01.

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Sempre amei quintas-feiras. Antes amava sem nenhum motivo específico, além do fato de estar mais próximo do final de semana. Mas nos últimos meses minhas quintas-feiras ganharam um motivo mais que especial, afinal, era dia de visitar e ajudar a ONG Soul Kid. Sempre que tenho um tempinho livre corro pra lá apenas para receber os beijos e abraços mais sinceros do mundo, mas todas as quintas as voluntárias da ONG faziam uma surpresa pra todas as crianças. Eu sempre tento ajudar a trazer coisas e pessoas legais para levantar o ânimo delas, mas essa semana não pude ajudar por toda a correria de início de mês. Mas minha presença, como sempre, é confirmada.

- Cate, hoje a apresentação vai ser na quadra principal, você pode organizar as crianças de sete a nove anos e depois levá-las até lá?

- Claro, Tônia - respondi para ela que além de ser uma das diretoras da ONG, dava aulas de inglês voluntariamente. - A abuela Nina já chegou?

- Já, está com os rapazes no mini camarim que tem atrás da quadra. Agora vou organizar as crianças de quatro a seis anos, não podemos atrasar! - Ela passou por mim me dando um tapinha no ombro e seguiu na direção oposta à minha.

- Olá, meus amores. - Abri a porta e me agachei, porque sabia da avalanche de abraços e beijos que eu receberia.

- Tia Cate, qual a surpresa de hoje? - Ouvi uma vozinha me chamando no meio de dezenas.

- Surpresa é surpresa! Só irão saber na hora, portanto façam filas, cada um sabe seu lugar! - Aproveitei para fazer a chamada diária e assim que terminei fomos em direção à quadra. - Podem sentar bonitinho, já já vai começar.

- Cate, a vó Nina tá te chamando lá dentro! - um dos voluntários gritou.

Uma professora assumiu minha posição e eu fui em direção ao camarim improvisado que tínhamos ali perto.

- Cate, já te entregaram as fichas? - Quando eu ia abrir a porta, Tônia puxou minhas mãos.

- Quais fichas, Tônia? Hoje eu tô completamente por fora. - Cruzei os braços e fingi estar brava.

- Da próxima você assume, não fica com ciúmes. - Rimos - As fichas são para o sorteio, porque não dá pra todas entrarem no campo! Então vamos fazer um sorteio pra treze crianças irem.

- Olha, Tônia, eu não acho isso legal. É meio injusto com as outras, poxa!

- Eu sei, também acho! Mas infelizmente acho que os rapazes não poderão ficar muito tempo aqui. A gente explica pra crianças.

- Eu não aceito! Melhor eles se apresentarem ou sei lá o que, conversar pelo microfone mesmo e por fim tirar uma foto coletiva. Aí ninguém fica de fora.

- Eu também prefiro assim, mas eu não sei quanto tempo eles realmente podem ficar aqui. Enfim, vou deixar os microfones e sons no jeito. Depois resolvemos isso! - Ela foi em direção à quadra novamente e eu me virei pronta para abrir a porta.

- Dios mío, que susto! - falei assim que a porta se abriu bruscamente.

- Disculpame! Eu vim rápido assim porque escutei sua conversa com a professora, eu e os rapazes não nos importamos em atender todas as quarenta e sete crianças.

- Você é mesmo o Cristiano Ronaldo ou só um sósia? - Eu olhei de cima abaixo pro homem muito bem vestido à minha frente.

- Depende... - Ele riu. - O que você acha?

- Pra te falar a verdade, eu não tenho que achar nada, não. O importante é tratar bem as crianças.

- Pode deixar, eu gosto de crianças. - Ele levantou as duas mãos em rendição. - E como eu disse, não me importo de atender todas. Hoje eu e os meninos estamos com o dia livre.

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