Capítulo 1

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A noite estava fria em Nova Iorque, era inverno e uma fina neve insistia em cair cobrindo ruas, calçadas e carros, e assim prendendo milhares de nova iorquinos em suas casas. O Central Park estava silencioso quase assustador em um clima gótico. A escuridão foi dando lugar a um estranho clarão vindo não se sabe de onde e o silêncio foi quebrado por uma explosão rápida como um raio atingindo o centro de uma clareira e espantando alguns pássaros.

A silhueta de um homem surgiu por entre a fumaça que sumia devagar, as roupas exageradas em um tom de verde-escuro o elmo dourado, Loki estava de volta à cidade que ele quase destruíra por completo. Ele olhou ao redor se certificando de estar sozinho e deu dois passos a frente cambaleando, ele estava fraco. Respirou fundo antes de caminhar mais um pouco e com a pouca magia que lhe restava se disfarçou como um comum cidadão de Nova Iorque com calças e camisa escura e sobretudo preto.

As luzes também estavam acesas em alguns bares ao redor do parque, mas pouquíssimas pessoas vagavam pelas ruas.

Loki sabia que era inimigo público número um de Midgard, a tão amada Terra de seu meio-irmão Thor, mas ele não conseguiu pensar em outro lugar para fugir. A lua ainda estava soberana no céu quando Loki caminhou sem rumo em busca de algum antigo contato que pudesse lhe ajudar.

Longe dali, fora da cidade, numa escuridão semelhante outra silhueta se destacava, uma mulher vestindo um casaco pesado e um capuz que escondia parte do seu rosto. Sua pele negra em um tom chocolate tinha um bonito brilho sob aquela pouca iluminação da rua, seus lábios carnudos destacavam-se em um biquinho que demonstrava sua impaciência. Não era baixa, possuía pernas compridas e sua postura intimidava. Mina estava ali parada, mãos enfiadas nos bolsos do casaco respirando com dificuldade no frio. Na sua frente havia um homem que mexia em uma mala apressadamente e atrás dela havia um carro com um motor ligado pronto para partir.

— Não é que eu não confie em você Mina. Mas preciso conferir. — disse o homem parecendo estar nervoso. A jovem sorriu de canto.

— Não tem problema, você seria idiota se confiasse em mim.

O homem assentiu nervoso fechando a mala. Pegou outra mala ao seu lado deu alguns passos e colocou na frente da mulher.

— Está tudo certo, ai está seu pagamento em dinheiro vivo, dois milhões de libras.

— Não preciso contar não é mesmo? — sorriu novamente.

— De jeito nenhum eu jamais tentaria enganar você. Eu não faria isso. — disse tentando disfarçar a tensão na sua voz.

— É claro que não faria — Mina retirou uma das mãos do casaco e apanhou a maleta no chão — Foi um prazer negociar com você.

Virou-se e caminhou rapidamente para o carro entrou e bateu a porta.

O motorista arrancou rapidamente fazendo barulho com os pneus. Mina abaixou o capuz e devagar retirou as luvas que usava, nesse momento seu celular vibrou e ela encarou o visor franzindo a testa.

— Pensei ter dito pra você nunca mais ligar para mim.

— Me perdoe Mina, eu não ligaria se não, fosse algo importante. — disse o homem do outro lado da linha.

— Você tem um minuto.

— Um antigo contato me procurou, há um homem em Nova Iorque, ele precisa de proteção, uma escolta por três ou quatro dias. Ele paga muito bem e em pedras preciosas e pediu pelo melhor mercenário.

— Não gosto desse termo tão vulgar. Mina se ajeitou no banco de couro do carro recostando-se.

— Me desculpe não quis ofender. Mas você é a melhor.

— Obrigada, mas não obrigada.

— Tem mais uma coisa... — o homem fez uma pausa e quando não obteve resposta ele continuou — ele está fugindo da SHIELD. Mina ergueu as sobrancelhas e um fogo acendeu em seus olhos castanhos.

— Mando uma mensagem com o local do encontro. — disse desligando o telefone.

No dia seguinte já era começo da tarde quando Mina patinava em um lago congelado no centro de Nova Jersey, havia algumas crianças ali, mas o lugar estava calmo e até mesmo silencioso. Um vento frio balançava seus cabelos que insistiam em tapar seus olhos. Ela tinha boas, porém, dolorosas lembranças do inverno, pensamentos que ela tentava afastar todos os anos quando a neve começava a cair.

O contato disse que Mina reconheceria o homem misterioso imediatamente, pois, se destacaria na multidão. Impaciente olhou no relógio mais uma vez. Ele estava atrasado para o encontro. Suspirou mais parando no meio do lago e olhou ao redor percebendo a aproximação de alguém. Um homem com roupas escuras e olhar preocupado. Ele trazia uma expressão altiva no rosto, ele com certeza não pertencia aquele cenário. Mina se aproximou devagar da beira do lago para fazer contato.

— É você quem estou esperando? — disse em voz baixa com um leve sorriso.

— É você quem disseram ser o melhor homem para o trabalho? — ele a analisou dos pés a cabeça.

— Uma mulher? Mina se irritou imediatamente.

— Valho por dez homens pode ter certeza seu machista.

— Como você ousa...

Loki respirou fundo procurando se acalmar.

— Não trabalho com mulheres. — declarou.

Mina esperou alguns segundo antes de responder. Estava ocupada analisando o rosto daquele homem.

— Bem, acho que vai ter que mudar sua regra. Cancelei um compromisso para vir aqui, na verdade, vim de longe.

— Não vai acontecer senhorita, receio que tenha feito uma longa viagem para nada

O vento ficava mais forte, os adultos apressados tiravam suas crianças do lago, o tempo estava piorando e as famílias começavam a voltar para suas casas, o ruído das conversas pareça cada vez mais distante. Mina analisou aquele rosto mais uma vez. Ele estava tenso, os olhos injetados e alerta. Provavelmente não havia dormido.

— Bem deve achar isso uma grande limitação. De qualquer modo pelo que soube você não está em condições de fazer exigências, precisa de ajuda e sou a melhor que você vai encontrar para o que deseja. Então senhor desconhecido, vamos falar de negócios ou não?

Loki olhou ao redor, as mãos enfiadas nos bolsos, encarou Mina por um instante e desviou o olhar. Ele precisava de ajuda por mais que fosse humilhante para ele admitir até para si mesmo.

— Está certo. Lhe darei uma chance pela reputação que você tem.

— Fico lisonjeada. — riu cínica saindo do lago e pisando na neve fofa com os patins.

— Qual seu nome? Tenho a impressão que já o conheço. Mina o encarou pensativa enquanto caminhavam em direção a um banco.

— Meu nome não é importante. — disse fechando mais ainda sua expressão tão séria.

— Tem razão. Do que precisa exatamente?

— Preciso de escolta por alguns dias até que possa voltar para casa. Eu pago muito bem.

— Escolta não é minha especialidade. Mas posso protegê-lo e escondê-lo por uns dias.

— Não preciso de proteção — disse arrogante — apenas mantenha a SHIELD longe de mim, ate que eu possa partir desse planeta detestável.

— Mina ergueu as sobrancelhas e abriu um pouco os lábios quando finalmente o reconheceu.

— Já sei quem você é! — afirmou ainda incrédula —

Loki o asgardiano, irmão do Thor, que destruiu metade de Nova Iorque.

— Meio-irmão... Você parece bem informada. — ele a encarou curioso.

— Sou ex-agente da SHIELD. Abandonei a agência pouco tempo depois do seu show.

Ele a observava agora curioso.

Os dois pararam na frente de um banco já bem distantes do lago.

— Porque um Deus precisa de ajuda para se esconder?

Loki pensou por um momento.

— Se quer ajuda terá que me contar. Você não tem escolha. Precisa confiar nem que seja um pouco em mim — declarou.

— Estou ferido. Aconteceu enquanto eu fugia para cá. Preciso de três, no máximo quatro dias e estarei recuperado. Eu pago qualquer preço.

— Você quase destruiu a cidade, matou centenas de pessoas. Odeia os humanos. Acha mesmo que eu trairia meu país, ou melhor, dizendo, o planeta apenas por dinheiro?

— Sim acho. — disse com um sorriso confiante.

— Você está certíssimo! Temos um acordo então.

Mina estendeu a mão e Loki fez o mesmo selando o acordo dos dois.

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The JourneyWhere stories live. Discover now