As respostas

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"Mãe, estou quase a completar os meus 17 anos, como sabes, e espero a tua visita, como tens feito todos os anos. Sei que a separação entre ti e o pai não foi fácil, e que ainda sofres com isso. Entendo que só venhas ver-me uma vez por ano, pois cada vez que vens a nossa casa, encaras o pai. Fico triste que tenhas colocado a tua religião acima da nossa família. Que tenhas tomado o pai como louco, psicopata após te ter contado o que sentiu em relação a mim, no dia do meu nascimento, em que me viu pela primeira vez nos teus braços. Espero que a avó esteja bem, e tenho a certeza que de certa forma tu também estarás, pois sei o quanto querias ir viver para perto dela. O quanto a sua ausência te magoava. Mas e a mim? A tua ausência também me magoa, mãe. Mas respeito e amarte-ei-sempre. Por respeito a ti, minha querida mãe, mantive-me no psicólogo até há cerca de uma semana atrás, mas com o concentimento do pai, sai. Na altura não considerei totalmente inútil o facto de me teres colocado em psicólogos, pois estava assustada, confesso, com aquele primeiro sonho que tive com o avô. Mas agora, depois de, á anos, estar
"enfiada" em psicólogos, interpreto esse meu sonho como uma experiência pessoal, como o início das respostas
ás perguntas  que hoje já se encontram respondidas. Os psicólogos eram  inúteis na procura dessas respostas. Não que a profissão seja inútil. Nem que a psicologia em si seja inútil. Mas os meus sonhos, as minhas premonições nada têm a ver com psicologia. Para além de que eu nunca lhes contei tudo, nunca lhes conto tudo, a nenhum deles. Disse-lhes sempre que tinha a perfeita noção que aquele sonho tinha sido apenas um sonho. Que apenas me parcera real na altura. Que como todas as meninas da minha idade tenho pesadelos, e que esse havia sido um deles. E que a fobia inicial que tinha do meu quarto tinha como fonte o meu medo do escuro, coisa que todos os psicólogos consideram normal. Não que mentir seja bom. Não é. E perdoa-me por tal ato, pois não foram estes os valores que me ensinaste.  Mas os psicólogos só conhecem  aquilo que estudaram. O que aprenderam nos livros. O intelectual. A teoria de Freud acerca da natureza dos sonhos: que são nossos desejos inconscientes que se manifestam durante a noite. É só isso que conhecem, e não os posso julgar. Tal como tu, mãe, que conheces a religião, conheces os princípios que te são transmitidos pelo catolicismo, e nada mais, e não te julgo, nunca te julguei por não teres aceite a minha idologia e a do pai. A de que, para além da morte, existe muito mais. Não apenas o céu e o inferno, mas existe todo um outro mundo. Um mundo paralelo ao nosso, mas no entanto, muito parecido. Que quando morremos, vamos para onde as nossas ações cá, no mundo terreno, nos levarem. Mas que, ao contrário do que te ensinou o catolicismo, até nesse outro mundo podemos mudar. Basta pedir ajuda. Basta ter fé. Vês mãe? As perguntas que em pequena fiz, estão hoje respondidas. Encontrei as respostas em todas as minhas experiências, em tudo aquilo que presenciei e vivi. E assim descobri que realmente nós, seres terrenos, podemos sim ter contacto com seres já desencarnados, e ajudá-los. Tal como ajudamos um amigo. E não, mãe, o pai não é louco. Eu não sou louca. Apenas descobrimos as respostas ás nossas perguntas. Estivemos atentos aos sinais. Soubemos ouvir. E descobrir qual a nossa missão aqui. Pois cada um de nós tem uma. E, minha mãe, decidi então utilizar o meu dom em prol do bem, por isso trabalho hoje no centro espírita da cidade, como médium. Sei que provavelmente da próxima vez que cá venhas mal me olhes nos olhos, pois em nada disto acreditas, mas acredita, estou de coração cheio. Encontrei as minhas respostas.

Da tua querida filha,
Eva.
Um beijo do tamanho do mundo (deste, e do outro mundo também).

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