Parte XII

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No dia seguinte, Harry sentiu-se totalmente sob controle de suas emoções. Sua autoconfiança era tanta que quando Louis saiu para recolher as folhas das árvores na grama do jardim, ele resolveu fazer algo que vinha adiando havia meses.

Decidido, entrou no escritório de Louis e foi direto ao telefone. Após um breve momento de hesitação, digitou o número do telefone de sua mãe.

Segurou o aparelho com mais força, enquanto esperava que Anne atendesse. Vários toques depois, começou a se impacientar. Sua mãe sempre deixava que o telefone tocasse inúmeras vezes antes de atendê-lo. Dizia que tinha de manter a imagem de estrela, dando a entender que era uma pessoa ocupada demais para atender o telefone ao primeiro toque.

— Alô?

— Olá, mamãe.

— Oh, olá, Harry — respondeu ela, sem disfarçar o tom de desapontamento na voz. — Nem imaginei que fosse você. Como está conseguindo sobreviver nessas terras selvagens de Doncaster?

Na opinião de Anne, os únicos Estados dignos de consideração eram os que tinham algum estúdio de cinema.

— Estou bem, Anne. — Harry respirou fundo. — E grávido.

Seguiu-se um silêncio do outro lado da linha. Harry sentiu um frio no estômago, enquanto esperava a reação da mãe. Conteve a vontade de chorar ao ouvir o riso irônico de Anne.

— Ora, confesso que isso eu não esperava — disse ela. — Se você tivesse dezesseis anos, sim, mas já não é mais um adolescente. Pretende... tomar alguma providência?

— Se está sugerindo um aborto, a resposta é "não" — respondeu Harry, sem hesitar. Acariciando a barriga, acrescentou: — Pretendo cuidar sozinho da criança.

— É uma atitude admirável, meu bem. Mas tem certeza de que é isso mesmo o que quer? Onde está o pai da criança?

— Está na cidade, mas não estamos comprometidos.

Se bem que não fora isso que parecera na noite anterior, pensou ele.

— Bem, se o rapaz não é alguém importante não vale mesmo a pena querer ficar junto dele.

Harry preferiu nem se dar ao trabalho de responder ao comentário da mãe. Anne continuava tão prepotente quanto antes.

— Bem, liguei apenas para lhe dar a notícia de que será avó — avisou.

— Oh, meu Deus! — A voz de Anne denotou verdadeiro horror diante da ideia. — Não posso ser avó tão cedo! Tenho apenas...

— Quarenta e nove anos — completou Harry.

— Quarenta e um. Acha que aquele produtor teria me chamado para fazer o papel de uma jovem mãe se eu fosse uma velha?

Harry não se preocupou em responder. Nada faria Anne admitir sua verdadeira idade ou o fato de que fazia muito tempo de que nenhum produtor a chamava para fazer um filme. Para alguém "normal", era difícil viver no mundo de fantasia que Anne insistia em criar em torno de si.

— Sendo assim acho melhor você voltar para casa — declarou Anne.

— Vou continuar aqui, mamãe.

— Querido, tenha bom senso. Também preciso de você aqui. Além do mais, como vai cuidar sozinho de um recém-nascido?

Harry se recusou a ceder às imposições da mãe.

— Não vou voltar — disse, com firmeza.

Anne suspirou.

— Então, meu conselho é que convença o pai da criança a se casar com você. Tem a arma perfeita para usar contra ele: sentimento de culpa. Funcionará com perfeição, pode acreditar. Mesmo que o casamento não dure, pelo menos terá conseguido algo dele.

Baby on the way l.sDonde viven las historias. Descúbrelo ahora