Prólogo

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Tudo com que sonhei, eu tenho

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Tudo com que sonhei, eu tenho. Tudo pelo que lutei.

Todos falam ao mesmo tempo. A banda soa desafinada na cacofonia da festa. Os servos passam, oferecem vinho, frutas frescas, petit gateau. A cera das velas já está pela metade derretida. A parentada gargalha, aplaude, se comove e dança semiembriagada. E o meu príncipe, de peito inflado, me estende a mão. Eu sou aquela que desfila, aquela que suspira, aquela que pisca os olhinhos maquiados e se deixa admirar. Eu sou aquela que coube no sapatinho de cristal.

E o que mais quero, neste momento, é morrer.

Ele ousa olhar em meus olhos e se dizer apaixonado

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Ele ousa olhar em meus olhos e se dizer apaixonado. Mas, eu sou só aquela que coube no sapatinho de cristal.

Ele escreve poemas, compõe serenatas e me oferece o mundo. Eu sou só aquela que coube no sapatinho de cristal.

Para os amigos, para a família, sou um grande motivo de orgulho. Eu sou só aquela que coube no sapatinho de cristal.

E hoje me pergunto: e se não?

E se meu pé fosse um tanto maior ou menor? E se eu não fosse capaz de espremê-lo e suportar a dor? Se eu não fosse capaz de fingir tão bem o conforto e agir como a princesa esperada? E se vissem além do meu disfarce?

É, a fada-madrinha bem que me disse:

— Cuidado, querida, para não tentar caber num sapatinho que não lhe pertence.

Mas, tudo que precisei foi de um pouco de esforço. A tal da Cinderela, acho que até morreu de desgosto. A mulher para a qual ele jurou a alma, totalmente esquecida. E eu? Aqui, bebericando champanhe no trono que dela seria. Apenas suporte a dor. Seja a mulher que ele sempre desejou.

Uma única prova.

Ele nem sequer me perguntou.

— É ela! — os soldados anunciaram com as trombetas, a corte celebrou. Meus dedos se deslocaram das juntas e fingi que as lágrimas eram de emoção. Eu caberia nesse sapato nem que me custasse a vida.

E hoje ele pode reclamar que sou muito ranzinza, tenho um temperamento difícil. Explodo por qualquer detalhe e choro sem nenhum motivo. Desprezo as mulheres que me cercam e humilho os que me admiram. É que ninguém, ninguém, sabe do meu sacríficio. Ninguém sabe que, em segredo, gemo e grito e a todo tempo cogito desistir.

Não, ninguém nunca me amou. Não a mim de verdade.

Eu sou só aquela que coube no sapatinho de cristal.


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A Princesa Errada (conto)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora