Capítulo 22 - O gancho necessário.

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López encontrou um mausoléu, tudo empoeirado, o sofá vinho, o criado-mudo, a televisão e a bancada perto da cozinha, onde havia um homem cozinhando de costas.

- Chegou rápido, gosto assim. - virou-se Abave Palani. Desligou o fogão.

- Os negócios são importantes tanto para você quanto para mim. - respondeu Augusto ao se aproximar da bancada e sentar na cadeira. Repousou a maleta preta em cima, próxima a um livro vermelho. - Não consigo acreditar que o Robert e a Sandra conseguiram viver neste chiqueiro. Você teve muita sorte em vender este lugar.

- Não é tão ruim quanto parece, só precisa de uma boa faxina. - Palani enxugava as mãos numa toalhinha e andou até o homem. - Você conhece esse livro aí em cima? - ele apontou para a capa vermelha.

López esticou o pescoço, observou a capa e o leu "Contos de Águas Escuras" de Wakenah Allano.

- Nunca ouvi falar. - ele também negou com a cabeça. - Trata-se de quê?

- É um livro de contos infantis, a maioria são fábulas. - Palani debruçou na bancada com os cotovelos. - Tem dragão vermelho, etzinhos, uma família de polvos felizes e várias outras baboseiras, além de um tigre e leopardo falantes.

- Animais que falam... que interessante. - ironizou Augusto. - É isso que tem nas fábulas, meu amigo.

- E é isso que tem em Aquala. - completou Palani. - Wakenah Allano morreu há muito tempo ou está perdido por aí, ele é conhecido como um viajante do tempo. Este livro eu consegui com a ajuda de Caroldo, que entregou a Denzalio e, de mão em mão, chegou aqui. O conteúdo é um reflexo da realidade, o que existe no livro, existe entre nós, por isso a SAECI destruiu todos os outros exemplares. É considerado perigoso.

- O quê você pretende fazer com ele? - indagou López.

- Vou reler mais de uma vez para encontrar uma solução. - ele observava a capa em suas mãos. - Quando a resposta vier até mim, eu a entregarei para... você sabe... para Ele.

- Ele? - repetiu Augusto, afinando os olhos. - Nunca o vi, Ele nunca apareceu para mim.

- Ele está nas paredes, pode ouvir você, sabe da sua existência e é ciente do seu apoio. E não me venha com esse papinho agora, meu amigo, senão não teria uma bela miniatura de escaravelho na mesa de sua sala. Os escaravelhos são os olhos Dele.

- Tenho a esperança de um dia entender toda essa sua devoção.

- Sabe... eu tive uma infância marcante em Longamínis e em Émi'Lian. - falou Palani, botando o livro de volta na bancada. - Era um corredor zarminiano, assim como o Alan. É um esporte brutal, mas eu adorava. Até que o meu coração mudou na adolescência. Sofri um acidente e fui levado às pressas para o centro Osíris. Nunca mais pude voltar. Fui deportado de volta pra cá. Não me deixavam retornar para Aquala.

- O quê aconteceu de tão grave?

Palani respondeu levando a mão ao peito, no lado esquerdo.

- Marcapasso. - disse ele. - Eu tentei mais de duas vezes, mas as manleiras não me deixavam subir num zarmo e embarcar. Falavam que as regras não permitiam. A partir dali, eu comecei a odiar aquele planeta, meu coração começou a bater diferente por ele. Entrei com recursos em Atlântida e o máximo que puderam fazer por mim foi o cargo de Embaixador, o que serviu mais como punição do que ajuda. Eu assistia tudo de longe em telões, algo perverso pra mim. Lá eu conheci Caroldo e seus planos, acabei mergulhando e me afundei. Contudo, encontrei a luz no fim do abismo, e essa luz é roxa. Desde então eu estive ao lado de Tertius, o único que me acolheu. Consegui desviar muito dinheiro público, o que ocasionou na greve das manleiras. E aí consegui me vingar daquelas putas. Foi na época em que Atlântida começou as experiências em animais, consciência implantada... um tigre siberiano chamado Baltazar e um leopardo-de-amur nomeado Duval. A SAECI interveio, alegando crime, e os levaram para onde?

Aquala e o Castelo da Província (vol. I)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang