Capítulo 1

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Lucy

O dia no café estava como qualquer outro. Fiz o de sempre assim que cheguei, liguei a cafeteira e a máquina de chá, trouxe os caixotes de leite e pão do depósito, trouxe os doces e os salgados que ficam na cozinha e abri as portas que já havia aberto tantas vezes que nem me lembrava mais.

Eu olhava para o Sr. Jones do balcão e o observava. Ele e um cliente fiel do Ferdinand Caffé desde o dia que eu comecei a trabalhar no café à dois anos e meio o Sr. Jones está sempre ali na mesa quatro, lendo o seu jornal e tomando seu café com leite, como faz sempre. Ele e um motivo de inspiração para mim, há mais ou menos um ano ele descobriu que tem um câncer na próstata, mas ele nunca se abate, nunca está triste.

– Ei Lucy, eu quero um Donut com glacê e um daiquiri de morango sem álcool. – Richard pede o de sempre.

– Claro. E como Lilian está? – Perguntei. Richard tem seus trinta e oito anos e bonito moreno um sorriso alinhado, e os os olhos castanhos bem escuro. Eles são casados há dez anos e ele parece ama-la muito. Agora ela está esperando seu primeiro filho.

– Ela está bem. Ontem fomos fazer o primeiro ultrassom. – Fala orgulhoso e com um sorriso enorme.

– E qual é o sexo? – Pergunto enquanto coloco o pedido dele no balcão.

– Menino. Vai se chamar Justin. – Sorrio para ele. Lilian tinha um problema para ter filhos e depois de muita dificuldade ela conseguiu.

– Que ótimo. Tenho que visita-la qualquer dia desses. Eu só prometo e nunca vou. – O Sr. Jones deixa o dinheiro em cima da mesa como sempre faz e sai abanando a mão para mim com um sorriso, que eu retribui.

– Vá mesmo. Pode me dar mais dois Donuts por favor?

Eu gosto de trabalhar aqui, e um lugar calmo. As vezes enche um pouco mais são só de turistas. Trabalhar aqui não é nenhum sacrifício e nem é pesado, o que é mais difícil e a distância, mas eu não me importo muito. Conheço a maioria dos clientes daqui.

– Lucy vá almoçar. Eu fico aqui até que você volte. Mas não demore em mocinha. – Sorri.

Pego as minhas coisas e saio em direção ao lugar onde eu sempre almoçava. Não é um lugar grande nem mesmo tem muito luxo. Mas eu sempre fico tranquila aqui. Peço o meu almoço e sento para comer ainda admirando a vista. Depois de pagar caminho tranquilamente de volta para o café.

Meu celular vibra. A única pessoa que me manda mensagem essa hora.

Já almoçou mana?
Kate 13:02 p.m.

• Acabei de almoçar. Estou chegando no Café e você? Espero que já tenha comido.
Lucy 13:02 p.m.

E claro que comi. A Cristine ficou no meu lugar enquanto eu fui.
Kate 13:04 p.m.

• Ótimo. Acabei de chegar no café.

Cuidado.
Te amo.
Lucy 13:06 p.m.

• Tudo bem. Cuidado também.

Te amo mana.
Kate 13:07 p.m.

Hoje tudo parecia diferente, o café estava mais vazio do que nunca. Tenho medo de o que a Kate disse hoje de manhã seja verdade. Mas não sei no que acreditar pois já passou muito tempo. Bom talvez nem tanto tempo assim mas eu só peço a Deus que tudo corra bem e que amanhã possamos rir de tudo.

A maior parte do tempo quando não tenho nada para fazer fico pensando na minha mãe. Imaginando como seria te-la aqui, fico pensando se tudo seria diferente, mas então eu lembro da Kate. Ela é doce, e carinhosa uma típica irmã mais velha, mas ela ainda carrega seus demônios internos, ela nunca conseguiu superar, nunca esquece, acho que esse é o maldito defeito da Kate, ela nunca esquece as coisas. Nós passamos por uns maus bocados lá, e mesmo Kate sendo acompanhada por diversos psicólogos e psiquiatras ela não esqueceu, não por eles serem ruins no que fazem mas por ela ter medo de contar. Então ela desconta nos relacionamentos péssimos que ela tem, sempre ela vem com a mesma conversa. " Esse é diferente. De um crédito a ele, veja ele como eu vejo." Mais e impossível, quando a merda acontece tenho vontade de ir atrás deles e espanca-los.

As seis horas fecho as portas e limpo tudo, graças a Deus chegou ao fim. Entro na cozinha para guardar os materiais e pegar a minha bolsa. Não vejo a hora de deitar no meu sofá.

– Lucy. – Ferdinand me chama. Sua aparência triste e desconfortável. Ele pede para que eu me sente.

– Desculpe Lucy, eu vou ter que fechar o café. – Fiquei sentada, literalmente imóvel, meus olhos arderam com a proximidade das lágrimas. – Eu estou com tudo no vermelho e não consegui pagar a hipoteca dos últimos cinco meses, então tive que vender para o meu próprio bem antes que fosse para a justiça. – Se desculpa triste.

Algumas lágrimas caem e eu me sinto extremamente triste. Ferdinand me olha cabisbaixo e sorri tentando me passar algum apoio. Como eu não digo nada ele quebra o silêncio.

– A Janete só estava cumprindo o aviso. Ela sabia a um tempo, eu não quis te preocupar. – Me olha triste. E eu fico abismada. Como assim ele não me contou nada? – Aqui está o seu salário e o seguro. – Me entrega um pacote e me abraça. – Amanhã não abriremos mais. Obrigado por tudo. Obrigado mesmo Lucy.

Eu tento falar mais só as lágrimas vem. Arrumo tudo que é meu e vou embora, paro na saída e dou uma última olhada para a fachada.

Meu caminho de volta foi calado. Não ouvi música como sempre faço, fui a viagem inteira aérea. Agora tudo que eu mais quero é abraçar a Kate e chorar.

Chego em casa e está tudo escuro, Kate já devia ter chegado. Talvez esteja fazendo hora extra.

Já estou em casa cadê você?
Lucy 19:15 p.m.

Espero, espero e nada de resposta, tomo meu banho e nada de resposta, faço o jantar e quando estou quase terminando meu celular toca e o número da Kate aparece no identificador.

– Até que enfim mana. Já estava ficando preocupada com você. – Falo mais calma.

– Que bom que se preocupou. – Uma voz masculina fala. – Sua amiga está bem. Por enquanto. – Meu coração para.

– Q-quem e você? – Sento na cadeira mais próxima.

– William. – Eu sabia que esse homem não prestava. Sabia. – Kate deve ter falado sobre mim.

– Chega de brincadeira. Passe logo para a Kate. Diga a ela para vir embora logo.

– Não é brincadeira minha querida. Fale com ela.

Meu Deus, não. Mais isso não Jesus. Por favor não.

– M-mana... – Kate fala baixo e chorando. – Não faça nada do que ele disser. Lucy por favor não faça...

– Se quiser vê-la outra vez você tem dois dias para conseguir um milhão. Então sugiro que comece. E não é brincadeira.

Logo depois ele desliga. Desligo o fogo e minhas mãos estão mais do que trêmulas, meu coração bate forte no meu peito e meu sangue corre rápido nas minhas veias, minha visão fica turva e quando dou por mim já estou no chão.

O Poder da Sedução { Completo }Where stories live. Discover now