiu andando.
- Certeza! Chega de videogame!
Pegou Rico no colo novamente e subiu as escadas, sem pedir licença, entrou no quarto que os irmãos estavam hospedados e assistiu aos dois vidrados olhando pra televisão.
- Gente, vocês tem que sair da frente do videogame, pelo amor! - reclamou, assistindo o jogo que parecia um filme, tamanha a qualidade.
Nem reparou quando ficou de boca aberta, observando a história que os irmãos desenvolviam.
- Você quer jogar, né?
- Sim. Vou pegar a cadeirinha do nenê.


Cece voltou mais cedo naquele dia, duas horas depois de ter saído, bufando por ter se deslocado até René sem ter nada para fazer lá.
Assim que entrou em casa, se deparou com Nick sentado no chão e infantilmente puxando as pernas de Rico, sentado em uma Jump pula pula, para fazê-lo pular mais alto, enquanto os dois caíam na gargalhada.
Assistiu por alguns segundos, até o bebê notar sua presença e sorrir. Nick olhou em sua direção e sorriu também, mais ainda, pois não tinha se recuperado das gargalhadas.
Tequila surgiu do andar de cima correndo e pulou sobre si, quase a levando para o chão, o que também divertiu muito Rico. Zeus apareceu um tempo depois, balançando o rabo. Assim que Cece abaixou para fazer carinho nos longos pêlos, o cachorro deitou e virou a barriga para cima. Zeus parecia até sarcasmo para um cachorro como aquele, que estava mais para algo como Garfield.
- Seu pai estava me ligando, querido - deixou os cachorros para trás e andou até onde Nicholas estava sentado, puxando sua cabeça para trás para dar um beijo na testa do amigo.
- Ele falou pra ligar pra ele... - Cece pulou na sua frente e entrou no seu campo de visão na tentativa de alcançar Enrico, dando uma bela e privilegiada visão de sua bunda para o rapaz - É...
- Que? - Cece virou-se abruptamente e Nick rapidamente tirou os olhos de sua bunda - Você estava olhando pra minha bunda?
- Não... Sua bunda tava olhando pra mim, eu fui só educado e olhei de volta.
- Baker!
- Desculpa - levantou do chão e limpou a bermuda - Enfim, ele quer falar com a gente, disse pra ligar quando os dois estiverem juntos.
- Então vamos ligar! Agora!
- Eu tava limpando a casa...
- Você tava vendo seu filho voar, cala a boca.
Xingou e com Enrico no colo, foi até o sofá. Já Nicholas ficou por um tempo olhando o nada, querendo saber como se acostumou com tamanha grosseria natural, porque Cece era um talento.
Com o celular em mãos, conectou-se com o pai por chamada de vídeo e esperou os cabelos grisalhos tomarem conta do lado oposto da tela.
- Meu filho! Oi, Cece! E esse meninão ai? - fez uma careta para brincar com Enrico.
- Oi, Bill!
- Oi, pai.
- Como vocês estão? O sinal está ruim, vou falar rápido. Seus irmãos falaram da festa, certo?
- Que festa? - Nick vincou a testa.
- As bodas?
- Bill, seus filhos acordam, jogam vídeo game e vão dormir - Cece desabafou, fazendo o mais velho rir - Eles não socializam!
- O que me impressiona é que você ainda não fez nada sobre isso, Cece.
- Eles são menores de idade... - deu de ombros.
- Pai, fala da festa - Nicholas pediu, cansado de como seu pai sempre se distraía quando falava com Cece.
- Me surpreende também que a sua mãe tenha te deixado esquecer. Todas as nossas bodas ela fez uma festa... Enfim, meninos, nós vamos fazer trinta anos de casados.
- Uou! Isso é muito tempo de casamento com Lily Baker...
- Cece!
- Desculpa. Continua, Bill.
- Teremos uma festa, em duas semanas. Vocês todos são presença obrigatória. - sorriu, e Cece engoliu seco.
Como rejeitar um convite daqueles?
Os motivos para não ir começavam em inverno na Inglaterra e terminavam em hotel para cachorro.
- Ora, Cece, não faça essa cara.
Talvez não fosse tão boa fingindo a reação, afinal.
- Bill, eu não tenho como...
- Por que não?
- Porque... Argh. Nicholas, você trabalha. O que você pretende fazer?
- Trabalhar algumas horas a mais e compensar. Vamos, Cece?! Vai ser legal.
Cece fuzilou o amigo com os olhos. Poderiam discutir aquilo sem que Bill estivesse assistindo, porque Nicholas sabia que ela era praticamente incapaz de falar não para seu pai.
- Bom, podemos conversar sobre isso depois?
- Todos estão convidados, todos. Mas você está intimada, Cecilia.
- Eu vou tentar, Bill.
- Eu vou convencer todo mundo, pai.
- Espero vocês aqui!
Depois de mais algumas palavras, Nicholas desligou a ligação. Mal teve tempo de encerrar a chamada e algum objeto não identificado voou na sua direção e o acertou na testa. Por sorte era macio.
Cece estava do outro lado da sala, bufando e muito furiosa.
- Caralho, Baker!
- Ai! Que isso?
- "Vamos, Cece?" SÉRIO? Você sabia que eu não ia falar não na frente dele.
- Óbvio, por isso eu falei.
Outra coisa voou em sua direção.
- Para de jogar coisa em mim, Carter! É um fim de semana, por que você não quer ir?
- Porque eu trabalho, e mesmo assim não tenho dinheiro; porque eu não consigo imaginar ficar um fim de semana dentro da mesma casa que sua mãe mora, e dessa vez, ela é a dona! Porque deve estar três graus célsius na sua cidade natal, porque eu não posso levar uma pit bull no avião. Quer que eu continue, Baker?
- Olha... - levantou-se e atravessou a sala, apenas para segurar as duas mãos de Cece, numa maneira sarcástica, e puxá-la para um dos sofás - Eu tenho milhas o suficiente pra nenhum dos dois pagar caro na passagem, certo? Minha mãe vai estar uma pilha de nervos, nem vai notar que você estará lá, e eu também não vou mais deixar ela te tratar mal. A última vez não foi o suficiente pra você acreditar?
De fato, tinha sido demais, Cece lembrou.
- Os cachorros?
- Hotel?
- Hotel para cachorros...
- Vai, Cecilia. Tudo tem solução. Agora se você não quiser ir, eu paro de falar. Mas por que você ficaria um fim de semana aqui fazendo mais do menos, quando pode ficar numa mansão que parece hotel, viajar e ainda ir numa festa de bodas de casamento?

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 22, 2018 ⏰

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