CAPÍTULO 04 - WHY ARE WE DOING THIS?

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PRÓXIMO ÀS MASMORRAS

Nas masmorras, onde ninguém chegava, Písidon se aproximava com Lóthus e Marcus em seu encalço, e à sua frente havia um pequeno exército de soldados dispostos a qualquer coisa.
- Não acredito que estou participando disso em primeira mão.
- Pare de reclamar, Lóthus. Pelo amor que você tem aos bosques.
A  ninfa fez uma careta e continuou seguindo.
Ao adentrarem o pequeno castelo nas masmorras, Lóthus estremeceu. Era um lugar, de fato, muito bonito e bem cuidado. Haviam ninfas cuidando das flores na entrada e outros seres cuidavam da comida que cheirava muito bem e da limpeza do local. Mas não deixava de ter como principal característica o fato de que era uma prisão.
E ela odiava isso.

NAS MASMORRAS

Scarlett estava acordando pronta para mais um dia rotineiro de "princesa prisioneira".
Uma vida muito boa.
Ela não tinha muito do que reclamar, na verdade. Desde o dia em que as Górgonas a acharam, a garota havia sido tratada muito bem. Seu quarto era um ótimo lugar, sua comida era muito boa, o sol que tomava lhe fazia muito bem e podia fazer seus exercícios em paz. Fazia coisas normais. Coisas que, quando estava fugindo, não podia fazer.
É, ela fugiu. Por muito tempo ela conseguiu se esgueirar e escapar dos seres que a procuravam. Achou uma brecha em alguma espécie e se camuflou. Mas alguém a identificou como humana, como não conhecida, e a denunciou.
As espécies funcionavam como uma cidade pequena: todos se conhecem e um estranho é sempre reconhecido.
Péssimo para ela que por tanto tempo tentou conquistar sua liberdade para, no final, ser tudo em vão.
A única coisa que Scarlett queria descobrir era porquê eles a estavam poupando. Sabia o que acontecia com os humanos que eram capturados: viravam cascos. Porque ela ainda não havia virado deles, era um mistério. 
Sentada na cama, a garota se inclinou para frente para colocar os chinelos e de repente a porta de seu quarto explodiu com a entrada trotada de 3 centauros enormes. Os maiores que já tinha visto até então.
- O que está aconte -
E então ela apagou.


Lóthus encarava a menina com pesar.
- Muito bonita. Se parece tanto com minha irmã... Lírius tem os mesmos cabelos negros e pele branca. Oh céus, por que estamos fazendo isso?
- Lóthus, sossegue. Ela é linda e blábláblá, mas é uma louca que fugiu por muito tempo e que pode salvar todo um grupo de espécies.
Písidon tossia forte nesse momento, interrompendo o raciocínio de Marcus.
- Você está bem, P?
- Data de validade.
- Cale a boca, Lóthus.
- Não - Písidon interrompeu Marcus - Ela está certa. Esse casco já não aguenta mais, Arc. Estou só mantendo-o por mais 3 dias e hibernarei em outro.
- Graças aos bosques tritões e sereias hibernam tão rápido quanto fazer florescer um jardim próximo aos antigos castelos.
O centauro encarou a ninfa
- Você é completamente estranha. Não sei como é útil.
- Não farei sua hibernação e verá como sou útil.
- Pelas barbas de meu pai, calem a boca. Ainda falta Demétrius e não aguento vocês discutindo por nada.
- Demétrius?
- O humano macho.
- Ok... O que estamos fazendo não lhes trás medo? Ou enjoo pela agressividade?
Neste momento, os centauros entraram com um corpo em mãos e o colocaram em uma cama ao lado da de Scarlett.
- Me trás a certeza de que esse casal - Marcus apontava para os humanos deitados - Podem nos salvar. Apenas. Esqueça qualquer lembrança que tenha e foque no nosso futuro, Lolo.
Ao olhar aqueles dois corpos, os três líderes sabiam que tinham que fazer o possível e o impossível para que houvesse uma procriação e hibernação de corpos para a criação de novos cascos. Sabiam que precisavam fazer de tudo.
- Lolo?
- Sim?
- As ninfas estão prontas?
- Sim, P. Só falta conversar com suas sereias.
- Ótimo. Preciso de água, estou cansado. Encontro vocês no MDT.
Písidon se retirou da sala e todos sabiam que ele cairia no mar à beira das masmorras.
Estava acabado.
Marcus se posicionou à frente de seus centauros, liderando-os como nunca antes.
- Peguem os corpos com muito cuidado. Vamos para o Mar dos Tritões.



MAR DOS TRITÕES

A balsa na beira do Mar dos Tritões, ainda no bosque, aguardava os centauros posicionarem os corpos na mesma para partir.
Písidon apareceu, de repente, em uma pedra. Sua cauda azul já não brilhava tanto quanto antes pelo casco desgastado.
- E então?
- Quase tudo pronto, P.
- Zara já apareceu?
- Estou aqui.  - uma voz delicada falou mais alto ao fundo
Zara era... deslumbrante. Apenas sua cabeça estava para fora d'água, sendo possível assim, ver apenas seu rosto. E isso bastava. Seus cabelos eram de um azul que molhado ficava num tom mais escuro e muito bonito, e seus olhos eram ametistas e brilhavam mais do que o sol que havia cismado em se manifestar naquele final de tarde. O cenário ajudava muito. O Sol se punha atrás da sereia, dando uma luz extraordinária a ela.
Lóthus se aproximou de Marcus e sussurrou
- Feche a boca, centauro. Vai acabar babando.
Apenas a revirada de olhos do amigo bastou para o divertimento da ninfa.
- Zara! - cumprimentou Písidon - Impecavelmente pontual. Preciso de sua ajuda.
A sereia encarou a balsa e todo o trabalho dos centauros
- Meu Senhor, tem a ver com a carga desta navegação?
- Sim. Eu farei a rota desta embarcação junto a você e no caminho lhe explico as tarefas. Onde estão os meninos?
- Aguardando o senhor uns 100 metros à frente.
Ao encarar o horizonte, Marcus e Lóthus podiam ver os tritões no aguardo. Sua postura, mesmo de dentro d'água e naquela distância, demonstravam enorme respeito e devoção à Písidon.
O último centauro saiu da balsa e todos tomaram uma postura diferente. Tensa.
Uma pequena fada chegou próxima à Lóthus e sussurrou algo em seu ouvido, a ninfa respondeu-a com um gentil "obrigada".
Lóthus virou-se para o tritão.
- A ilha está pronta, Písidon. É só... ir.


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