Capítulo 4

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Após duas horas de voo o helicóptero pousou no alto de um prédio no centro de Chicago. Ainda faltavam algumas horas até o nascer do sol quando Mina e Loki entraram em um carro que parecia já estar esperando por eles.

Ele não compreendia muito bem porque todos serviam e pareciam ter medo daquela mulher. Mina olhava para a rua quase deserta quando algo no rosto de Loki chamou sua atenção. O homem de cabelos escuros estava visivelmente cansado. Ela olhou bem no rosto dele analisando mais uma vez. Viu inteligência, dureza nas linhas de expressão, mas ele era bonito, as maçãs do rosto acentuadas o olhar profundo e intenso. Mina voltou rapidamente os olhos para a estrada quando percebeu que estava olhando de mais.

Os dois desceram do carro, ela caminhava na frente Loki a seguia de perto, entraram em um restaurante aparentemente fechado. Mina apontou para uma mesa, o asgardiano entendeu o recado e sentou-se na última mesa no canto, próximo a uma saída de emergência.

Ela permaneceu em pé conversando com um homem ruivo e Loki pode ter um vislumbre de todo seu corpo. Ela era interessante, o cabelo cacheado escuro preso em um rabo de cavalo, os olhos castanhos dourados tinham um brilho que chamava a atenção dele. Os lábios carnudos formavam um biquinho extremamente sensual. Ela era um pouco mais alta do que a maioria das mulheres, tinha as pernas compridas, e uma postura elegante. Tinha um senso de humor sarcástico e era quase tão inteligente quanto ele. Ele desviou o olhar para a rua olhando pela janela de vidro observando o nevoeiro que baixava com a proximidade do dia que chegava.

Nesse momento dois homens irromperam pela porta dos fundos como em uma cena de faroeste, um homem mais velho os seguia e abriu um pequeno sorriso quando viu Mina em pé ali no meio do restaurante.

— Mina! — disse parecendo feliz em vê-la — Você é um colírio. Mas pensei que nosso encontro era mais tarde.

— Tive um imprevisto e vim mais cedo. Algum problema?

— Nem um, vamos fazer negócio.

Mina deu um passo para o lado deixando que os homens abrissem as malas e conferissem o material. Eram armas, mas não armas comuns, era tecnologia alienígena, perigosa e muito valiosa.

— Parece que esta tudo aqui. — o homem sorriu satisfeito.

A aparência dele era a de um senhor de no máximo cinquenta anos, baixo e trazia uma cicatriz no alto da testa bem visível já que ele tinha pouco cabelo.

Ele fez sinal para um de seus homens que trouxeram um tablet, virou o visor para a mulher e clicou rapidamente em cima do botão transferir, e graças à ótima conexão rapidamente Mina estava um milhão de euros mais rica.

— Obrigada. — Falou estendendo a mão para o homem.

— É sempre um prazer fazer negócio com A Condessa.

Ele sorriu apertou sua mão rapidamente e sumiu pela mesma porta que entrou sendo escoltado por seus homens.

Mina caminhou até a mesa onde Loki observara tudo em silêncio. Sentou-se na frente dele soltando o ar dos pulmões.

— Nada como contrabando de armas logo cedo para abrir o apetite — Loki não pode evitar o pequeno sorriso que se formou em seus lábios. — Vamos comer algo e sumir daqui, nossa vantagem não é boa.

— Você vende tecnologia alienígena? Aquilo é perigoso para seu povo.

— Bom. Espero que ele saiba usar aquilo. São roubadas, então não acompanha manual.

— Você realmente não se importa com a vida das pessoas?

— Vindo de você essa pergunta é muito estranha.

— Tem razão.

O homem ruivo parecendo estar nervoso com alguma coisa colocou café e pãezinhos na mesa e saiu apressado.

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Não muito longe dali Walsh atualizava Coulson e a equipe sobre a missão.

— Uma câmera pegou uma imagem deles em Chicago a menos de duas horas, 73% compatível. — falou apontando para o monitor.

— Vamos pegá-los! — Coulson disse saindo da sala.

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— Então, porque fugiu de Asgard?

— Longa história — ele segurou a xícara pela asa brincando um pouco com a mesma — Tenho alguns problemas familiares, você não entenderia. E você por que odeia tanto a SHIELD?

— Triste história. — Mina apanhou o bule de café sobre a mesa, encheu a xícara de Loki e depois a sua própria — Você não entenderia. Pretende mesmo voltar para Asgard?

— O mais rápido possível.

Mina queria saber mais sobre ele, mas preferiu encerrar o assunto e continuou comendo em silêncio. De repente a jovem se virou na direção da cozinha e observou por alguns segundos. Estava tudo quieto de mais, o sol já havia nascido e às pessoas começavam a aparecer nas calçadas, mas o restaurante permanecia fechado. Em seguida encarou Loki com um sorriso de canto.

— Sabe usar uma arma?

— Desculpe. O que?

Ela puxou uma pistola automática da parte interna do casaco e entregou a ele.

— Curso intensivo, destrave aqui, mire, aperte o gatilho. Mate qualquer um que estiver no nosso caminho.

— Do que esta falando?

Perguntou confuso.

— Apenas faça o que estou mandando.

— Você sabe com quem está falando? — Loki questionou ofendido.

— Um Deus, um príncipe, não me interessa quem você é. Se não for capaz de seguir ordens, não vamos mais gastar o tempo do outro. Como está sua cabeça?

— Está bem, eu acho.

— Ótimo, vamos precisar correr.

Mina deu um último gole no café.

Loki bufou pela vigésima vez desde que se aliou aquela mulher, as coisas não poderiam estar piores, pensou ele, agora ele recebia ordens dela o tempo todo.

Revirando os olhos e encarando aquela figura tão interessante e irritante ao mesmo tempo, ele tentava se concentrar. Entretanto, lá estava ele, sentado impacientemente em uma mesa comendo pãezinhos.

A porta dos fundos finalmente abriu e Mina se virou tão rápido que Loki quase não acompanhou seu movimento até escutar o barulho seco do tiro que ela disparou no homem ruivo. Ele caiu com uma bala no meio da testa.

— A porta atrás de você. Vai!

Três homens asiáticos passaram pela mesma porta que o primeiro pulando o corpo estendido na passagem.

Atirou mais três vezes acertando novamente o meio da testa de cada um e virou-se para a porta que Loki já havia atravessado.

Do lado de fora ele a esperava ansioso.

— O que foi isso? SHIELD?

— O que? Não. Não é o estilo deles. Alguém avisou a máfia chinesa que estou na cidade – Ela olhou para a arma conferindo o pente — Tenho alguns inimigos além da SHIELD. Abaixa!

Gritou e atirou mais duas vezes, Loki mal conseguiu ver quem eram dessa vez.

— Vamos!

Mina caminhou puxando-o apressada para fora do beco ao lado do restaurante para o qual dava a saída de emergência. Ao aparecerem na rua mais alguns homens caminhavam na direção deles.

— Corra!

Ele obedeceu novamente e eles correram pelas calçadas agora bastante movimentadas do centro de Chicago. Os homens os perseguiram de perto, porém sem poder atirar. Em um movimento impensado, Loki puxou o casaco de Mina e ambos entraram em outro restaurante. Ele corria na frente dessa vez e trombou em uma bandeja fazendo algumas torradas voarem, Mina não conteve o riso e gargalhou mantendo o ritmo da corrida.

— Olhe por onde anda! — ela gritou ainda com o sorriso nos lábios.

Sem perceber eles deram as mãos entrelaçando os dedos enquanto desviavam de mesas e garçons atravessando o salão lotado. Passaram pela cozinha e antes de atravessarem a porta dos fundos olharam para trás para ter certeza que não eram seguidos, do lado de fora Loki tropeçou em um degrau e Mina o segurou apoiando seu corpo ao dele. Os narizes se tocaram.

O contato a fez se arrepiar. Ele se afastou relutante encarando seu olhar dourado e intensos. Os dois respiravam ofegantes.

— Estamos a salvo? — perguntou enquanto arrumava o casaco.

— Nunca estive a salvo em toda minha vida. Acredite. — ela sussurrou.

A mulher se recompôs e caminhou outra vez saindo do beco.

— Olá Mina.

A voz de Coulson a assustou vinda do outro lado da rua.

— Agente Coulson. Como vai?

Mina sorriu para o agente que a encarava e rapidamente começou a traçar um plano de fuga na sua cabeça.

— Então você esta mesmo vivo? — Loki surgiu atrás dela e o agente franziu a testa lembrando-se da sua quase morte pelas mãos do asgardiano.

— Loki, temos ordens de prendê-lo e mandá-lo de volta para Asgard imediatamente.

— Como se atreve? Não recebo ordens suas. — disse mantendo o tom altivo.

— Mina esse homem que está protegendo quase destruiu Nova Iorque.

Ela riu balançando a cabeça negativamente.

— Não tente isso. Não apele para a minha consciência. Eu não me importo.

— Entregue o Loki e perdoaremos seus crimes de traição. Que tal esse acordo?

— Não vai acontecer.

— Não podem fugir pra sempre.

Mina e Loki se entre olharam e novamente ele entendeu a mensagem, os dois atiraram na direção de Coulson que se escondeu desviando das balas. A dupla recomeçou a corrida intensa. Walsh, Hunter e mais dois agentes agora estavam perseguindo os fugitivos de perto com ordens de não feri-los gravemente. Mina apontou sua arma para os agentes que tentavam cercá-la e atirou acertando dois homens que ficaram pelo caminho.

— Continue correndo, quando eu mandar você vai atravessar a rua. — disse se virando para Loki.

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— Ela os matou? O que a impede de nos matar também?

Hunter questionava Walsh enquanto os dois tentavam desviar das pessoas na rua.

— Nada. Ela enlouqueceu. Além de trair a agência está matando os ex-companheiros.

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