CAPÍTULO VINTE E UM

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Vi a minha mãe no jardim com uma de suas amigas, a senhora Jones, deixei as duas conversando e fui à direção do meu quarto, estava um pouco cansado, mas acima de tudo parecia ter tirado das minhas costas uma dor. Ana voltou para ficar com Jason, estes são os sentimentos dela, que eu não mudarei. Sei que Jason a ama e depois de tantas dores eu só quero que eles fiquem bem, e sei que ficarão. Naquela manhã eu fui correr um pouco pelas ruas para me distrair, logo cheguei e fui direto para meu quarto, estava prestes a abrir a porta quando senti a mão do meu pai tocar meu braço:

— Então? — pergunto o olhando.

— Oi filho. Será que você e eu poderíamos conversar um pouco?

— Claro. — adentramos o meu quarto.

— Como está o seu irmão? — essa pergunta soa muito estranha.

— Ele está melhor. Por quê? — ele ri.

— Apenas perguntei como ele está. Qual o problema em perguntar isso? Vejo que você e ele estão se dando muito bem, não pensei que iriam chegar a isso, mas chegaram. — o encaro.

— Pois é. Nós deveríamos ter feito isso há muito tempo. Eu estou muito preocupado, essa doença que minha mãe tem, não sei o que fazer. — retruco.

— Viajarei amanhã, passarei um bom tempo fora. Espero que vocês deem o auxilio necessário para que ela fique bem. — o encaro, como assim ele vai viajar?

— Viajar? Mas, eu pensei que você fosse ajudar nisso. — ele me olha.

— E vou. Mandando o dinheiro necessário. Mas, me entenda, tenho muitas coisas para fazer. Acho que você me entende filho, você sempre me entendeu. — diz ele tocando novamente meu ombro e dando um leve aperto.

— Pois eu não entendo. — tiro a mão dela do meu ombro — Isso é muito covarde da sua parte. Deixá-la exatamente quando está doente, quando precisa de todos nós, isso é uma merda. — retruco o encarando.

— Nathaniel está parecendo um moleque birrento. — retruca dando as costas, o puxo para trás.

— Está se saindo um perfeito covarde. — ele então me empurra.

— Vá à merda! — grita. Em seguida sai do quarto e bate a porta.

Agora somos só Jason, Paul e eu. Respiro fundo, acabo de presenciar o ato mais covarde de meu pai, bem diante dos meus olhos e com a mais pura frieza. Quantas vezes a minha mãe o ajudou, quantas vezes! E olhe como o covarde paga, com o sumiço, com a indiferença.

Me destino ao banheiro, tomando um banho que me ajuda a tirar o cansaço, logo desço para falar com minha mãe. Ela continua no jardim, lugar onde ela passa quase todo o dia, muito cabisbaixa, pensativa e as vezes chorando.

— Está pensando em que? — pergunto me aproximando.

— Em vocês, meus filhos. Quando eram pequenos, tão belos. — sento ao seu lado.

— E briguentos! — retruco rindo — Claro, não que isso tenha mudado ao longo dos anos. — retruco.

— Jason e você tinham seus momentos de raiva, mas eram muito amigos. Filho, o que aconteceu pra vocês se odiarem tanto? — pergunta com os olhos cheios. Pego a mão dela e procuro olhar nos seus olhos.

— Nós não nos odiamos. Acredite em mim, eu sempre achei Jason um afrontoso ridículo, mas não o odeio. — ela toca meu rosto de forma muito terna.

— O ama? — olho pros lados.

— Estou aprendendo a voltar a amá-lo. — retruco. — E Victoria? Onde está?

Dançando sobre o fogoWhere stories live. Discover now