Capítulo 24

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O futuro é assustador. E quando você sabe o que o futuro reserva, talvez, seja ainda mais assustador. O fato de saber não significa que a aceitação se torna mais fácil. A morte está sempre à espreita. Esperando por nós, tentando nos beijar até a hora do clímax chegar.

Pierre olhou para mim como se eu fosse uma louca. E talvez eu merecesse esse olhar. O que eu estava dizendo? Milagres? Mas isso foi a primeira coisa que me veio à mente.

— O médico deu-lhe dias limitados, Jennifer. — Pierre disse, com o rosto sombrio. — Eu realmente não acredito em milagres agora.

Mordi a língua. Eu não deveria ter dito isso. Essa foi a coisa errada a dizer.

— Sinto muito, Pierre. Eu só estava tentando fazer você se sentir melhor.

— Isso não me faz sentir melhor, Jennifer. Apenas torna tudo pior. — Pierre virou-se para mim.

— Sinto muito. — eu sussurrei.

Pierre olhou para mim, a raiva brilhando em seus olhos.

— Será que dizer deixa tudo mais fácil? Nada vai tornar tudo mais fácil.

Lágrimas ameaçaram abrir caminho no meu rosto com a forma como ele estava falando comigo, mas eu sabia que tinha que ser forte. Ele estava com raiva porque não podia fazer nada para salvar Andreas.

— Eu vou olhar como Andreas está. — eu murmurei.

Antes que eu pudesse ir embora, Pierre murmurou.

— Ver se ele está vivo? Eu já fui olhar. Ele está.

As lágrimas que eu estava segurando, fluíram pelo meu rosto.

— Eu estou indo embora então. — eu murmurei. Antes que Pierre pudesse dizer qualquer coisa, eu corri para fora de seu apartamento.

Uma parte de mim queria que Pierre me seguisse. Mas ele não o fez. Eu rapidamente entrei no elevador, engolindo um soluço. Quando cheguei ao lobby, Gus ficou surpreso em me ver. Ele me olhou como se eu tivesse chifres.

— Senhora?

— Você deve subir.

Saí do edifício rapidamente e chamei um táxi. Mantendo minha cabeça para baixo, eu disse ao motorista meu endereço. As palavras de Pierre ainda estavam na minha mente.

Meu telefone tocou e eu tirei rapidamente da minha bolsa, esperando que fosse Pierre. Um tremor duro saiu dos meus lábios quando eu vi que era Adrian.

— Oi, Jenny! — a voz alegre de Adrian me cumprimentou. — Onde você está? Eu estou no seu café.

— A-Adrian. — Minha voz se quebrou.

Eu imediatamente senti a mudança de Adrian, apesar de estarmos no telefone.

— O que aconteceu?

— Pierre. — eu consegui sussurrar.

Eu ouvi Adrian murmurar algumas palavras duras, fazendo-me estremecer.

— Onde você está?

— Indo para casa. — eu respondi, grata que minha voz estava contida agora.

— Eu te encontro lá.

***

Uma coisa boa sobre dar ao seu melhor amigo uma chave da sua casa, é que ele não precisa bater. E isso funcionou muito bem quando eu estava na cama, quase colocando meus olhos para fora com tantas lágrimas.

Adrian entrou no meu quarto e vi a surpresa em seu rosto. Nunca chorei. Eu me orgulhava disso. E agora, aqui estava eu, chorando como uma menininha de cinco anos a quem lhe foi negado seu doce favorito.

Resistindo a Ele Where stories live. Discover now