Capítulo XXXVII | Embarrassed

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Todo apoio e consolo aos fãs de Ariana e as famílias das 22 perdas no atentado em Manchester.

//A•TRA•PA•LHA•DO// 1Pessoa que está embaraçada, confusa, nervosa 2Estorvar, perturbar. Por em desordem, confundir, embaraçar.

C A P Í T U L O     XXXVII

“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso.” O Pequeno Príncipe

Qual é o seu livro?  — Perguntou-me ela. 

Curiosidade era a palavra que emergia os olhos de Florence Hemingway, o tal interesse em descobrir algo em mim que diria ser misterioso. Eu não me importava certamente de responder desde que não fosse tão longe. Eu dei de ombros pensando em algo que não demonstrasse tanto interesse, na verdade, lembrava-me dos livros que minha mãe costumava ler para mim, livros com palavras complicadas, histórias complicadas para uma criança de dez anos.

Uma única vez, quando insisti para que comprasse um livro de que havia lido na escola, Anne acariciou meus cachos e sorriu-me no Hall de entrada, disse-me que iria buscar o livro.

Ela nunca deixava-me só, mas naquela tarde disse que teria de ir sozinha. Disse que voltava já e que eu não deveria abrir a porta para  ninguém, “pois o mundo é cruel as vezes” , lembrava-me dessas palavras o que fazia-me ficar dentro de casa e obedecer minha mãe. Mas enquanto algum tempo fora se passando, percebi como a noite caía e a sua sombra escura caminhava entre os corredores da casa. Os cômodos se escureceram e apenas a luz da lua que provinha das janelas, iluminava algumas  partes. Eu não tinha medo, mas queria a minha mãe ali.

Eu me encontrava sentado no chão da sala, tinha lápis coloridos e folhas espalhadas ao meu redor. Eu desenhava o que costumava sonhar, ouvir, ver...porém aquilo que obtinha algum significado para mim. No centro do papel havia duas andorinhas voando, não muito caprichado, um perfeito desenho de  criança. - As desenhava, pois uma lembrava-me de tê-las visto na janela de meu quarto em uma  manhã. Observei com cautela as duas criaturas livres e imaginei à mim e minha mãe. Livres.

Ouve-se uma batida na porta, caminhei até lá e olhei pelo olho mágico na ponta dos pés. Era um homem pela sua silhueta na escuridão daquela noite. Tinha cabelos atirados para atrás e estava de lado. Um cara alto. E por um momento pensei nas recomendações de Anne. Ele era um estranho e eu não deveria abrir a porta, mas ele me parecia tão familiar que fiquei por breves segundos o observando, até que este virou-se para bater novamente e assustei-me. Olhos verdes, tão verdes esmeraldas quanto os meus. Eu caí de costas e apressei-me para levantar, ainda a ouvi-lo perguntando se havia alguém aqui.

Tem alguém ai? — Perguntou ele. — Anne? Estás aí?

Talvez fosse meu pai, eu não sabia, mas eu era apenas uma criança como qualquer outra. Otimista. Esperançosa... Ingênua. Abri a porta com lentidão e receios, revelando um cara alto, sua postura séria; e ele com traços tão semelhantes aos meus, olhou-me com confusão. Aquele olhar.

Quem és tu? — A confusão emergindo em seu olhar.

Harry. Quem é você? — Perguntei de volta, segurando a porta como um escudo. O homem demorou alguns segundos para voltar a falar antes de negar com a  cabeça. Parecia pensativo, analisando sobre sua expressão franzino.

The Butterfly Effect | H.SOnde as histórias ganham vida. Descobre agora