— Caralho, você é um fodido mesmo. Estavam juntos há quatro anos, Jake! Todo o ensino médio... — Lori queria pegá-lo pelos cabelos e lhe ensinar uma lição. A pena que sentira estava se esvaindo ao passo que a raiva ameaçava se reinstalar. — Como é que você consegue, hein? Expulsar todo mundo da sua vida, desse jeito?

— Não sabia que gostava tanto assim dela.

— Eu não gostava — rebateu imediatamente ao ver seu sorriso amarelo, sem graça e arrebatador, que nunca falhava. — Mas ela te fazia feliz.

— É, ela fez — Jake assentiu e seus olhos viajaram para longe dali. Felizes e, então, de repente, tristes. Assim como o relacionamento havia sido. — Mas, ao mesmo tempo... A gente meio que se fazia mal. Era só uma questão de tempo.

Lori revirou os olhos. Havia esquecido o quanto ele era cabeça dura.

— Só me diz que a doce Ivy ainda está por perto.

Ele riu nostálgico ao ouvir aquele velho apelido.

— Ivy está segura. Ela é quase como minha consciência.

— Ah, é? E eu sou o que? — Lori cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas com um sorriso na beira dos lábios.

— Hm... O pequeno diabo que sussurra em meu ouvido?

— É, pode ser — ela passou a mão pelo queixo, considerando a provocação, e Jake escondeu as mãos nos bolsos da calça como se ainda fosse um garotinho. Riam baixinho e discretos, sem nem perceber que o faziam em conjunto. Lori aproveitou a deixa para formar um sorriso indiscreto. — Então... Já esteve com mais alguém após o término?

— Ah, eu... Saí com algumas pessoas. Mas sei lá — ele parecia se perguntar se era seguro se abrir. Aquilo era incomum, para falar o mínimo. Limpou a garganta e procurou articular seus pensamentos. — Sempre que as coisas começam a ficar sérias, tudo que eu consigo pensar... É no dia em que fui na casa da Sarah, esvaziar minha gaveta e pegar as minhas coisas de volta. Todos esses pedaços de nós. Quatro anos de memórias que couberam em uma caixa. A forma com que George me olhou. E eu só... Não tô pronto pra passar por isso de novo. Não ainda.

— Então o quê, você se manda? E não se apega a ninguém, cara durão?

— Não é bem assim — ele entendia por que Lori poderia pensar que fosse. Mas se mandar, às vezes, era o mais difícil. Pensou em um certo amável judeu quatro-olhos e deixou escapar um suspiro impensado. — Por exemplo, com o Ian...

— Espera aí. Ian? Tipo, em... Ian, nome de garoto? — Ela levantou as sobrancelhas e descruzou os braços. Jake podia enxergar seu cérebro fazendo as conexões. — Então o Brody... Eita. Foi por isso que parou de falar comigo, assim que soube que estávamos namorando? Você é, tipo, bi agora?

Ele bufou, fechando a cara. As mãos foram para a cintura.

— Não, não foi isso que aconteceu. Eu nunca o correspondi. Sarah era minha namorada. Não estávamos nos nossos melhores dias, mas eu a amava... Você tem que entender, eu estava perdido. E naquele momento, eu faria qualquer coisa por vocês dois. Não suportava vê-los na mão. Foi por isso, e apenas isso, que entrei no esquema... Pra ajudar o seu pai. E foi por isso que deixei que Brody... Bem. Eu pensei que... Ele estava sofrendo — Jake parou seu discurso improvisado por um momento e pensou se havia deixado algo escapar. — Ah, e eu não sou bi.

— Entendo — meio sem jeito, ela assentia com a cabeça. Tentava absorver tudo aquilo. — Então... O que é? Ou tem algum problema com a palavra com b?

Portões da MorteWhere stories live. Discover now