ATO 9

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Amar é acolher, é compreender, é fazer o outro crescer.

     Petúnia me evitava na maior parte do tempo e Brok continuava desaparecido

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     Petúnia me evitava na maior parte do tempo e Brok continuava desaparecido.

Era realmente triste ver duas pessoas que estavam comigo com frequência se ausentarem dessa forma. Patrick notou o ocorrido e me fez companhia nos próximos dias. Rumpel não permitiu que saíssemos nos jardins do orfanato para acompanhar o enterro de Lola, mas disse que fez um velório decente. Pompoo não permite nenhum dos irrecuperáveis fora das instalações pois teme nossa fuga. E ela de fato está certa.

— Pan, eu te apresento formalmente os Freaks, grupo feito por mim e pela Lola na época em que éramos sozinhos também — Com uma reverencia, Patrick olhou para seus três amigos. Duas eram meninas e o outro, menino — Este é o Allison, e ambas, Claire e Lara.

— Prazer, Pan. Pensei que Patrick não ia nos apresentar a você nunca! — Sorriu Allison estendendo o braço para me cumprimentar. O garoto de longe era o menos estranho dali. Tinha cabelos bem curtos, castanho claro, de olhos expressivos, grandes e negros. Suas vestes eram parecidas com a de Patrick. Uma camiseta de manga cumprida preta com um decote e uma calça com vários rasgos na parte do joelho.

— Realmente, eu estava bem curiosa em te conhecer — Continuou Claire — Ficou muito comentada aqui no orfanato nessas últimas semanas — Claire era negra, com um cabelo black Power de um lado raspado. Usava uma blusinha curta que mostrava mais que a metade de sua barriga e no seu umbigo havia um piercing de caveira. Seu short jeans era curto e preto. Calçava um coturno que ia até a sua coxa e tinha braceletes em ambos os braços. Na orelha haviam alargadores médios, com a estampa de um símbolo que desconheço. Os três aparentavam ser alguns anos mais velhos do que eu, Patrick e o restante das crianças.

— Ah, digamos que eu aprontei algumas vezes — Respondi desconcertada. Os Freaks pareciam realmente entusiasmado com as apresentações. Das últimas vezes em que os vi, mal olhavam para mim.

— Não precisa ser tímida e nem nada do tipo, aqui todos nós apoiamos um ao outro. Você faz parte do nosso grupo esquisito agora. Se quiser, claro. Se não apoia a diretora e suas regras, nós também não apoiaremos — Dizia Patrick, com um breve sorriso de lado. — Além do mais, você aderiu a minha causa, agora é minha vez de retribuir.

— Muito obrigada pelo apoio. De coração — Agradeci a ele — Me sinto melhor em ver que posso contar com outras pessoas — Estávamos em um canto do pátio principal após o termino das aulas duplas de matemática do Professor Oliver. Tínhamos um intervalo de uma hora antes de voltarmos para a sala de aula.

Do outro lado, Petúnia estava sentada em frente a sua velha penteadeira com espelhos quebrados, penteando seus curtos cabelos loiros. Dayse a bailarina rodopiava no piso encerado conforme a música tocava na vitrola. E ali perto, encontrava-se a cadeira de madeira gasta, solitária, onde Brok costumava tocar seu violino.

— Você tem um plano de escape, não tem? — Perguntou Lara, a mais baixa do grupo. Lara possuía uma maquiagem pesada, de piercings no septo e no canto esquerdo dos lábios, com olheiras profundas e grandes cílios que destacavam mais seus olhos.

Seus cabelos longos e negros eram jogados para trás a não ser por uma mecha que ficava na frente tampando por completo um de seus olhos. Além de usar um vestido listrado preto e branco, calçava um tênis das mesmas cores, porém sujo e rasgado. Suas meias pretas iam até o joelho.

— Na verdade, minha intenção é fazer os irrecuperáveis terem uma nova perspectiva das coisas, já que pelo visto eles não tem nenhuma. Para isso eu precisava conversar com todos eles de um modo que não chame a atenção dos funcionários.

— Tipo uma reunião secreta? — Questionou Allison atento em cada palavra. Nossa sorte é que nenhuma das outras crianças do pátio se aproximava para bisbilhotar, já que os Freaks sempre foram excluídos dos demais — Exatamente. Como em uma reunião secreta. Pensei até em fazer isto quando formos para o mundo dos sonhos. Mas soube que Pompoo monitora todos os drenadores. Se desligássemos os drenadores de todo mundo no meio da noite ficaria ainda mais suspeito.

— Existe um manual na biblioteca que pode nos ajudar nisso. Ele explica com mais detalhes algumas programações que podemos fazer com os drenadores. Por exemplo, na disputa por classes, Rumpel ou a diretora programam todos eles para que possamos ficar conectados em um sonho só. Existem vários modos de usar essas maquinas — Esclareceu Lara.

— Muito interessante — Disse surpresa.

— Lara passa a maior parte de seu tempo na biblioteca. Não há um livro que ela não conheça ali dentro, se ela diz, então pode acreditar — Respondeu Patrick.

— Vocês estão mesmo dispostos a se arriscarem por mim? Quer dizer, da última vez as coisas não deram certo. Nenhum pouco certo — Perguntei preocupada. Afinal querendo ou não, eram os amigos de Patrick e não os meus. Eu não tinha certeza se estavam dispostos a ajudar por conta própria ou se estavam apenas satisfazendo a vontade de Patrick.

— Nós faremos o possível — Respondeu Claire — Não temos nada a perder.

O sinal havia tocado para que retornássemos para a sala de aula. E então, naquele momento, eu não me senti mais sozinha. Uma pequena luz de esperança havia se aflorado em mim de novo.

 Uma pequena luz de esperança havia se aflorado em mim de novo

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II - Rebelião dos IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora