Capítulo 41

818 65 2
                                    

Semanas passaram desde a última vez que falei com Pietro. Ele ficou tão atordoado com a notícia de que éramos irmãos que pediu para ficar sozinho logo após a revelação ser dita.

Eu tentei procurá-lo nos dias seguintes, mas ele já havia recebido alta do hospital e não estava em casa. Ele mandou mensagens avisando que estava bem, mas que só queria ficar sozinho e pensar em tudo o que eu havia dito. Ele já sabia que nossa mãe estava viva, mas assim como eu, não quis saber dela. Imagino que ele esteja muito magoado com a sua rejeição.

Faltavam apenas três dias para que eu completasse oito meses de gestação. A ansiedade não cabia mais em mim, pois em questão de um mês, meu bebês estariam comigo.

As coisas entre mim e Giancarlo estavam cada vez melhores. Decidimos fazer as pazes e deixar toda a carga de mentiras e segredos para trás.

- Está como você imaginou? - ele perguntou, me abraçando por trás e colocando o queixo em cima do meu ombro.

Coloquei minhas mãos sobre as deles, que segurava com cuidado a minha barriga.

- Está perfeito. Do jeitinho que eu sempre quis.

Estavámos olhando o quarto dos bebês. Eu quis que os três ficassem no mesmo quarto, assim daria menos trabalhando quando eu precisasse acordar de madrugada para cuidar deles. Difícil foi deixar o quarto bem neutro, já que Fabrizio e Pietro dividiriam o quarto com Isabella.

O quarto era em tons de verde, azul e amarelo. As três cores bem claras, dando um ar de leveza e alegria ao quarto. O closet estava repleto de roupinhas que eu fiz questão de escolher pessoalmente com Antonella e Camila.

- Agora falta pouco. Logo nossos filhos estarão aqui nesse quarto, dormindo como anjinhos - Giancarlo comentou.

- Você acha que eles serão calminhos? Não esqueça que os trigêmeos terão sangue brasileiro correndo nas veias, Giancarlo - brinquei e ele riu.

- Fabrizio, Pietro e Isabella não nos darão trabalho. E agora... vamos fazer um piquinique? - propôs.

Me virei para encará-lo.

- Outro? Nós já fizemos um ontem. E eu já engordei o suficiente.

Ele se inclinou para frente e me deu um beijo carinhoso e cheio de amor nos lábios.

- Eu vou continuar amando você de qualquer jeito.

Eu sorri e o abracei.

Nunca na minha vida eu havia sentido tanta paz e tanta felicidade como naquele momento. O meu sonho de construir uma família estava realizado. Eu amava e era amada e dinheiro nenhum no mundo poderia pagar isso.

Afrouxei o abraço e olhei para o relógio no meu pulso.

- Tenho que ir. Combinei de encontrar a sua irmã para acertamos os últimos detalhes do chá de bebê.

- Quer que eu vá junto? - meu marido ofereceu, beijando o meu pescoço, me deixando um pouco desconcertada.

- Não, não precisa. Que eu saiba, hoje você tem uma reunião na empresa e certamente escolher lembrancinhas não é um programa tão legal.

Giancarlo assentiu rapidamente.

Senti uma vontade absurda de parar e analisar meu marido. Como ele era lindo. Eu jamais me cansaria de ver aqueles olhos escuros tão sérios que no fundo tinha um brilho de diversão secreto. Era como se eu precisasse memorizar cada parte dele. Os cabelos negros, a pele morena, as sobrancelhas grossas, a barba que crescia... Guardei todos os detalhes.

Meu celular vibrou e eu vi a mensagem de Antonella falando que já estava pronta e pediu para que eu fosse buscá-la.

- Tenho que ir. Eu te amo - sorri e o beijei.

- Eu também te amo.

Olhei uma última vez para o homem que eu amava e fui embora.

*     *     *

Da janela do carro, eu suspirava vendo a bela paisagem de Florença. Era pouco mais de duas da tarde e a cidade estava cheia de vida, com pessoas andando para lá e para cá, sempre rápidas demais.

Eu não conseguia me ver morando em nenhum outro lugar que não fosse Florença. A cidade era mais linda e encantadora do que nas fotos e havia conquistado um lugar especial no meu coração.

- Ainda falta muito? - perguntei à Loretto, o nosso motorista particular.

- Não, senhora. Daqui há vinte minutos chegaremos.

Eu assenti e voltei a recostar no assento de trás do carro.

Já estávamos um pouco mais longe da cidade, já que eu buscaria Antonella na casa de Frederico e Giordana. Os dois ainda não sabiam que eu e Pietro finalmente descobrimos a verdade. Eu achei melhor deixar as coisas assim por enquanto.

Foi então que aconteceu.

O carro que eu estava foi atingido por outro veículo e capotou para fora da pista. Eu estava usando o cinto de segurança, mas a minha cabeça bateu com força contra a janela. Eu podia sentir o sangue escorrendo pelo meu rosto. Imediatamente o meu corpo todo começou a doer, inclusive a barriga. Entrei em pânico com a possibilidade de com o acidente ter pedido os bebês.

O carro ainda estava de cabeça para baixo. Olhei para minha frente e encontrei Loretto desacordado, caído em cima do airbag. Consegui com muito esforço e muita dor alcançar a minha bolsa e pegar o celular. Eu não estava mais conseguindo ficar consciente, por isso quando liguei para o hospital quase não consegui deixar que as palavras saíssem.

- Centro Médico. Qual a sua emergência?

- Eu... eu tô grávida e... e... sofri um acidente de carro. Estou s-sangrando.

- Tudo bem, senhora, mantenha a calma. Onde você está?

- Não sei... afastada da cidade. Eu... vou perder os meus bebês? - lágrimas rolaram pelo meu rosto apenas em pensar naquilo e o pânico se instalou em mim.

- Não, a senhora não vai perder seus filhos. Estamos rastreando sua ligação. Uma ambulância chegará aí em breve. Por favor, fique comigo. Qual o seu nome?

- Letícia Agnelli - sussurrei, sentindo meus olhos pesarem e minha visão ficar escura.

- Aguente firme, senhora Agnelli... - deixei o celular cair e meus olhos fecharam-se. Pude ouvir a mulher falar do outro lado da linha: - A senhora está aí? Por favor, espere mais um pouco, estamos à caminho...

***************************
Voltei! Coitada da Letícia. Será que ela sai dessa ou vai perder os bebês? :'( Estive sumida, não foi? Bem, eu pensei que daria para postar os capítulos na terça e quinta, mas não deu. Pelo visto serão postados apenas nos sábados, porque é o único dia livre que tenho. Me desculpem pela demora!
Beijos,
Nick.

Era Uma Vez Em Florença Onde as histórias ganham vida. Descobre agora