four

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  Michael encarava aquelas pessoas estranhas e tentava entendê-las.
Alguns sorriam para ele, e ele identificava alguns rostos, mas percebeu que todos ali tinham algo em comum.

Algo que, óbvio, Michael não possuía.

Todos eles eram felizes. Todos estampavam um sorriso no rosto e o usavam como se fosse uma roupa nova que viram em alguma vitrine.

Ou talvez eles apenas fingiam isso para não terem que dormir.

- O que está pensando aí?- Luke perguntou baixo, no ouvido de Michael.

Michael se virou rápido, encarando o enfermeiro. Michael não conseguia entendê-lo, o que era estranho, porque ele era especialista em ler as pessoas.

- Nada. Só observando essas pessoas.

Luke assentiu, e Michael desviou o olhar de volta para as pessoas na sala. Apesar disso, Luke ainda o olhava, como se quisesse gravar cada parte do seu rosto.

Michael estranhava a aproximação repentina de Luke, geralmente os enfermeiros (principalmente voluntários) só o dopavam de remédios e se afastavam logo depois.

Ele sabia que tinham medo dele. Tinham medo do que ele faria com eles em um momento ruim, apesar de Michael não ser um psicopata ou algo do tipo.

Ele os entendia. Ninguém realmente queria ficar perto de Michael.

- Você gosta de estar aqui? - Luke perguntou novamente, e Michael o olhou como se tivessem invertido os papéis.

Como se Luke fosse o louco, não Michael.

- Não é como se aqui fosse um parque de diversões.

Luke suspirou. Ele apenas não queria ficar quieto.

- Eu sei. É só que... as pessoas parecem legais.

Michael riu ironicamente, e Luke lutou contra o impulso de se encolher. O menor mudava de humor de uma maneira que nem mesmo a pessoa mais observadora conseguiria acompanhar.

- Não se deixe enganar. Eles também sabem fingir.

Luke assentiu, encerrando o assunto. Michael se sentiu levemente culpado, mas sabia que não podia fazer nada. Era verdade, todos ali sabiam fingir. Eles tiveram que aprender.

Creedmor não era um lugar tão alegre quanto podia aparentar. Michael perdeu a conta de quantas vezes acordou com gritos vindos de todos os lugares por mais um suicídio na escada. Ou nos próprios quartos.

Ou pessoas que simplesmente desapareciam.

Michael imaginava quando seria o dia em que iriam gritar por ele, e, sem perceber, desejou que fosse logo.

Havia uma menina, Nancy, que estava lá quando Michael foi internado. Ela não tinha nada de especial, não mesmo, ela apenas gostava de agradar as pessoas e de fazê-las sorrir. Michael não a entendia, e não sabia o porquê de sua internação. Ela era legal, estava sempre sorrindo e dizendo que a vida valia a pena.

Ela foi encontrada morta em seu quarto, aos dezesseis anos, no dia 26 de junho, seu aniversário.

Michael nunca entendeu o motivo. Ninguém nunca soube o motivo.

- O que você faz por aqui? - Luke perguntou.

- Eu leio no meu quarto.

- Certo. Que tipo de livros você lê?

- Gosto de qualquer coisa.

Luke sentia como se estivesse incomodando, então apenas observou o menor.

Michael era pequeno. Seu cabelo era roxo e sua pele branca demais. Seus olhos eram verdes e ele usava uma camisa do Green Day, que Luke havia escolhido.

Luke se perguntava se seria errado querer algo com Michael.

Sim, Luke. Seria.

O loiro desviou o olhar ao perceber que Michael estava o encarando.

- Por que você me olha tanto?

Luke pensou antes de responder, lutando contra o impulso de dizer que estava atraído por ele.

- Seu cabelo roxo é legal. - elogiou, dando de ombros.

- O quê? - Michael perguntou, e Luke sentiu um tom de indignação. Merda.

Não, não. Porra, Luke, você não deveria ter dito.

- Meu cabelo é lilás. Por favor, existem diferenças, respeite meu cabelo.

Luke conseguiu respirar. Achou que Michael ia xingá-lo por tê-lo elogiado, e se sentiu aliviado pelo comentário do menor.

- Puff. É tudo a mesma coisa.

- Luke? - Michael disse.

- Diga.

- Cala a boca. - respondeu, cansado demais para explicar que lilás era semelhante ao violeta, mas bem mais claro que o roxo. Era óbvio e fácil.

- É só uma cor, Michael.

- Você é bem irritante para um anjo.

Luke sentiu seu coração se apertar ao escutar a palavra sair da boca de Michael.

Anjo. A-n-j-o. Como Michael poderia dizer isso dele, que era a pessoa mais falha que conhecia? Como Michael poderia chamá-lo de anjo se a aura de Luke já demonstrava a quantidade de pecados que cometia a cada dia?

A verdade era que Luke era quem precisava ser salvo, não Michael.

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oioioi baes

não sei se vocês entenderam algumas coisas ou desconfiam de algo, mas esse capítulo é bem importante hihi desculpa :(

queria agradecer por vocês estarem lendo essa fanfic e queria dizer que vai ser bem sad então sorry

enfim, vamos todos se abraçar de língua

bj pra mim bj pra ti tchau tchau

insane ➸ mukeWhere stories live. Discover now