CAPÍTULO 7 - DEBAIXO DO SEU NARIZ

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Um olho se abriu e, depois, o outro, assim que a lentidão trabalhava no corpo cansado de Thomas. Não estava mais na sala de aula, e sim acordando em sua cama. Pouco a pouco, focava Felipe um pouco distante, andando de um lado para o outro, com uma fisionomia nem um pouco séria. Para falar a verdade, ele até sorria sem controle, parecia bastante feliz, só podia ser alguma coisa realmente com um contágio incontrolável de alegria. Thomas estava acordando de uma noite pesada, de dor, e o melhor amigo gargalhava. Não podia ser verdade.

– O que tem de tão engraçado? – o garoto ajeitava-se no lençol.

– Você está bem? Graças aos Deuses!

– Deuses? Espere aí... este é o meu quarto?

– Finalmente acordou! – falou Sofia – Se você não levantasse, sua cama levantaria. Como você dorme! – ela riu.

– Está melhor mesmo? Sente alguma dor? – Laura sentou-se na cama, ao lado dele.

– Não sinto dor alguma e, para falar a verdade, eu me sinto muito bem, mas tive um sonho muito estranho.

– Sonhos estranhos não fazem nem um pouco parte da sua personalidade, isso é incontestável – falou Felipe.

– Não costuma ter sonhos muito comuns, não é? – Laura pôs o dorso de sua mão na testa de Thomas.

– Muitas vezes, eu não lembro, mas, esses dias, eu tenho sonhado muito com navios, naves... e várias coisas diferentes – ele sorriu, meio sem jeito.

– Me conta mais.

– São várias coisas inúteis na minha cabeça – ele sentou-se, agora com as pernas para fora da cama – Eu queria fazer uma pergunta, eu lembro que você falou que vinha de Aquala. Onde fica esse lugar?

Laura gaguejou e, por uma sílaba, a palavra não saiu por inteiro. Ela ficou nervosa o suficiente para Thomas entender que havia algo que deveria ser contado. Ele a olhou, franziu a testa e nada pôde compreender.

– Por que está me perguntando isso agora? – a garota engoliu em seco.

Ele abriu a porta do armário e pegou o Dicionário de Bolso na gaveta de livros, mas uma coisa o chamou a atenção, não tinha mais nada escrito. Todas as definições não estavam mais lá como deveriam estar, simplesmente sumiram.

– Onde foram parar? Não estou ficando maluco. Eu li aqui, estava escrito que Aquala é um outro planeta.

– Que absurdo! – exclamou Sofia – Óbvio que não, Thomas. Mas nos fale sobre o sonho, sempre gosto de ouvi-los, me fazem refletir.

– Com certeza! Você é uma menina muito culta! – debochou Felipe.

– Cala a sua boca, seu doente. Nem sabe o que significa refletir – ela cruzou os braços e olhou para Thomas, ignorando o garoto.

– Eu vim de Aquala – contou Laura – Isso não é segredo para quase ninguém.

– Do planeta Aquala? – ele riu.

Ela ficou séria e perguntou como foi o sonho.

– Esse foi estranho demais comparado aos outros. Estávamos na aula de história quando um monstro enorme entrou e jogou um líquido nojento em mim.

– Não foi um sonho – Laura disse com convicção.

– Como assim não foi?

– Simplesmente não foi – Sofia a ajudou – Foi tudo real.

– Não pode ter sido, vocês estão brincando comigo.

– Tanto foi verdade que eu joguei uma enorme estaca da parede para distrair aquele animal.

Aquala e o Castelo da Província (vol. I)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora