Capítulo 5

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Mina perdeu de vista Hunter e o homem que ela imaginava ser um novato na agência. Tocou o ombro de Loki sinalizando e ele atravessou a rua ainda correndo.

— Espere, espere. — Disse puxando-o pelo casaco.

Ofegantes os dois encostaram-se na parede de um pequeno prédio.

— Vamos subir.

Disse a morena e, sem dizer mais nada, Mina guardou sua arma nas costas e começou a escalar uma parede com a facilidade de uma lagartixa. Loki observou por alguns segundos impressionado. Ela parou no topo, e olhou para baixo.

— Venha logo, eu ajudo.

Estendeu a mão para ele que sem demora escalou a parede, agarrou a mão dela e ela puxou-o com força para cima.

Olhou para o telhado do prédio ao lado, disparou novamente correndo e deu um salto poderoso aterrissando suavemente no telhado plano. Loki fez o mesmo.

Ela fez sinal para que ele fizesse silêncio e caminharam ate a beirada do prédio. Desceram pela escada de incêndio ate chegar à janela do primeiro apartamento.

Sem sequer ser notada, a bela mulher abriu cuidadosamente a janela que já estava entre aberta adentrando o imóvel. Ao dar alguns passos para dentro um homem alto apareceu e Mina sem hesitar socou seu queixo fazendo-o cair inconsciente. Em seguida uma mulher também apareceu e dessa vez Loki a agarrou tapando sua boca antes que ela pudesse gritar e segurou seus braços para trás.

Mina fechou a janela cuidadosamente e virou-se para os dois sorrindo. Aproximou-se bastante do rosto deles para falar. Loki podia até sentir seu perfume, algum tipo de aroma de flores.

— Bom dia, importa-se de passarmos um tempo aqui?

A mulher apavorada tentava falar algo inutilmente.

— Acho que ela disse que podemos ficar a vontade.

Falou sorrindo para Loki e os olhares se cruzaram pela segunda vez aquele dia. Ele estava definitivamente impressionado com aquela mulher. Ela cheia de segredos e mistérios, ele um Deus atormentado por seus demônios, uma combinação explosiva.

Traga ela para sala.

— E o homem?

— Ele vai dormir por algumas horas.

Caminharam para a sala, a mulher se debatia desesperada. Mina puxou um lenço da parte interna do casaco se aproximou dela novamente.

— Shhhhh... — disse olhando nos olhos da mulher que parecia ter a mesma idade que ela, apesar de ser mais baixa — Vai ficar tudo bem querida.

Após amordaça-la e amarrar as suas mãos. Mina ficou a vontade. Tirou primeiro as luvas e depois o casaco. Foi ao banheiro e se recompôs da corrida intensa, e só então percebeu que Loki a encarava.

— O que houve? Você esta bem? Precisamos trocar esse curativo.

Ela se aproximou dele e quando estava prestes a tocar sua testa ele segurou sua mão.

O toque da pele dele fez Mina se arrepiar novamente.

— Precisamos ir embora. — Ele disse.

— Nós vamos, nossa carona vai chegar logo. Porque não descansa e me deixa trocar isso?

E então Loki viu aqueles grandes olhos castanhos fixados aos seus, ele se sentiu vivo como nunca havia se sentido antes. Soltou a mão dela depois de perceber que o clima ficara estranho e acenou positivamente para ela.

Mina pegou um kit de primeiros socorros no banheiro do pequeno apartamento e começou a trocar o curativo na testa do asgardiano.

Há muito tempo Loki não se sentia tão interessado por alguém, ele estava confuso. Mina tentava se concentrar na tarefa, mas era difícil, aquela face além do olhar perigoso ele emitia um sinal de alerta para qualquer um se afastar. E ele era lindo, agora ela já estava admitindo isso para si mesma. O porte alto, o corpo levemente musculoso, os ombros largos, os lábios finos e o sorriso.

Ela terminou o curativo e observou por alguns segundos antes de quebrar o silêncio constrangedor.

— Está bem melhor! — sorriu para ele.

Outro silêncio constrangedor por um longo tempo ate que ele falou.

— Quanto tempo vamos ficar aqui?

— Não muito. Você devia comer alguma coisa.

Mina acenou em direção a cozinha do apartamento.

— Estou bem.

— Você é sempre tão teimoso assim? Incapaz de aceitar o que os outros falam. Ou é apenas comigo?

Loki a olhou por alguns segundos antes de responder, e percebendo a hesitação dele Mina virou-se na sua direção novamente.

— Apenas não gosto de receber ordens de... Outras pessoas.

— De uma mulher você quer dizer.

Ele deu de ombros.

— Entenda como quiser.

O tempo se arrastou e o único som na casa era o choro baixinho da mulher amordaçada.

Algum tempo depois Mina caminhou ate a janela para checar a rua e com os pés empurrou o corpo desmaiado do homem no chão. Com cuidado ela olhou para fora.

Loki a seguiu e tentando ver algo se aproximou ficando ainda mais perto do corpo de Mina respirando próximo ao seu rosto fazendo-a estremecer. O perfume da pele dela estava irresistível para ele. E sem perceber o que estava fazendo seu nariz fino e reto traçou cuidadosamente o pescoço feminino, alcançando sua orelha.

Mina se arrepiou e virou-se para ele encostando os narizes.

— O que você está fazendo? — sussurrou contra seus lábios.

— Eu não faço ideia. — disse tocando o rosto dela suavemente.

E Mina colou os lábios aos dele.

A maciez dos lábios do asgardiano a fez suspirar. Com a mão livre Loki a puxou pela cintura fina para mais perto de si. Ao sentir a língua quente dele tocar seus lábios ela abriu a boca vermelha e sugou-a. Os dedos finos embrenharam-se nos cabelos negros dele puxando-o. A mão esquerda de Loki desceu suavemente para os quadris da mulher apertando num ponto estratégico. Ela suspirou novamente ao sentir o toque.

Os lábios dele descolaram ofegantes dos dela, e desceram pela mandíbula até o pescoço.

— Está escutando isso? — ela perguntou quando Loki mordia levemente seu queixo.

— Não escuto nada.

— Exatamente. — ela mordeu o lóbulo da orelha dele fazendo-o soltar um gemido baixinho contra seu rosto.

— Espere um minuto.

Ele assentiu com um sorriso travesso.

Mina se inclinou para a janela e com o susto voltou rapidamente olhando para ele.

— Eles estão aqui!

Mina puxou Loki pelo casaco para a sala. Ambos olharam juntos para a mulher que observava tudo com os olhos arregalados.

— Qual o plano?

— Correr, nossa carona deve esta próxima, mas não vai poder chegar aqui com eles ai fora — ela vestia o casaco enquanto falava.

— E então?

— Vamos nos separar.

— O que?

— Vou sair pelo telhado e atrair a atenção deles...

— Não!

— O que? — a morena questionou, as luvas já devidamente colocadas. — O que conversamos sobre você me obedecer?

— Vamos juntos! Tenho obedecido você nas últimas trinta horas sem hesitar, mas agora chega. Não vamos nos separar.

Os olhares se cruzaram novamente, ela não sabia o que estava acontecendo, mas assentiu com a cabeça.

— Ótimo. Agora, você pode nos tirar daqui ou não?

Mina sorriu de canto.

Ela tirou um objeto metálico da parte interna do casaco e Loki começou a imaginar o que mais ela escondia ali.

— Vamos pelos fundos. Juntos!

— Quantos você acha que...

— Uns dez pelo menos, vamos ter que esperar eles atacarem. Pronto?

— Vamos embora! — ele disse sorrindo.

Mina se aproximou da mulher que ainda observava tudo com olhar desesperado, e deu um soco no seu nariz tirando um pouco de sangue e deixando-a tão inconsciente quanto seu companheiro.

A dupla se aproximou a uma distância segura da janela e puderam ver quando metade dos homens entraram armados. Um helicóptero sobrevoava o prédio e Mina fazia cálculos mentais de quantos segundos ela teria para tirar Loki dali.

— Vamos!

Os dois correram para a porta com Mina seguindo na frente. Passaram pelos corredores e podiam ouvir os homens baterem de porta em porta atrás dos dois, desceram pelas escadas pulando os degraus. Quando Loki finalmente acompanhou o ritmo de Mina ela parou.

— O que houve?

Ela fez um gesto para que ele fizesse silêncio. E se aproximou do seu ouvido sussurrando.

— Continue e me espere na esquina da próxima quadra.

— Não! — ele sussurrou de volta segurando firme na mão dela.

— Encontro você lá fora.

Ele franziu a testa visivelmente contrariado e deslumbrado com aqueles olhos tão diferentes que o encaravam, aquela cor, aquela destreza, ele nunca vira aquilo antes.

— Encontrarei você lá, prometo.

Os olhares fixos numa conexão que ambos jamais sentiram.

— Espere um minuto e saia depressa.

Ele assentiu, e observou a mulher pular a janela para a escada de incêndio.

Pendurou-se para fora silenciosa e observou os agentes que estavam nos fundos do prédio. Conferiu seu pulso rapidamente e saltou para o chão.

The JourneyWhere stories live. Discover now