Capítulo 1

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Estava sentada junto com Paris, olhava pra longe, ela ficava falando sobre alguma festa, floresta, não estava prestando atenção, meus pensamentos estavam direcionados a noite passada, minha mãe, não voltou do trabalho ontem, até senti saudade de ela gritando comigo por causa do cheiro de porra e álcool na minha roupa.
- Mary, caralho - do nada ouço Paris gritar no meu ouvido. Estamos no pátio da entrada, vendo os alunos novos e velhos chegarem no colégio.
- Que foi? - digo na inocência. Paris revira os olhos azuis dela, e joga seu cabelo loiro pra trás com impaciência. 
- Eu to falando com você, escutou algo do que eu disse?
- Claro. - minto.
- O que eu disse então? - lascou.
- Disse que... nossa você tá linda hoje! - tento fugir do assunto.
- Eu sei disso, eu sou linda, e não desvia o assunto - reviro os olhos e ela continua falando - Bem, como eu tava falando, James convidou eu e você pra um acampamento lá no Monte Laico.
- Convidou a gente ou me convidou? - pergunto com ironia na voz.
-  Te convidou, mas eu como uma ótima amiga vou pra  impedir que você beba demais e dê pra todos os caras lá.
Ou você quer dar pro James, penso, mas decido não falar.
- Não quero ir. Avisa ele, vai sozinha. - falo.
- Ah qual é piranha, pelo amor, vai ser legal, eu preciso perder minha virgindade, esse é o último ano, e ninguém vai pra faculdade virgem. E como meu pai não confia mais em mim, nem em você, não posso dar a desculpa de que vou dormir na sua casa, o acampamento seria perfeito. E você também pode transar lá. - ela faz um discurso e me olha com olhar de dó.
- Primeiro, eu posso transar aqui se eu quiser, segundo, ok eu vou, terceiro, você não precisa perder a virgindade antes da faculdade. - digo com frieza.
- Ta louca? Claro que eu preciso - ela praticamente grita no meu ouvido. Decido sair dali.
- Vou ir na diretoria, te vejo na sala
- Ok tchau. - ela faz um tchauzinho com a mão e corre na direção de James quando vê ele.
Óbvio que eu não vou na diretoria, não entro lá, a não ser que me peguem bebendo. Eu vou é no terraço, não vou acompanhar essas aulas fudidas, nem mesmo queria vir, afinal é o primeiro dia de aula, quem diabos vem no primeiro dia de aula? "Todo mundo, sua inútil" meu subconsciente diz. Chego no corredor que tem a sala do zelador, espero alguns alunos sairem, e entro, lá dentro tem alguns dois armários, atrás de um deles, uma escada, que consequentemente leva ao terraço. Nunca ninguém foi lá, e nunca vou revelar ele pra ninguém, se não o lugar esparra e algum idiota iria acabar deixando a diretora descobrir que os alunos sobem lá.
Subo as escadas, e subo no terraço, o ar puro corre aqui em cima, fazendo meu cabelo castanho mexer. Abro os braços, sentindo o ar da "liberdade", finalmente sozin...
    - Oi - ouço uma voz e dou um pulo. Quando me viro, tem um cara atrás de mim, um pouco mais alto que eu, de cabelo castanho e olhos azuis profundos, que fazem os meus, castanhos, parecerem merda.
    - O que diabos... quem diabos é você? - grito com ele.
    - Opa, sou de Deus calma. - ele sorri, um sorriso meio amarelo, mas não deixa de ser lindo.
    - Quem é você? - digo séria.
    - Nenhuma risada? - o encaro - Ok então. Meu nome é Mark. E o seu?
    - Não te interessa - respondo - o que faz aqui?
    - Opa, ok estranha. Sinto muito, não vou poder te dizer isso, minha mãe me ensinou a não falar com estranhos. - ele responde com graça, quem esse garoto pensa que é?
    - Sério isso? - ele me olha com o máximo de seriedade que consegue. - Meu nome é Jack. Agora, por que você tá aqui? - não sei por que menti, mas não quero que ele saiba meu nome. Ele me olha meio desconfiado.
    - Eu tava procurando a sala de química, mas acabei entrando na sala do zelador, e de relance vi a escada. Decidi subir, e sinceramente, aqui é melhor que uma aula de química. - ele se senta, e se apoia em um daqueles canos que se conectam aos dutos de ar do colégio.
    - É, mas você não vai ficar, vaza. - digo com frieza. Não quero ele aqui.
    - Opa, quanta agressividade. Bem, não sei com o que você tá acostumada, mas você não manda em mim. Se quiser, sai daqui você. - pela primeira vez ele me responde com o mesmo nível de agressividade que eu. Decido ignorar ele e vou pro outro canto do terraço, sento no chão e coloco meu fone. Fecho o olho. Não terminou nem a primeira música e o menino tava do meu lado.
    - Posso escutar com você? - ele pergunta - esqueci meu fone.
    - Gosta de Indie? - pergunto, não quero que ele escute minhas músicas, ele tem cara de quem gosta de funk.
    - Só se for Florence. - olho pra ele meio surpresa. Dou de ombros e divido meu fone sem dizer uma palavra, ele começa a escutar e fecha os olhos. Ele quase não tem bochechas, ficando uma cavidade no lugar, com os olhos fechados ele parece mais sombrio, a boca dele é carnuda mas não tanto quanto a minha, junto com os olhos azuis isso fica uma combinação um tanto estranha, mas ele é estranhamente lindo.
    - Se for pra me olhar, que seja quando eu estiver sem camisa. - ele diz com os olhos fechados.
    - Não to olhando pra você. - paro de olhá-lo instantaneamente, e fecho meus olhos curtindo a música. Esqueço a companhia dele por um momento até que ele diz:
    - Tem algo pra beber?
    - Só água. - digo - esqueci minha garrafa de vodca em casa.
    - Você bebe? - ele me olha assustado e depois corrige - você bebe vodca pura?
    - Óbvio que não, bebo Beldevere Orange. - respondo e vejo a confusão em seus olhos - tem laranja. Sabor de laranja.
               Ele continua meio confuso
Apesar de ser algo improvável, decido perguntar.
    - Você bebe?
    - Ah claro, sim. - ele responde não muito confiante. Sem perceber, eu fecho a cara.
    - Por que você é tão estressada? - ele pergunta.
    - Eu não sou estressada. - respondo indignada.
    - Ah não imagina. - ele diz com ironia e começo a rir, ele começa a rir também.
    - Ah cala a boca. - ele me dá um empurrãozinho pro lado com o ombro, e eu o empurro, só que forte demais, ele cai no chão, começo a rir mais alto ainda.
    - Agora você vai ver - ele finje uma cara de bravo e parte pra cima de mim, ele me encosta deitada no chão e sobe em cima de mim, fazendo cosquinha, eu começo a rir mais ainda
    - Olhaa, ela sabe sorrir - ele fala com sarcasmo rindo da minha cara.
    - Ah é? - o ameaço e inverto o jogo, jogo ele pro lado e subo em cima dele fazendo cosquinhas também.
    - Para para para! - ele ri - ok ok eu me rendo - ele coloca as mãos pro alto.
    - Olhaa, ele sabe se render - ironizo, e saio de cima dele ainda sorrindo, ele se senta do meu lado.
    - Como descobriu esse lugar? - ele pergunta.
    - Ah, longa história. - ele olha pra mim como se eu fosse contar. Eu não ia, mas decido contar - Bem, meu amigo, o Marlon, não pode beber, os pais dele não deixam, e ele tinha uma social pra ir que tinha que levar a própria bebida, ele então, deixou uma garrafa de licor comigo, que ia buscar depois na minha casa, na hora de ir pra social - ele me olhava atentamente. - só que do nada, a diretora começou a mandar os seguranças nos revistarem, parece que alguém tava vendendo drogas... eu tava com a garrafa de licor na minha bolsa, e não dava pra eu esconder. A única sala que tava por perto era essa, então eu entrei, a escada eu achei por acaso, quando eu entrei na sala, levei um susto por causa de uma barata e bati com o corpo no armário que fica na frente da escada. E foi assim que eu descobri esse lugar
    - História fascinante senhorita. E quando foi isso?
    - Ano passado. - respondo
    - Mas ano passado você tinha 16 anos certo? - afirmo com a cabeça - você já bebia?
    - Só algumas vezes.
    - Ah sim... - ele parece decepcionado.
    - Você é novo aqui não é? - pergunto
    - Sim... me mudei pra essa cidade por agora - ele responde. Olho as horas...
    - Caralho! Já é duas horas! Daqui a pouco é a hora da saída, droga, Par deve estar me procurando - me levanto rapidamente, como o tempo passou tão rápido? - tenho que ir, tchau.
    - Tchau...
Pego minhas coisas e saio correndo. Qual o nome daquele garoto? Não lembro, mas isso não importa, não vou ver ele mais mesmo. Corro pra casa, e mando uma mensagem pra Paris quando chego lá.
*Que horas é pra estar na entrada do Monte Laico?*
Envio e espero alguns segundos, até que a resposta dela chega.

*18:00, ONDE VC TAVA CARALHA?*
*Bebendo por ai, depois te vejo*

Minha mãe não está em casa. Provavelmente ela está na casa de algum cara qualquer, transando com outro cara qualquer, ganhando um dinheiro qualquer.
Não suporto isso.
Vou direto pra minha cama fico pensando sobre o menino que encontrei hoje. É uma das poucas pessoas que me fazem rir, e ele mal me conhece. Não posso me apegar, nem nos conhecemos.
Fico pensando no sorriso dele antes de adormecer.

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Espero que tenha gostado.
Sorria, seu sorriso é lindo.

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⏰ Terakhir diperbarui: Dec 05, 2016 ⏰

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