ATO 4

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A amizade é, acima de tudo, certeza. É isso que a distingue do amor.

 É isso que a distingue do amor

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 Eu não sairia dali tão cedo.

Rumpel me enxerga como uma bomba relógio, prestes a explodir. O que não era mentira. Eu vou explodir, mas na hora certa. Até lá eu precisaria ficar calma, mostrar que negociei com minha mente conturbada, e agora estou ciente de que não devo mais sair da linha. Talvez, este momento aprisionada, não só em corpo, mas em alma, fora o momento mais exaustivo da minha inútil existência.

Como estariam Petúnia e Brok? Gostaria de estar ao lado deles, consolando-os, já que estão sofrendo tanto quanto eu. Perderam alguém que amam, tão injustamente, como eu. Parecendo até que o destino entrelaçou nós três em desgraças. E não só eles, mas Patrick deve ter sido o mais atingido.

Ver o corpo apodrecido da própria irmã sendo arrastado por petúnia até o pátio principal, amostra para todos verem, cujo assassino ainda desconhecido, escondia-se nas sombras. Parecia que tudo antes da morte da Luna não tivesse existido. Mas existiu.

Estava ali o sofrimento, estampado na cara de todos eles. O inevitável e amargurado sentimento da perca. Havia muitas questões em aberto. E agora, incapacitada, não poderia fazer nada para dar continuidade ao principal objetivo.

Mas naquele fim de tarde, vi o quanto estava enganada. Quando o lobo retornou ao corredor, ele não me trouxera nenhuma sopa gosmenta ou algo semelhante. Em sua boca segurava um fino arco metálico, contendo apenas uma única chave de bronze.

Ao se aproximar da cela, arremessou com sua bocarra a chave, que deslizou para o vão da porta até encostar em meus pés. Surpresa, apanhei-a dali e a levantei como um prêmio Nobel até a luz, que refletia toda sua ferrugem. Ele me olhava atenciosamente, esperando meu próximo ato. Analisei o caso. Poderia ser uma terrível armadilha para me fazer finalmente de refeição. Todavia, porque não arriscar? O que eu teria a perder, fora minha infortunada vida? Já me tiraram tudo.

Com o farfalhar das arvores lá fora, pensei no que poderia acontecer dali em diante. Que rumo as coisas tomariam quando eu encaixasse aquela chave na fechadura.

Teria que arriscar.

Franzi as sobrancelhas, apertei o objeto com minha mão direita e cravei a chave ali, destrancando a porta. O lobo dera dois passos para trás, enquanto eu, dois para frente.

Paramos, olhamos tão desinteressados um para o outro, que já não me sentia surpresa por estar fora da cela. Nos encaramos tanto nesses últimos dias, que ambas as presenças ali saturaram. Mesmo o lobo sendo cego, ele podia sentir a presença das pessoas de uma certa distância, assim como Brok.

Sorri e estendi meu braço. Ele veio, cheirou minha mão, e a lambeu. Perto da porta frente ao corredor, vi dois potes grandes com alguns ossos roídos onde depositavam comida e água para ele.

Lembrei ter lido no livro de domesticação de animais, que a raça deste lobo fica manso ao roer ossadas após suas refeições. E como disse o próprio Rumpel, o lobo fora bem treinado.

No fim das contas, ele morava aqui, neste sombrio corredor. Provavelmente usava a cela para dormir, mas não pensei muito além disto. Antes de partir, cheguei perto dele e aproximei seu focinho do meu rosto até encostar no meu nariz. Nem precisei ajoelhar para ficar rente a ele.

Seus olhos brancos penetravam os meus. Sem falar, apenas pronunciando as palavras em minha mente, agradeci. Saindo de sua frente, andei para a saída do corredor, passei as costas das mãos em sua pelagem e abri a porta principal. O lobo provara-se incrivelmente inteligente. Um amigo fiel que agora tornara-se meu amigo também.

Eu tinha um certo habito de criar vínculos com criaturas assustadoras.


Eu tinha um certo habito de criar vínculos com criaturas assustadoras

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II - Rebelião dos IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora