14 de agosto de 2015, 17:13 da tarde
Escola em Washington Heights, Nova YorkJake olhava pela janela do carro no estacionamento do colégio em que o irmão caçula estudava.
— Ainda não acredito que vamos fazer isso — dizia animado, conversando com Ivy pelo telefone.
— O que, não acredita que vamos fazer algo por nós mesmos? — A voz da amiga mal podia ser escutada, mas a mensagem era clara. Estava decidido. — A gente já discutiu isso, Jake. Vamos lá! Depois de tantos trabalhos indignos... Merecemos uma folga.
— Eu só não acredito que vamos amanhã. Não tá nem um pouco nervosa? — de dentro do Mustang que já chamava de Eleanor mentalmente, ele observava a louca movimentação dos estudantes na saída da aula. Procurava por Daniel.
— Ah, tô sim, acho que não vai dar tempo de pintar meu cabelo de novo — Ivy respondeu ironicamente, fazendo com que o amigo sorrisse contrariado. No momento contara a ele que estava arrumando as malas. — Estava pensando em um roxo claro, meio tipo uma galáxia.
— Bem, é uma pena mesmo. Mas como que seu pai reagiu?
— Se quer saber, ele ficou aliviado. Disse que se eu não fugisse no próximo semestre ele começaria a suspeitar que não sou filha dele — contou com uma risada. A amiga continuou, aliviada, no momento em que um Mini Cooper em um conhecido e berrante tom de azul estacionou do outro lado da rua. Jake revirou os olhos. — O que me deixou feliz, também, porque agora ele pode viajar com o time sem se preocupar comigo sozinha em casa. Somos adultos. Mas e o seu irmão?
O amigo hesitou em responder, observando a figura que saía do carro. Nada do irmão. Era Benji, bem na hora.
— Falando no diabo... Estou para contar — mentiu sem jeito, abaixando a janela do carro. — Preciso ir.
— Certo — Ivy assentiu, enquanto Benjamin se aproximava com uma maleta de metal em mãos. — Nos vemos amanhã então, companheiro de viagem.
— Até lá, garota — suspirou baixinho ao desligar o celular.
Que sorte. Para seu alívio, a amiga parecia estar distraída demais para perceber que havia algo errado. Jake, rapidamente, se agachou, esticando o braço até o espaço escuro debaixo do banco. Ouviu-se um click.
E Benji estava parado ao lado da porta.
— Foda, né?
Jake afirmou com um sorriso exibido ao se recostar no banco de couro mais uma vez. O braço agora no apoio da janela aberta do carro. O amigo assentia pensativo, de lábios comprimidos e olhos esbugalhados em uma expressão de falsa perplexidade.
— É... Quer saber, não vou nem perguntar. Mas por que a gente tinha que se encontrar aqui, cara?
— Precisava buscar o Daniel no colégio — gesticulou com obviedade para o complexo escolar à frente deles. Então estreitou os olhos, questionando Benji sobre o que os levara até ali. — Você trouxe?
— É claro, porque é sempre uma boa ideia trazer uma arma para a escola — respondeu sem esconder sua opinião sobre o assunto. E como se não fosse o bastante, praticamente jogou a maleta em cima do amigo. Já havia feito demais. — Tá aqui. Chamam-na de Baby Glock. Dizem ser boa para principiantes.
Jake ouvia, abrindo a maleta e observando seu conteúdo. Além do pendrive com suas amostras processadas, havia ali uma pequena arma e algumas caixinhas de munição. Mais do que o suficiente.
— Ótimo — ele pegou a pistola, sem jeito, e tentou destravá-la. Não sabia se tinha funcionado ou não, então a pôs de volta e guardou o pendrive em seu bolso. — Porque não faço ideia de como usar essa coisa.
ESTÁ A LER
Portões da Morte
Science FictionEntre fichas criminais e segredos fraternos, Jake e Daniel levam uma vida difícil em Nova York. Após a morte da mãe adotiva, os dois temem ser separados. Os irmãos mergulham em investigações e planos de fuga ao perceberem que estão sendo observados...