— Quer conversar? — pergunto num tom de voz baixo, ele então levanta sua cabeça.

— Achei que estivesse dormindo. Não se preocupe comigo, é uma dor de cabeça, vai passar. — me aproximo lentamente.

— Se não quiser, apenas por essa condição eu não ficaria aqui.

— Sabe que eu não vou te negar. — abro um leve sorriso.

— Essa dor de cabeça tem um motivo e isso está evidente Jason.

— Achei que fosse algo natural. Mas, me diga então Ana, qual o motivo?

— Sei que você sofre pela sua relação com seus pais e irmãos. — Jason me encara.

— Por que sofrer por pessoas que não merecem?

— Essas pessoas são a sua família. Mesmo que você tente estar todo tempo forte e faça o possível para dominar a situação, em algum momento somos fracos e nos sentimos vencidos. — Jason me olha fixamente nos olhos. Precisava ser forte para falar daquelas coisas com ele.

— Não me importo mais com isso. O que não tem remédio, remediado está. A minha dor de cabeça está passando, vou voltar para a cama. — ele levanta-se e caminha, mas eu o puxo pelo braço.

— Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. — Jason toca meu nariz.

— Você é mais bonita beijando meus lábios. — sussurra e me deixa sozinha.

Como sempre as palavras ficam soltas no ar, acabo de perceber que talvez o ponto mais fraco de Jason seja a sua família. Vou para a cama depois de alguns minutos refletindo, continuava com um nó cego a respeito daquilo que jamais Jason me ajudaria a desatar.

Jason:

Procuro Ana entre os lençóis e ela já havia levantado. Tomo um banho rápido e em seguida vou para a cozinha, onde está Ellie e Ana, me aproximo lentamente e as ouço falar sobre mim, ou melhor, sobre a minha relação com a minha família.

— Jason não confia em mim para falar disso. Eu sei que isso dói muito, a família é o que de melhor temos. — falava Ana.

— Quem sabe ele não se abra com você em algum momento? Sei que ele gosta muito de você, como nunca havia gostado de nenhuma mulher. Você deve ter alguma magia. — as duas riem.

— Você acredita que um dia isso possa mudar? — pergunta Ana num tom sério.

— Essa relação nunca existiu. — diz Ellie. Ela estava certa.

— Jason jamais tentaria mudar as coisas, é orgulhoso demais pra isso. Ellie, eu quero tanto fazê-lo feliz, mas ele não pode ser feliz com esse inferno familiar.

— Ana, não desista do meu garoto. Quem o vê, não sabe o quanto ele é doce. — diz Ellie. Abro um leve sorriso a ouvindo falar assim sobre mim.

— Você o ama muito não é? — pergunta Ana.

— Jason é um dos meus filhos. — Adentrando a cozinha com um sorriso extenso.

— Minha orelha estava ardendo, será que por aí estão falando de mim? — pergunto e as duas riem.

— Se estão? Bom, nós não sabemos. Estávamos falando sobre técnicas de culinária. — diz Ana.

— Eu sei que sou saboroso. — Ana me encara e quando Ellie dá as costas, mostra a língua como Rachel costumava fazer.

Sabia que quando estivéssemos a sós Ana tocaria no mesmo assunto, minha adorável família, para Ana ainda era um mistério a nossa relação estreita e espinhosa, mas bem no fundo havia razões e mais razões para que fosse desta forma.

Dançando sobre o fogoWhere stories live. Discover now