ATO 20

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Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota.

     Uma porta de cobre decorava o salão principal do templo em ruínas

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     Uma porta de cobre decorava o salão principal do templo em ruínas. Provavelmente ela nos levaria a outro cenário. O vento gélido ainda deixava nossos corpos trêmulos. Entulhos empilhados ficavam jogados por toda parte. Diversos objetos quebrados como relógios, cadeiras, binóculos, e até mesmo espadas.

Mavis pegou uma pequena maleta ao lado dos entulhos escondida por um pano sujo e de lá fisgou um objeto redondo. Era uma bussola prateada, mas como todas as outras coisas, estava inutilizável, com seu único ponteiro parado.

Estávamos exaustos. Perdemos metade do grupo e ainda assim, não sabíamos qual o real objetivo da disputa. Rumpel permanecia ausente. Mavis tomara a dianteira e empurrou a grande porta de metal.

Passamos todos por ela.

Pela decoração antiga, parecia estarmos de volta à mansão. Não era um pátio muito amplo. As mesmas estátuas de cavaleiros que encontramos no hall de entrada estavam ali, porem maiores. Quatro em cada canto. Todas com suas espadas em mãos, segurando-as rente ao peito. A porta seguinte do outro lado era de ouro, reluzia como nenhuma outra.

Dei o primeiro passo, e todos caminharam juntos.

— Esta disputa está além do padrão, muito além. Não conseguiremos sobreviver por muito mais tempo se continuar assim.

— Alguém vai ter que sobreviver, Patrick — Respondeu Mavis.

— GENTE! CUIDADO! — Gritei quando vi a primeira estatua movendo os braços e espetando sua espada em direção reta. O golpe quase atingiu Mavis. Por sorte a puxei para trás.

— Mas que diabos foi isso?! — Exclamou Patrick.

— Pelo visto teremos que passar correndo — Disse aos dois. O ranger de metais enferrujados emitidos de suas armaduras, mostrava que as outras criaturas de pedra já se preparavam para outro ataque.

Respiramos fundo e aceleramos os passos. A segunda não golpeou com a espada, mas lançou seu escudo. Abaixamos a tempo de sermos degolados por ele.

A vantagem era que os cavaleiros eram lentos e não saíam do lugar. Levantamos e continuamos na disparada.

— QUEM CHEGAR POR ULTIMO VAI TER QUE BEIJAR OS PÉS DA POMPOO! — Gritou Mavis na dianteira.

— NEM PENSAR!

Aceleramos os passos. Olhando para o lado, vi Patrick dar um salto após receber um golpe por baixo, do terceiro cavaleiro. Mavis jogou seu corpo para frente em uma cambalhota rápida ao desviar de golpes de espadas vindos de ambos os lados. Eu não fui atingida pelas demais estatuas já que a maioria havia distribuído os ataques em Mavis e Patrick.

Entretanto, o último dos cavaleiros de pedra não segurava escudo e espada. De seu peitoral, um cano de ferro saiu, e outro emergiu de sua barriga. Jatos de chamas foram cuspidas das pontas desses canos.

A criatura conseguia girar seu corpo lentamente, fazendo as chamas vierem ao nosso encontro. Nos escondemos atrás da estátua anterior. Sentimos o calor de perto quando o jato atingiu a escultura. As labaredas passaram por nossos olhos e atingiram o resto do cômodo.

Ao voltar para a posição inicial, o cavaleiro retomara seu ciclo. Saímos dali e regressamos para o centro do corredor, onde mais uma vez as chamas viriam até nós. Havia duas maneiras arriscadas de nos safarmos. Ou pulávamos no meio entre os dois jatos, ou por baixo.

— Está pronta para beijar os lindos pés da diretora, Pan? — Perguntou Patrick com um sorriso debochado.

— Hoje não. Deixo essa tarefa incrível para você! — E naquele momento, corri sem ofegar, deixando ambos para trás. O fogo vinha sem pressa, mas convicto de que nos destruiria, e então, com um pulo bem calculado entre os espaços das chamas, virei meu corpo no ar, e vi o fogo passando milímetros de distância de mim.

Quando caí no chão, me espatifei, porém cheguei do outro lado com êxito. Mavis e Patrick não arriscaram em pular no meio, mas rolaram no chão enquanto os jatos passavam por eles.

— Aquilo foi insano — Afirmou Mavis com seriedade, se levantando. Patrick veio logo atrás.

— Obrigada. Acho que já podemos marcar o encontro do Patrick com o pé daquela desgraçada — Respondi limpando as vestes da poeira e fuligem. Todas as estatuas ficaram inertes novamente e as chamas desapareceram. A porta dourada parecia bem mais bonita de perto. Encostei os ouvidos nela para tentar escutar algo além. Mas nenhum som se produzia. Teríamos que abri-la de qualquer forma.

— Fico feliz que ainda tenho você comigo — Sussurrei para Patrick ao girar a redonda maçaneta.

A porta se abriu e adiante vimos uma cabine bem clara. Nossos olhos embaçaram devido à forte luz. Quando as visões retomaram, avistamos um timão de madeira no meio da pequena sala.

Entramos.

O calor dominava o novo ambiente. Os vidros da cabine pareciam todos cobertos por areia e tudo ali caía aos pedaços. Pilhas de papeis jogadas no canto de uma mesa tombada e botões de diversos tamanhos em maquinas ao lado de uma porta.

Tivemos a sensação de estar caindo para o lado. E de fato estávamos. O local estava declinado. Não reparei muito no cenário, mas Mavis fez questão de pegar algumas papeladas para ver.

— Vejam isso — Disse ela ainda lendo as anotações. Nas folhas, alguns desenhos de um inseto voador cuja descrição dizia: "No Egito Antigo, os escaravelhos eram seres sagrados, sendo usados como amuletos relacionados com a vida após a morte."

Enquanto liamos, Patrick abriu a porta da cabine, e nos chamou para fora. O ar abafado nos atingiu ao sairmos dali.

— Que raios de lugar é esse...? — Questionei. Estávamos em cima de um navio à deriva, em um mar de areia, onde além, nada mais do que grandes morros de areia. Um deserto castigador nos aguardava.

 Um deserto castigador nos aguardava

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II - Rebelião dos IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora