Depois do Fim | Negan | LIVRO UM

Capítulo 1

Para quem está aqui pelo Negan, ele aparece a partir do capítulo 8
Beijos e boa leitura!

Dor. Medo. Desespero.

Meus pulmões queimam e minha garganta dói. Vejo as árvores ao meu redor com um borrão. Estou fugindo a horas, e sei que não vou conseguir correr por muito mais tempo. Eles vão me alcançar. Eu vou morrer.

Meu pé se enrosca em uma raiz e eu caio no chão, sentindo a terra úmida na minha boca. Me levanto como se estivesse tentando correr num sonho. Minhas pernas se movem lentas demais para tamanho esforço.

Ouço galhos se quebrando, mas não são pelos meus passos. Eles estão perto. Meus olhos estão turvos pelas lágrimas. A única coisa que eu penso é em Jasper.

-Corra! - ele grita para mim.

- Eu não vou deixar você! - grito também, vendo ele enfiar a faca na cabeça de um zumbi.

- Vai logo! - ele fala de costas pra mim, derrubando mais um deles no chão.

- Sai daqui! Corre o mais rápido que puder. Não olha pra trás! Vai! - Jasper diz, mas eu não saio do lugar.

- Não vou sem você! - me desespero vendo tantos deles.

- Você precisa correr ou nós dois vamos morrer! Corre!

Ouço mais grunhidos e vários aparecem nos cercando. Começo a chorar desesperadamente. Não podia acabar assim. Nós não poderíamos morrer desse jeito, não depois de tudo que passamos.

- Vai! Agora! Eu encontro você! - ele grita e eu saio correndo, deixando para trás a única pessoa que esteve comigo durante todo esse tempo.

Eu o deixei para trás, enfrentando aquelas coisas sozinho. Ele se sacrificou por mim. Agora ele estava morto. Por minha causa, porque eu fui covarde e fugi.

Desde que as pessoas viraram monstros - que comem a carne umas das outras - Jasper sempre esteve comigo. Nós estudávamos na mesma faculdade. Quando isso tudo começou, nós fugimos para o Norte onde ouvimos falar que havia um "lugar seguro".

Ficamos algumas semanas lá, mas logo fomos atacados e tivemos que fugir.

De lá para cá, encontramos algumas pessoas, grupos pequenos, mas logo as perdemos. Era tudo extremo demais: a dor, a fome, as perdas.

A primeira providência foi a quarentena: ninguém entrava ou saia das cidades. Meus pais moravam do outro lado do estado, e não conseguimos nos encontrar. Eu não sabia como eles, minha única família estava. Provavelmente morta, mas eu me agarrava na esperança de que eles podiam estar fugindo assim como eu.

Eu só tinha Jasper. E eu o deixei.

Paro de correr e escuto, ofegante. Não tem mais som nenhum a não ser meu coração batendo rápido dentro do meu peito.

Piso de leve no chão da floresta e escuto um galho se quebrar. Olho para trás e vejo um vulto atrás de mim. Seguro a arma de Jasper, mas lembro que é inútil. Eu nem sei usar essa merda. Ele sempre esteve ali por mim, para me defender.

Seguro a arma na frente do meu corpo e mantenho o dedo no gatilho.

Escuto grunhidos e começo a correr de novo, quando vejo uma elevação e uma estrada. Subo a inclinação cravando os dedos na terra, e quando estou quase no fim, algo puxa meu tornozelo. Tento me soltar do morto vivo balançando meu pé, mas é em vão.

Meu pé entra por entre as raízes do barranco, e quando o tento puxar, uma dor maldita me faz gritar. Consigo me soltar e me arrastar até a beira da estrada com ele ainda segurando meu pé.