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Nova York.

11 de Setembro de 2021.


Nos tempos de hoje tudo parecia mais rápido, todo o sistema falho e confuso do mundo parecia ter resumido-se em "o tempo esta acabando". E de fato o tempo estava acabando. Mas acabava em uma linha continua, todas as pessoas pareciam ter se esquecido de que o planeta demora 24h para dar uma volta completa em si mesma. Que arvores passam dos 500 anos. Que a vida humana dura em media 90 anos. Todos pareciam concentrados de mais em como o tempo passa rápido para os negócios.

Todos parecem estar fadados a isso no final.

Eu me encaixo nisso.

Costumo a nos associar aos pequenos ratos de laboratório, treinados para efetuar exclusivamente uma tarefa. Sempre correndo em uma roda, mantendo nossas vidas em círculos contínuos. Estudo. Casa. Trabalho. Dinheiro. Família.

Quando comecei a trabalhar para o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Humano, da IPAC (Instituto de Pesquisa Asher Company) , fundada pelo Dr. Edgar Asher, eu jamais me imaginei tão encaixado nessa categoria.

Eu sempre me considerei o um revolucionário, aquele que pensava diferente, que queria fazer o diferente para alguém. Pensava em, literalmente, fazer algo que mudasse o mundo.

Mas veio a faculdade de biomedicina, uma pós graduação em química, uma estranha capacidade de me dar bem com cálculos absurdos e para finalizar um programa de estudos de células tronco.

O estágio veio fácil.

Porém aos poucos minha vida acabou se voltando apenas para o estudo e o trabalho maçante no laboratório de genética da IPAC, sempre voltado e concentrado demais em buscar a perfeição.

Quando fui perguntado a primeira vez o que queria ser ao me tornar um adulto, minha resposta imediata foi ser bombeiro.

Provavelmente se aquele mesmo Liam de 20 anos atrás olharia para mim e daria risada do cara que acabei me tornando, um viciado em células e genética e estranhamente capaz de sobreviver dias apenas de cafeina. Mas pelo menos o sonho de ajudar as pessoas ainda estava vivo em mim. Desde que me recordo, meu maior sonho é fazer algo que possa salvar o mundo, não importando como.

A biomedicina tem sido uma ótima guia. Tudo nesse universo me atrai. Acho que graças a isso me tornei o preferido do Dr. Asher, seu pupilo mais bem visto dentro de todo o instituto. Acredito eu que de todos os existentes dento da IPAC eu me encaixe no filho prodígio que ele não tem.

O Dr. Asher sempre foi um homem muito fechado e retraído. O máximo de palavras que o via trocando com alguém, não passava de bom dia ou boa noite. Isso quando era visto dentro do instituto. O que aumentava ainda mais a minha certeza que que confiava em mim, eu sabia pouco sobre sua vida. Era divorciado, do seu segundo casamento. Havia desistido de tentar algo já que não conseguia viver longe do laboratório. Sua ex-esposa ainda o perseguia, em busca de aumentar a pensão gorda que já recebia.

Fruto dessa casamento surgiu Harry. Meu melhor amigo e diretor financeiro da IPAC, contra a vontade do pai que queia deixar ao garoto todo o trabalho de pesquisas, dos quais Harry passava longe de entender. Sua cobrança sobre o garoto, no começo, era insuportável, levando meu melhor amigo a bebedeiras incontroláveis e choros de desgosto. Harry era um cara sensível e não funcionava sobre pressão.

Porém, Dr. Asher mantinha um sigilo quase confidencial sobre o seu primeiro casamento. Tudo o que eu sabia era que havia se casado muito jovem, pois havia tido uma filha cedo de mais. Mas era apenas isso.

XPERIMENT | L&ZWhere stories live. Discover now