2. We are comunity

10.8K 677 505
                                    


-Então, como ela está?-uma voz masculina pergunta com um tom preocupado.

-Ainda não acordou, mas foi um milagre ela sobreviver. A flecha errou por pouco o estômago.-dessa vez uma mulher fala.

-Foi um grande risco o Daryl ter trazido ela daquele jeito.-a primeira voz comenta.

-Ele é uma boa pessoa. Não poderia deixar alguém para morrer.-a mulher responde.

Finjo que continuo dormindo, ou desmaiada, eu não sei. Várias perguntas surgem em minha cabeça, quem é Daryl? Onde eu estou? Quem são essas pessoas? Uma porta se abre e tudo fica silencioso por um tempo. Abro os olhos com dificuldade, sendo atingida por raios de sol vindos de uma janela. Ao me acostumar com a luz levanto um pouco, até sentir uma pontada na barriga e volto a deitar. Respiro fundo algumas vezes e levanto determinada, apoio o peso do corpo nos cotovelos para dar uma olhada pelo lugar. É uma sala organizada, tudo limpo e bem arrumado, parece uma espécie de consultório. Acho que o apocalipse não chegou nesse lugar, seja ele onde for.

Uma mulher entra, com cabelos claros presos num rabo e óculos.

-Ah, oi. Você acordou!-ela se surpreende.-Eu vou chamar o Rick, espere um minuto.-ela diz e fecha a porta.

Procuro por alguma arma, mas não há nada perto além de travesseiros e papéis. Tento me acalmar. Eu estava machucada e essas pessoas me ajudaram, devem ser pessoas boas. Continuo receosa quando a porta é aberta novamente.

-Olá, eu sou o Rick. E não se preocupe, está segura aqui.-ele parece notar o meu receio. -Essa é a Denise, ela cuidou do seu caso.-o Rick explica, deve ser o líder.

-Onde eu estou? Há quanto tempo estou aqui?-faço as perguntas rápido, ansiando as respostas para decidir o que irei fazer.

-Calma, eu entendo que esteja confusa, mas preciso fazer algumas perguntas, tudo bem?-Rick pergunta mantendo a postura de líder.

-Tudo bem.-falo simplesmente.

-Quantos zumbis você já matou?

-Muitos. Mais do que gostaria.

-Quantas pessoas você já matou?-estranhei as perguntas, porém continuei a responder.

-Sete.

-Por quê?

-Porque não tive escolha.-respondo ao olhar para o chão.

-Certo.-ele analisa as minhas respostas.-Você é bem vinda aqui, em Alexandria, mas é claro que a decisão é sua.

Penso no que fazer, eles têm um lugar, aparentemente seguro, com pessoas boas e eu poderia ficar aqui. Ou arriscar tudo sozinha.

-Eu vou ficar.-falo ainda meio hesitante.-Meu nome é April Green. E voltando para as perguntas, há quanto tempo estou aqui?

-Uma semana.-a mulher responde.

Uma semana?! Meu Deus!

-Sua recuperação tem sido bem rápida, pode tentar andar.-Denise fala gentil.

...

Caminho para fora da enfermaria, com uma roupa limpa e carregando com um pouco de dificuldade a minha mochila, mas não as armas. Elas sumiram. Chego na frente da casa e observo alguém sentado nos degraus da varanda, quando se vira vejo que é o filho da mãe que atirou em mim. Ele levanta quando me vê, talvez esteja culpado por quase ter me matado. Se aproxima e não fala nada.

-O que você quer? Não está satisfeito por não ter me matado e veio terminar o serviço? Tudo bem.-digo irritada, sempre tive problemas para controlar meu temperamento. O cara atirou uma flecha em mim, enquanto eu tentava salvar a sua vida e ainda vem aqui sabe-se lá pra quê.

-Quem você pensa que é para falar assim comigo?-ele também se irrita.

-Uma pessoa que tentou ajudar um desconhecido e acabou quase morrendo.-respondo procurando manter a postura firme, apesar da ferida doer como o diabo.

-Eu sabia que tinha um zumbi atrás de mim.- Como assim ele sabia?

Continuo com uma expressão de dúvida:

-Então porque esperou?

-Como eu iria saber que você não era perigosa?-ele argumenta e me sinto idiota.

-Não sou como um certo filho da mãe que atira do nada nas pessoas.-falo e percebo a raiva em seu olhar.

-Vem logo. Rick pediu para te levar para a casa.-fala frio, chega a me atingir em cheio.

Andamos, ele na frente e eu um pouco mais para trás, com a mochila pesada atrapalhando o caminho. Quando percebe ele vem e pega a mochila.

-Eu não preciso de ajuda.-minto descaradamente, não quero parecer fraca.

-Só quero acabar com isso logo.-e levou a mochila como se não pesasse nada.

Suspiro pesadamente e sigo.

-É essa aqui.-ele anuncia ao chegarmos na frente de uma bela casa azul claro.

-Obrigada.-falo um pouco envergonhada pelo escândalo que fiz, num mundo desses não podemos ter tempo para brigar.-Desculpe pelo que falei.

-Tá.-responde visivelmente chateado.

-Não, sério, eu estava irritada, sinto muito.-me desculpo contrariada.

-Tudo bem.-o seu olhar suaviza um pouco. Me entrega a mochila.-E isso é seu.-me fala e entrega o arco com a aljava.

Ele continua andando, com o colete de asas que me lembra o grande desenho que tenho nas costas e a besta pendendo ao lado do corpo.

-Ei, qual o seu nome?-pergunto.

-Daryl Dixon.-ele fala e envia um último olhar para trás, então vai embora.

-O meu é April.-falo, o que não causa nenhum efeito. Nem sei porque fiz isso.

Entro na casa, é limpa e arrumada, não acredito que vou ter uma casa dessas só para mim. Subo e escolho um quarto, planejo explorar a comunidade mais tarde, mas por ora vou tomar um banho e descansar.
Ao me deitar penso em tudo que aconteceu, em Daryl e que talvez eu tenha sido injusta com ele, no lugar que estou e no passado. Acabo por pegar no sono.

...

Tretinhas...

My Angel - Daryl DixonOn viuen les histories. Descobreix ara