two

355 44 108
                                    

Michael não sabia como se sentir.

Deveria se sentir bem? Mal?

Na verdade, o que Michael realmente queria era não sentir nada. Bem, mal, qual era a diferença? Ele não sabia como era estar feliz.

Ele só sabia que as vozes estavam mais baixas desde seu surto.
Ele ouvia seus pensamentos e sentia sua cabeça doer, mas as vozes não passavam de sussurros. Sussurros. Ecos. Ecos sussurrados de seus pensamentos.

Sentado na cama branca da enfermaria, olhava para o teto, tentando lembrar o que realmente havia acontecido.

Talvez ele tivesse conseguido. Seria um tipo de paraíso?

Michael pensou que, se talvez aquilo fosse um paraíso, o menino loiro sentado em um canto encarando-o era um anjo.

Ele sorria para Michael e Michael o olhava e dizia que tudo ia ficar bem.

Anjo.

Às vezes Michael se sentia um anjo. Um anjo caído. Um anjo caído tentando voltar para o paraíso.

O mundo é ruim demais para a bondade de Michael.

- Você está bem? Quer que eu pegue algo? - o menino de olhos azuis perguntou. Anjo.

Michael não respondeu, apenas olhou para suas mãos e suspirou.

De repente, o garoto se levantou. Começou a andar na direção de Michael e sentou-se ao seu lado na cama.

Michael não sentia medo. Ele era um anjo.

- Meu nome é Luke. E o seu? - o anjo perguntou. Luke.

Luke. Luke. Luke. Esse nome ecoava em sua cabeça, o fazendo fechar os olhos com força.

- Michael, não é? - o anjo Luke disse.

Michael assentiu, e Luke sorriu.
Ele era lindo.

- Você... - Michael começou, com a voz fraca, fazendo Luke olhá-lo. - você é como eu?

Michael duvidava que fosse. Ele era um anjo no paraíso. Michael era apenas um anjo caído cansado da dor.

- Como assim? - Luke perguntou, confuso.

- Vem estado com dores como eu? - Michael reformulou a pergunta, olhando nos olhos azuis do maior, que não sabia o que responder.

- Você sente dor? - Luke perguntou, olhando para as mãos de Michael enroscadas nos lençóis.

Michael assentiu.

- Você não?

Luke pensou por um instante, olhando para o quarto branco e suspirando.

Ele negou.

- Eu voltei pra casa?

Luke não entendeu a pergunta, pedindo para Michael repetir. Ele repetiu e Luke ainda não entendia.

- Você é um anjo, não? Se você é um anjo, eu estou no paraíso, não estou?

Luke riu baixo, negando.

- Não, Michael, eu não sou um anjo.

- Ah.

Michael sentiu as lágrimas brotarem, então passou as mãos nos olhos e fingiu que nada estava acontecendo.

- Eu falhei, não foi?

Luke se sentia abalado e idiota por não entender as perguntas de Michael. Por que ele tinha que ser tão vazio?

- O que você quer dizer com isso?
O maior só queria entender Michael. Só queria ajudá-lo. Afinal, era para isso que tinha se voluntariado.

- Eu falhei de novo. Eu tentei. Eu fiz o que devia fazer. E mesmo assim, ainda estou aqui. Ainda sinto dores. Ainda estou quebrado. - Michael sussurrou, balançando a cabeça em negação logo em seguida. As vozes. Ele não aguentava mais lutar contra isso.

Um silêncio os envolveu. Luke apenas escutava a respiração do menor, que tentava esconder suas lágrimas.

Ele se sentia tão inútil.

- Olhe para mim. - Luke pediu, suspirando. Michael continuou encarando suas mãos. - Olhe para mim, Michael. - o menino virou o rosto lentamente, enquanto uma lágrima singela caía. - Por que faz isso?

Michael focou o olhar na parede a sua frente, respondendo a pergunta de Luke com um tom de ironia, misturado com as mágoas que vinha guardando.

- Eu destruo a mim mesmo, assim ninguém pode me machucar.

Apesar de tudo, Michael tinha seus motivos. Esses motivos vinham acompanhados de um nome e sobrenome, e um sorriso triste. Michael se sentia triste.

Luke não entendia. "Como uma pessoa pode fazer isso consigo mesma?", ele se perguntava.

Luke havia crescido assim: feliz. Com amigos, tendo tudo que queria e não sabendo lidar com as outras pessoas. Mas, como ele costumava dizer, por que ele precisaria dos outros?

Talvez esse fosse o motivo da insistência de sua mãe. Luke precisava entender a vida, precisava aprender. Ele precisava de algo. Ele precisava de alguém.

Talvez ele precisasse de Michael tanto quando Michael precisava dele.

E então, Michael se deitou, cansado de lutar tanto. Amanhã tudo voltaria ao normal. Amanhã ele acordaria desse pesadelo.

Amanhã, ele acreditava, voltaria para os braços de seu amor.
Voltaria para quem o amava, e ele o amava também.

Voltaria para os braços dele.

-------------------------

esse final ficou muito gay, meu Deus
mas eles são ne entao rçrçrç

espero que estejam gostando, ou que alguém esteja lendo pelo menos hrsibdiavwqi

bj pra mim bj pra ti tchau tchau

insane ➸ mukeWhere stories live. Discover now