Vinte e um - Alice

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– O que você disse? – ele perguntou. Tobias podia estar acostumado com as minhas respostas atravessadas, mas não comigo contradizendo aquilo que ele dizia.

– Eu disse - continuei, pacientemente, sem tirar os olhos dos dele. – que não vou sair daqui.

Tobias olhou de um lado para o outro sem mexer a cabeça, parecendo completamente perdido.

– Por que?

– Porque, Tobias, quero ficar aqui com os Trent. – respondi. – Com o Jax. Aliás, não era você que queria tão desesperadamente que eu ficasse com o Jax? Pois então.

Tobias piscou algumas vezes e depois chiou de novo, pulando da beirada da banheira para a cadeira que comportava minhas roupas sujas.

– Fico feliz que você e o príncipe Trent tenham finalmente se entendido, e é precisamente por isso que você não pode ficar aqui. Se Quentin aparecer...

– Ele já apareceu – interrompi. Os olhos de Tobias dobraram de tamanho. – Há alguns dias, no Buraco. Ele... ele falou comigo.

Tobias parecia prestes a ter uma síncope.

– Me diga que você não disse nada que pudesse sugerir, nem remotamente, sua relação com Jax Trent, princesa.

Automaticamente levei minha mão ao pescoço, lembrando da marca que Jax tinha deixado ali e que Quentin tinha visto.

Tobias estreitou os olhos.

– Princesa...

– Tobias – interrompi. – Eu já falei com o Jax. Nós vamos cuidar disso. Não sei exatamente como, mas vamos. – acrescentei. – Só não... hoje. As pessoas estão todas comemorando, eu não posso simplesmente sequestrar o Jax e fugir com ele daqui.

Tobias ergueu o que devia ser sua sobrancelha esquerda.

– Não pode ou não quer?

Bufei. Gato estúpido.

– Não quero. – disse por fim. – Tobias, falando muito sério... Qual é o seu interesse no Jax? Por que você nem sequer aparece pra ele?

Tobias começou a revezar olhares entre mim e qualquer outra coisa.

Tobias - insisti.

Ele chiou antes de me olhar.

– Porque não quero me ele me reconheça. – disse.

– Qual é o problema dele te... –

Mas Tobias já tinha se jogado janela abaixo, provavelmente descendo pelas árvores altas que cresciam nos arredores da hospedaria. Claro. Ele preferia fugir ao me encarar, não sei por que tinha esperado alguma coisa remotamente diferente daquele monte de pelos.

Terminei meu banho, sofrendo para tirar toda a lama dos meus cabelos, e me deixei demorar na água morna da banheira até ela começar a esfriar e eu ouvir duas batidinhas na porta.

– Alice? – chamou a voz. Era Sebastian. – Está tudo bem?

Me enfiei na água como pude para tirar o resto do sabão. Há quanto tempo eu estava tomando banho? Eles provavelmente achavam que eu tinha me afogado na banheira ou algo assim.

– Sim! – gritei, começando a me levantar. – Tudo certo, já estou indo.

Sebastian não disse mais nada, mas ouvi o barulho de suas botas descendo as escadas e deduzi que ele já tinha saído dali. Não era muito conveniente ter uma porta que simplesmente não trancava.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora