Capítulo 7

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Ambos nem notaram quando a noite vagarosamente virava dia e os primeiros tímidos raios de sol preenchiam o ambiente.

— Posso perguntar sobre seus pais?

A pergunta a pegou desprevenida. Mina já havia percebido que Loki estava acordado quando ela se mexeu na cama e ele se ajeitou aconchegando-a novamente em seus braços. Mas não esperava que ele fosse o primeiro a falar.

Eles não se largaram durante a noite, dormiram abraçados e em um silêncio cúmplice como se tivessem medo de estragar aquele momento.

— Claro que pode — declarou fazendo um carinho no peito dele.

Alguns segundos se passaram e ela permaneceu calada, até que ele falou novamente.

— E então?

— Eu disse que você podia perguntar, não que iria responder.

Levantou o rosto para ver a reação dele e ficou satisfeita ao ver um pequeno sorriso em seus lábios finos. Devagar ela colocou os cabelos atrás das orelhas e encostou o ouvido no peito dele, podia escutar o coração batendo e fechou os olhos sentindo-se relaxada.

— Não há muito que contar, eles morreram — Fechou os olhos forçando-se a espantar uma lembrança dolorosa — Eu era muito nova quando minha mãe se foi primeiro, cresci distante do meu pai que estava o tempo todo trabalhando, entrei na agência muito cedo, com o tempo meu pai começou a desconfiar de algumas pessoas na SHIELD e acabou sendo morto. E então eles deixaram a Hydra derrubar a agência. Felizmente eu saí de lá antes de afundar junto com eles. Desde então tento sobreviver por conta própria.

No fundo Mina sempre se sentiu sozinha, e aprendeu muito crescendo sozinha. A não chorar. A nunca confiar em ninguém e a odiar a SHIELD.

— Da maneira como vejo você esta se saindo muito bem. É forte, decidida e determinada.

— Isso foi um elogio?

Mina apoiou o queixo no peito dele e encarou seu rosto.

— Sinta-se livre pra entender como quiser.

Os dois riram e Loki puxou-a para cima beijando seus lábios devagar.

— Preciso fazer umas ligações, decidir como saremos daqui.

Mina levantou-se da cama e Loki franziu a testa em desagrado.

— Nós não podemos baixar a guarda. Sinto muito. Levante-se, vamos tomar um banho.

\\\

Juntos na cozinha Loki vestia roupas maiores que ele e de braços cruzados sentou-se a mesa enquanto Mina vestida em um conjunto de moletom preparava um café. Os cabelos presos em um coque no alto da cabeça, alguns fios caindo no seu rosto, ele a observava com um olhar carinhoso, como se adorasse a uma imagem sagrada.

— O que é? — perguntou ela quando percebeu que ele a encarava de um jeito diferente.

— Nada. Apenas observando você.

— Sente-se melhor?

Questionou colocando o bule de café na mesa.

— O que quer dizer?

— Bem, você disse que estava ferido e fraco, por isso não podia usar seus poderes — Mina encheu a xícara dele com café e depois a sua — E então você está melhorando?

— Eu acho que sim, mas ainda não estou completamente recuperado.

— Então a nossa fuga não termina hoje

Mina mantinha o olhar na sua xícara.

— Você quer que termine? Obviamente quer livrar de mim.

Os dois se entre olharam por um instante e novamente desviaram o olhar. Loki depositou a xícara na mesa e cruzou os braços novamente encostando-se na cadeira.

— Não, Loki, você está enganado. Não quero me livrar de você. Mas acredito que em Asgard você estará mais seguro.

— Você nem sequer perguntou por que estou fugindo.

Mina deu outro gole no seu café e sorriu para ele.

— Não é da minha conta. Pelo que sei você e sua família tem problemas que só podem ser resolvidos por vocês. Toda essa perseguição aqui na terra não faz sentido. A sua situação é complicada, como você se sente em relação a isso é algo que ninguém compreende de verdade então ninguém tem direito de julgar.

Ele inclinou um pouco a cabeça para a esquerda analisando o rosto dela. Nunca ninguém havia o compreendido, era estranho. Ela continuou falando quando notou que ele não responderia.

— A sua mera existência parece ofender a SHIELD, acho que eles queriam eliminá-lo logo após Nova Iorque. E aqui está você novamente causando. Então ajudar você é meu jeito de desafiá-los.

— Obrigada, Mina, mas é só isso? Você está fugindo também.

— Eles não querem me pegar de verdade. Já poderiam ter me matado tantas vezes. Jamais me pegaram viva, eles sabem disso, mas nunca vão admitir. Não podem me matar. Sou o monstro que eles criaram, acredito que no fundo Coulson tem esperança que eu volte para a agência para continuar espionando e matando para eles.

Loki franziu a testa.

— Você não me parece um monstro. Porque não recomeça sua vida?

— E você? Porque não pede perdão a sua família e volta para casa?

Os dois se entre olharam novamente. Aquelas perguntas não precisavam de resposta. Eles sabiam, eles entendiam um ao outro sem precisar de muitas palavras.

Mina levantou-se devagar pegando as xícaras e colocando-as na pia.

— Vou fazer uma ligação, resolver para aonde vamos, precisamos continuar viajando.

Ela sentou no sofá ainda coberto com um lençol e falou por alguns minutos no celular, Loki a observava pensativo, ele estava cada vez mais confuso sobre as sensações que aquela mulher o causava.

— Tudo resolvido. Vamos partir em algumas horas, então... devemos nos preparar.

— Claro — ele disse levantando-se da cadeira e seguindo em direção as escadas.

Ao passar por ela, Mina segurou-lhe a mão. Olhou para ele, e os dois se fitaram intensamente. Eram as últimas horas que teriam sozinhos. Em seguida, ele apoiou com delicadeza as mãos no rosto dela e beijou-a. Mina acolheu com excitação a língua dele. Teve um breve lampejo de sanidade e voltou à cabeça para o outro lado.

— Loki isso é loucura. Não temos espaço nas nossas vidas para isso. Além disso, você voltará para Asgard em breve e...

Ela parou de falar quando os lábios quentes tocaram seu pescoço suavemente.

— Acho que agora é tarde demais... Já estamos na vida um do outro.

As mãos dele penetraram por baixo do moletom e lhe acariciaram as costas. Mina estremeceu. As mãos grandes apertaram deliciosamente seus seios antes de descerem muito devagar para a cintura. Ele simplesmente adorava tocá-la, adorava a sensação da pele quente, sedosa, quase aveludada embaixo de suas mãos.

Eles não se entendiam muito bem, raramente concordavam em algo. Brigavam quase sempre. Mas, apesar das diferenças, tinham algo importante em comum: ambos traziam uma sombra em seus corações.

Loki tinha razão, já estavam muito envolvidos. Ela não protestou quando ele a carregou para o quarto e a colocou na cama. Sentou-se ao lado dela e lentamente saboreando cada instante ele retirou suas roupas expondo o corpo nu, em seguida pressionou os lábios no ventre dela arrancando um gemido de sua boca.

[...]

Pouco a pouco ela acordou esticando-se na cama. Loki tinha um dos braços ao redor dos ombros de Mina, o outro sob a própria cabeça.

— Bem-vinda de volta — disse ele.

Ela moveu o corpo bem devagar contra o dele. Sentia-se feliz, mas sabia que aquilo não poderia durar. Uma pontada de medo fez doer o seu estômago. Estava arriscando sua liberdade para proteger um homem e apaixonou-se por ele. Não havia caminho de volta para aquilo que estava sentindo. Contudo, não desejava amar aquele homem. Havia muita coisa entre os dois.

— Mina?

— Muito obrigada por isso — sussurrou esfregando o rosto no peito dele — mas precisamos ir.

Ele a apertou contra seu corpo fechando os olhos como se quisesse guardar aquela sensação na memória. Ele nunca havia sentido aquilo antes, era bom e, ao mesmo tempo assustador. Ela acolheu o abraço respirando fundo.

— Sei o que está pensando — disse ela, encarando-o — Entendo o que está sentindo, mas precisamos mesmo ir embora daqui.

Levantou-se primeiro enrolando-se no lençol e foi em direção ao banheiro.

\\\

Coulson olhava os monitores impaciente desesperado por informações que o levassem aos fugitivos.

— Senhor? Posso entrar?

Walsh despertou o diretor dos seus pensamentos e entrou na sala quando ele assentiu com a cabeça. Ele trazia um tablet na mão e um olhar determinado em seu rosto.

— Descobriu alguma coisa?

Perguntou ansioso.

— Sim senhor, passei a noite inteira olhando as fichas dela, todo histórico desde o dia em que ela nasceu e...

— Espere, eu pedi que olhasse desde que ela entrou na academia da SHIELD.

O diretor franziu a testa para o rapaz.

— Sim, mas eu achei que deveria ir mais a fundo, para tentar descobrir algo. E eu estava certo.

Declarou vitorioso entregando o tablet para o homem que o encarava descrente.

— O que descobriu? Fale de uma vez.

— Mina viveu em Chicago antes da morte da mãe, só depois disso ela e o pai se mudaram para Nova Iorque. Isso não estava na ficha, tive que buscar em outras fontes, acontece que a casa ainda esta no nome do pai dela.

Coulson entendeu o recado e devolveu o aparelho para o agente.

— Acredita que eles estão lá?

— Sim senhor. Mas acredito também que não ficaram lá muito tempo, tomei a liberdade de mandar vigiar a casa e segui-los quando saírem de lá.

— Boa ideia. Muito bem Walsh, deixarei você cuidar disso. Mantenha-me informado.



Mina e Loki chegaram ao ponto de remoção, entraram em um carro e foram em direção a uma pista de pouso particular nos arredores da cidade.

— Para aonde vamos dessa vez?

Loki perguntou curioso enquanto entravam num pequeno avião.

— Como precisávamos sair logo o único voo que estava saindo era para Nova Orleans. Então aperte o cinto.

Ela sorriu para ele agarrando sua mão.

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