Capítulo 7

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Giancarlo (BÔNUS):

Meu celular vibra novamente.

Vinte e seis mensagens.

Desde que a notícia de que eu estava noivo havia sido divulgada há menos de cinco horas, Adèle St. Clair, uma amante francesa que tive à meses atrás não parava de me mandar mensagens.

É claro que eu tinha dito para ela que a nossa relação não iria passar de umas noites de sexo de vez em quando, mas pelo visto ela não havia entendido.

Era impressionante como uma notícia tinha o poder de se espalhar rápido. Meu pai já tinha me ligado para agradecer e me parabenizar pelo meu casamento. Eu já estava com quase tudo pronto para voltar para a Itália amanhã mesmo.

Fechei o meu notebook e fui beber uma dose de uísque.

Eu sabia que não seria fácil, mas este noivado já está dando-me dor de cabeça.

Sento novamente na minha poltrona, bebo um pouco do uísque, fecho os olhos e inclino a cabeça para trás.

O pior de tudo isso é que eu me sentia controlado, usado. Eu não pensava em me apaixonar por ninguém, porque a minha vida inteira, eu sabia que a única mulher com quem eu casaria estava do outro lado do oceano.

Letícia.

Me surpreendi ao vê-la. Não imaginei que fosse tão bonita ou que teria tantas curvas. Eu estava acostumado com mulheres artificiais, mas ela era tão natural que parecia ter sido moldada à mão.

Meu celular toca, me despertando dos meus devaneios.

Abro os olhos e quando vejo o nome na tela, sorrio.

- Como vai o mais novo noivo da Itália? - Matteo, meu melhor amigo provoca quando atendo.

- Cale a boca. A situação não é engraçada.

- Imagino que não. - ele ri. - E então, como é a sua noiva? Confesso que estou curioso.

Fecho os olhos novamente e trinco os dentes.

- Ela é como qualquer outra mulher deve ser.

- Ora, me dê mais detalhes, Giancarlo. Somos amigos à anos, e tenho certeza que você vai dizer que ela é bonita.

Aperto os olhos com mais força. Matteo pode ser muito chato, quando quer.

- Sim, ela é bonita. Não vai ser um sacrifício tão grande ser casado com ela, se é isso que quer saber.

Se faz um longo silêncio do outro lado da linha e eu fico confuso. Afinal, ele não faz o tipo "calado". Matteo adorava falar. Por isso, quando ele ficava muito quieto assim, eu sempre desconfiava.

- Bom, só não brinque com a garota. Está bem? Tenho que ir. - ele desliga e eu fico completamente abismado com o seu comportamento.

Definitivamente, tenho que voltar para a Itália.

* * *

LETÍCIA:

Depois que Camila foi embora para trabalhar, tentei conversar com meu pai, mas ele pediu que eu o deixasse sozinho. Sei que essa história de casamento deve está sendo tão difícil para ele quanto para mim, mas eu havia tomado um decisão e não pretendia voltar a trás.

De tudo isso, o que mais me assustava é a mudança para a Itália. Eu só havia viajado para fora do Brasil apenas uma vez: em uma viagem à dois anos atrás com Camila para a casa de uma tia rica dela. Desde então, eu jamais tinha voltado a sair do país.

Levo as minhas mãos às têmporas e massageio o local.

Esse noivado vai colocar a minha vida de cabeça para baixo e eu não sei se vou poder aguentar a pressão.

O mundo de Giancarlo é muito diferente do meu. Eu não sou rica, nunca fui. Já ele, nasceu e foi criado em berço de ouro. Nunca soube o que é pegar um ônibus lotado ou aguentar grosserias do chefe. Mas eu não estava nem um pouco disposta a mudar a minha personalidade e o meu caráter para me adaptar ao mundo dos riquinhos.

"Liga a TV agora!" - Camila.

Estranho a mensagem, mas faço o que ela pede e ligo a TV.

"Em que canal?" - pergunto.

"Canal 8" - Camila.

Suspiro e mudo de canal, no começo não entendo o porquê da insistência dela para que eu veja o tal programa. É um daqueles que eu não assisto, que só fala da vida dos famosos e etc.

"- E perdemos mais um solteiro cobiçado, mulherada. O empresário italiano (muito atraente), Giancarlo Agnelli acabou de divulgar essa manhã que subirá ao altar em breve. E acreditem ou não, a sortuda é uma brasileira! A futura senhora Agnelli se chama Letícia Oliveira e é formada em Administração. Os dois embarcarão para a Itália amanhã para preparar tudo para as bodas. Para os pombinhos, nós do TV Babados, desejamos muitas felicidades e amor."

Eu olhava para a televisão com os olhos arregalados.

Eu sabia que seria apenas questão de tempo para começarem a falar do casamento, mas confesso que me assustei com a rapidez com a qual repercutiu a notícia.

Ouço um barulho estranho do lado de fora da casa. Levanto-me do sofá e vou até a porta.

Quando abro, quase caio para trás, devido o susto. Tem pelo menos cinco jornalistas e sete fotógrafos tirando fotos e fazendo diversar perguntas.

- Senhorita Letícia, é verdade que a senhorita é noiva do italiano Giancarlo Agnelli? - um deles me pergunta e eu fico petrificada, olhando para todos com perplexidade.

- Sim, eu sou a noiva dele. Mas agora quero que todos vão embora, agora! - me exalto e fecho a porta na cara deles, trancando-a com chave em seguida.

Fecho todas as janelas também. Mas quero saber como eles descobriram. Ora, como estou sendo ingênua, afinal, eles são repórteres. Repórteres sempre descobrem tudo.

Vou até a estante da sala e pego o papel com o número do meu noivo escrito.

- Letícia? - sua voz invade meus sentidos assim que ele atende.

- É, sim. Olha, tem vários repórteres e paparazzi aqui na porta da minha casa. Já mandei eles irem embora, mas eles não foram.

Ele suspira do outro lado, mas por fim responde:

- Eles vão se cansar logo. Quando viajarmos para Itália, esse assédio será menor. Não permito paparazzi na minha propriedade. Em nossa casa você terá toda a tranquilidade que lhe foi tirada, Amore.

"Nossa casa". Não pude evitar me prender nessas duas palavras. Não sei como, mas ouvi-lo dizer isso me trouxe uma sensação diferente.

- Ah... está bem. Eu vou desligar, você deve está ocupado. Hm... até amanhã, tchau. - desligo antes que ele tenha chance de responder.

Não vou cair nesse truquezinho barato. Não vou me deixar envolver com esse homem.

Era Uma Vez Em Florença Onde as histórias ganham vida. Descobre agora