A assustadora música para os meus ouvidos

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Nos dias, meses, e até mesmo os seis anos que se seguiram após o nascimento da pequena, as frases "Que menina tão bonita, benze-a Deus!" ou "Que linda que é, sai á mãe!" e ainda "Caprichas-te​ bem Eliot!", eram bastante frequentes, advindas de famíliares, amigos de Elisa, amigos de Eliot, amigos dos amigos de Elisa, amigos dos amigos de Elliot : todos admiravam tamanha beleza que Eva possui. Porém, houve alguém que admirou de uma forma assustadora, distinta e invulgar de todas as outras formas de admiração que circundavam Eva.

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Eliot:
Mais um dia de trabalho exaustivo na oficina. Ligam-me  do Hospital Público. E, adivinhem só? Minha filha já havia nascido. "Que demora. Deixei minha esposa as 6 da manhã e a preguiçosa da miúda só nasce as 16h30 da tarde. Ora mais isto" pensei. Era verdade que na altura não aceitei bem o nascimento da Eva, pois achava que a vida a dois que eu e a minha esposa construímos ao longo de tantos anos iria naquele preciso momento desmoronar, pois com o nascimento de uma filha, muitas responsabilidades advêm, decisões são tomadas e prioridades definidas, e sabia perfeitamente bem qual seria a de Elisa: Eva. Mas mal eu sabia qual seria a minha. Mas soube. Soube a partir do primeiro minuto em que olhei para Eva, estava nos braços de minha esposa, mas naquele momento, só vi Eva. Foi só a Eva. E foi apenas a Eva que eu quis ver para o resto da minha vida. Não apenas como minha filha, mas também como minha irmã, minha companheira de todas as horas, e até como minha esposa. Sim, minha esposa. E perdoem-me se perante os vossos olhos, leitores, são barbaridades que para aqui saiem, mas não. Eva não é barbaridade. E o que eu sinto pela pequena, também não. Sou pai dela nesta vida sim, mas tenho a certeza que terei sido algo mais, numa outra. E um verdadeiro amor, nunca se esquece. 

"Os olhares são incomparáveis, quando as almas se reconhecem"

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