[...]

Coloquei o meu uniforme e procurei pelas apostilas com as novas receitas do restaurante. Eu trabalho como recepcionista em um dos mais renomados estabelecimentos da cidade.

Estava pronta. Peguei minha bolsa, celular e chaves da casa. Agora só falta procurar por minha pequena.

— Vamos mocinha? – perguntei parada na porta de seu quarto.

— Só falta uma coisinha. – observei o deslizar de sua tiara florida por seu cabelo bem penteado. Ela desde cedo sempre fora organizada e sempre queria se arrumar sozinha.

— Podemos ir? Não posso me atrasar...

— O meu chefe vai arrancar minha cabeça, acertei? – ela é muito esperta, já decorou a frase que mais uso como desculpa para nos apressar.

— Espertinha. Vamos.

Tranquei tudo e chamei um táxi que por sorte passava por aqui. Primeiro deixarei minha filha na escola, depois vou para o trabalho. Essa rotina me cansa, mas sou feliz desse jeito.

[...]

Paramos em frente a escolinha colorida por cores alegres. Os alunos já estavam entrando portão adentro. Pedi para o taxista me esperar e levei minha pequena até o portão.

— Já sabe das regras não é? – alertei.

— Prestar atenção na aula, fazer toda a tarefinha e não bagunçar. – essa é minha menina.

— Tenha uma boa aula meu amor. – beijei o topo de sua cabeça e recebi o seu abraço apertado de sempre.

— Te amo mamãe.

— Eu te amo mais.

— Você vem me buscar? – pergunta.

— Claro, tenha cuidado e qualquer coisa peça para sua professora me ligar, entendeu?

— Sim mamãe.

— Você tem cinco anos mesmo? – ela é tão esperta que até eu duvido da sua idade.

— Claro né.

— Vai logo meu anjo.

Voltei para o táxi e segui caminho para o centro que não era muito distante da escola.

O dia será tenso, algo em mim diz isso.

[...]

Entrei no vestuário feminino e alinhei meu vestido preto na altura dos joelhos com mangas até o antebraço. Sem detalhes ou decotes. Afinal eu estava ali para trabalho e não para um encontro. Teria apenas que causar uma boa impressão.

— Bom dia Mari. – diz Karol toda animada.

Ela sempre fora animada, desde que nos conhecemos aqui no meu primeiro dia de trabalho. Ela faz parte da equipe de garçonetes.

— Bom dia Karol, acordou animada hein!

— Tive uma noite maravilhosa amiga, aí meu coração. – ela solta suspiros apaixonados.

— Estou sentindo cheirinho de romance no ar.

— No ar, na parede, na cama... Ops! Deleta essa parte.

— Fico feliz por você.

— Aí miga, obrigada.

— É hora de trabalho, não de fofocas. – diz a gerente do restaurante antes de sair. Ela sempre tem a cara fechada. Afs!

— Que mulherzinha mal humorada. – diz Karol.

— Fico surpresa que ainda não tenha se acostumado com esse jeito da Débora. – enfatizo a última palavra.

— Com essa daí? Nem se ela nascesse novamente. Qualquer dia eu arremesso uma bandeja naquela cara rebocada que ela tem.

— E perder o emprego depois? É melhor não arriscar amiga.

— O jeito é engolir aquela azeda mesmo.

— Vamos deixar de papo antes que ela volte. Tchalzinho flor. – saí do baheiro indo diretamente para o meu lugar.

Droga de saltos, isso é uma tortura.

Primeiro esse vestido justo que me deixa sem ar, segundo, esses saltos malditamente lindos, porém, machucam que é uma beleza, terceiro é que não sento um segudinho sequer. Bom, mas trabalho é trabalho.

Sorriso na cara e vamos lá.

[...]

Já estava no horário de saída da Melissa e também o meu momento de descanso. Peguei minha bolsa e olhei no celular certificando-me da hora.

Tenho uma hora de liberdade antes de deixar a minha pequena na aula de reforço e dança.

Melissa sempre demonstrou um grande amor e talento pela dança. Quando fez dois anos dei-lhe de presente uma sapatilha de balé, era grande demais para caber nos seus pezinhos, mas ela fazia questão de usar.

— Até mais Karol. – me despedi da louca apaixonada

— Dá dois beijinhos na Melissa por mim?

— Deixa comigo.

— Até mais tarde.

Olhei o relógio novamente e já estava quase atrasada, entrei no ônibus que para minha inteira felicidade passa em frente a escola onde ela estuda.

Desci as pressas, faltava dois minutos para um atraso de minha parte. Andei apressadamente até o para diante do enorme portão de ferro. O guarda já estava em sua devida posição para garantir a segurança da criançada.

Entre vários rostinhos dóceis encontrei os olhos da minha menina que buscavam pelos meus. Ela me avistou no lugar marcado e correu para um abraço.

Ah, como eu amo esse abraço.

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Boa leitura!
Beijos, Jaqueline Carvalho.

UM AMOR PARA ETERNIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora