Capítulo 21

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Dizem que um adeus machuca mais que tudo. Que abraçar e beijar uma pessoa não é suficiente quando elas partem. Mas o que acontece quando você não tem a chance de dizer o adeus? E se a pessoa não estiver lá na manhã seguinte, para que você possa dizer adeus?

Devastação. Raiva. Mágoa. Traição. Medo. Estas são as emoções que sentimos, em poucas palavras. Devastação porque nos deixou sem uma despedida apropriada. Raiva e mágoa, pela mesma razão. Traição, por não ter sido tratada como deveria. E por último, medo. O medo de que nunca voltemos ver a pessoa novamente. Que talvez o tempo que passamos com ela fosse limitado.

Isso era exatamente como eu me sentia quando eu acordei em uma cobertura vazia. Bem, não vazia, exatamente. Mas eu não acho que Adrian contasse para algo.

Pierre tinha me deixado, na manhã seguinte que eu concordei em ser sua namorada. Fiel à sua palavra, nós não transamos. Ele, na verdade, não fez qualquer coisa remotamente sexual. A única coisa que fez foi me abraçar. Mas eu não posso negar, eu adorei dormir nos braços dele. Mesmo que tivesse acordado com frio em seguida.

Eu estava além de surpresa ao ver Adrian no bar em vez de Pierre. Aparentemente, Pierre tinha trabalho a fazer, e não pôde esperar para me acordar. E ele não retornaria do "trabalho" nos próximos quatro dias. E depois desse tempo, já era hora de ir embora. 

Mesmo assim, quando Adrian e eu nos sentamos na sala de espera do aeroporto, eu ainda esperava que Pierre aparecesse para se despedir, pelo menos. Talvez eu estivesse esperando por uma daquelas cenas de filmes em que o cara corre para o aeroporto quando a garota está prestes a sair. Luta com uma centena de pessoas para chegar até ela. E quando o faz, ajoelha-se diante dela e pede desculpas de tal maneira que a menina não pode dizer não.

Mas nada disso aconteceu para mim. Eu não tinha ouvido falar de Pierre em quatro dias. Eu não queria ligar para ele e parecer desesperada. Mas eu estava sentindo falta dele. Mais do que tudo que eu conhecia. Ele era como o meu café. E o meu café era equivalente a roupa para mim. Meus meios de sobrevivência.

— Jenny. — Ouvi Adrian dizer e olhei para ele interrogativamente.

— Chamaram nosso voo. — Disse ele. — Vamos.

Dei-lhe um sorriso forçado. Então andei com ele para a fila, com um sentimento agridoce crescendo dentro de mim. Estas não tinham sido exatamente as férias que eu imaginei que seriam, mas foram incríveis em muitos níveis. Quando olhei para Adrian tentando agir indiferente, eu percebi o quão egoísta eu estava sendo.

Eu estava sonhando como uma boba e amaldiçoando Pierre como uma vaca ordinária, mas ele tinha passado por mais coisas que eu nestas duas semanas. Passou de trabalhar todos os dias com pai, quase assumindo empresa da família, para o filho que eles não queriam mais ver nem pintado de ouro. 

Eu estaria mentindo se eu dissesse que detestava seus pais. Que tipo de pais faziam uma coisa dessas? Mas eu sabia que agora não era o momento para falar sobre isso. Adrian precisava de distração e eu sabia exatamente o que seria essa distração.

— Dorme na minha casa. — Eu sorri para Adrian quando entramos no avião. Adrian ergueu as sobrancelhas.

— Se você está planejando algum tipo de intervenção para mim, eu adianto que estou completamente bem. Não quero festinhas do tipo que você faz. — Ele disse de uma forma tão pouco convincente que uma risada escapou dos meus lábios. Na certa ele devia estar lembrando da vez em que eu contratei dois dançarinos de boate para alegrá-lo porque ele levou um chute de um cara.

— Não, Adrian. Apenas nós. E um monte de garrafas de vinho e chocolate. E Magic Mike, se voccê quiser.

Os olhos de Adrian se iluminaram com a menção de Magic Mike. Ele amava o filme. Tínhamos assistido quase uma centena de vezes. Nenhum de nós perdia a oportunidade de ver aquele monte de homem quase nus, nos oferecendo sexo e todo tipo de libertinagem.

Resistindo a Ele Where stories live. Discover now