O Príncipe e Eu [Completo]

Capítulo 36

Acordar no outro dia e lembrar da noite passada não tinha sido muito bom. Estávamos bem, mas fingindo que nada tinha realmente acontecido. Já tínhamos brigado antes, como quando descobri sua identidade real que ele tinha me escondido mesmo depois que começamos a namorar, mas dessa vez tinha sido diferente. Tinha sido tenso.

Estávamos sentados, tomando café da manhã. Eu fingia estar lendo o livro "Sissi – A Imperatriz Solitária"¹ que ele tinha me presenteado quando fiz a prova da UniVin. Ele disse "Se vai morar aqui, você tem que conhecer ela" e, por mais que eu tenha devorado os primeiros dois capítulos, no momento eu estava empacada na mesma página, as palavras dançando na minha frente entre um gole e outro.

E Franz não estava muito diferente de mim. O jornal estava aberto a sua frente, na sessão de esportes, mas desde que abriu pela primeira vez ele não tinha virado uma página. Assim como eu percebi isso, ele também deve ter percebido que não virei uma página do meu livro.

Ele estava vestindo uma calça caqui e um suéter cor de vinho que acentuava o tom claro da sua pele e a cor de seus olhos. Quando ele estava tão lindo assim eu me perguntava o que ele estava fazendo comigo? Talvez uma modelo magra e esguia se adequaria mais a sua beleza de homem que saiu dos sonhos infantis e adultos de mulheres apaixonadas.

Em contrapartida eu tinha vestido um vestido florido e meia-calça, a qual eu estava muito mais à vontade em usar, para me proteger do frio que estava se tornando cada vez mais forte.

De repente ele abaixou o jornal com um farfalhar, me atrapalhando no meu fingimento de leitura.

- Isso é ridículo! – Ele disse apoiando os braços dobrados na mesa. – Temos que falar sobre o que aconteceu ontem.

Respirei fundo e fechei meu livro.

- Sim.

Ficamos em silencio apenas nos olhando.

- Eu pensei que íamos conversar. – Eu disse quando ambos continuamos calados.

Começamos a rir, até ficarmos calados novamente.

- Lizzie, o que realmente aconteceu ontem?

- Primeiro foi aquela amiga de Sofhia, Hellen. Ela falou algo que não me deixou confortável.

- O que ela falou?

- Conversávamos sobre a mudança de Helen e Marius para Nova York e eles fizeram perguntas sobre a cidade. Até aí tudo bem. Mas depois perguntaram se eu trabalhava e eu respondi que não, com isso Helen fez uma insinuação.

- Que insinuação? – Ele perguntou com o cenho franzido, sua atenção totalmente voltada para cada palavra que eu dizia.

- Ela deu a entender que por você ser rico eu não precisava trabalhar. Basicamente ela deu a entender que você me... bancava. E eu não pude deixar de pensar no quanto de verdade essa fala dela tinha.

- Lizzie... – ele disse como quem não vê problema na situação.

- Não Franz, escuta. –Eu disse com força. Ele tinha que entender o que eu queria dizer. - Eu não posso fechar os olhos para o que estou vivendo. Esse apartamento onde eu moro, pelas pessoas que moram aqui não deve ser barato. De alguma forma, magicamente de semana em semana a geladeira fica abastecida e quando saímos sempre é você que paga. Quando fui em sua condecoração eu usei um vestido caro, que eu tenho certeza saiu do seu bolso. Então não posso deixar de pensar que essa seja a verdade.

- Mein geliebter². – Ele disse embrulhando minha mão direita nas suas, sorrindo torto. – Isso não é nada. Você mesmo falou a pouco eu sou rico.