Capítulo 12

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Há algumas coisas na vida que não importa o quanto você tente, você não quer aceitar. Nós sabemos que é verdade, mas a apreensão não nos deixa acreditar. A possibilidade de ser algo tão horrível, que apenas pensar que pode ser real é inaceitável, nos assusta. E agora, olhando para Pierre, eu sabia que ele estava digerindo mal esta notícia. Não é todos os dias que a simples dona de um café pequeno, diz que ela é herdeira de uma empresa de bilhões de dólares.

Pierre olhou para mim como se eu tivesse acabado de falar aramaico. Olhei para Adrian, que parecia tão nervoso quanto eu me sentia. Ele andou ao redor da sala e eu apenas olhava para o chão, desejando que um buraco se abrisse e me engolisse. De repente, a idéia de fugir daqui não me pareceu tão ruim.

— Você é filha de Frederich e Shelly Harrison? — Pierre finalmente estourou, uma acusação subjacente em sua voz.

— Sim. — Eu respondi, quase me dando tapinhas nas costas porque minha voz saiu forte.

— Tem certeza? — Pierre perguntou e eu levantei minhas sobrancelhas para ele. Ele rapidamente pegou minha expressão e olhou para longe. — Mas eles não... — Pierre parou, esperando por mim para preencher os espaços em branco para ele.

— Eu fui colocada para adoção por eles. Eles não me queriam. — Eu respondi, com nenhuma emoção na minha voz.

Eu não me importava. Fui criada em meio ao trabalho duro, amando os meus pais atenciosos que significavam o mundo para mim, e se em alguma coisa eu estava grata aos Harrison, é o fato de eles realmente terem me colocado para adoção. Eu não iria jamais me afastar dos meus pais só porque o doador dos espermas e a barriga de aluguel apareceram. De jeito nenhum.

Pierre não tinha nada a dizer. Talvez não fosse o momento certo, mas eu estava feliz por ter sido capaz de deixá-lo sem palavras. Eu já tinha descoberto que não eram muitas pessoas que poderiam fazer isso. E eu fui um dos poucos privilegiados.

Adrian quebrou o silêncio na sala.

— Ok Pierre, antes de tudo, sente-se. Não podemos ter você andando por aí como um louco. Jenny, conte a ele. Depois disso, vamos decidir o que fazer daqui em diante. Feito?

Pierre não respondeu, mas sentou-se ao meu lado. Ele olhou para mim com expectativa e eu tomei uma respiração profunda.

— Eu vou precisar de um encorajamento. — Eu murmurei, levantando-me e tirando uma garrafa de uísque do mini-bar. Eu derramei um pouco em um copo, adicionando um pouco de coca cola a ele. Eu não podia beber aquela coisa crua, mesmo se minha vida dependesse disso.

— Jennifer? — Pierre disse, e eu me virei.

— Olha, — eu murmurei, — sem pressão, ok.

Ambos os irmãos esboçaram um sorriso por isso, e por um momento eu fiquei atordoada com a semelhança entre eles.

— Uma coisa. — Eu comecei a dizer, mas Pierre me cortou.

— Ninguém deve saber? Eu percebi essa parte.

Apertei os olhos para ele, minha mente imediatamente pensando em uma resposta sarcástica, mas mantive o silêncio, na sequência dos recentes acontecimentos.

— Cerca de seis meses atrás, Frederich apareceu no meu café. Ele me disse que eu era sua filha, e que eles precisavam de mim... — Comecei a lembrar-me daquele momento.

[...]

— Você é minha filha e de Shelly, Jennifer. Você é uma Harrison. — Ele disse, sua voz cheia de emoção.

— Claro. — Respondi sarcasticamente. — Assim como chovem cães e gatos todos os dias.

Frederich Harrison olhou para mim. Eu levantei minhas sobrancelhas para ele. Falei sem esperar que ele me dissesse mais qualquer coisa.

Resistindo a Ele Onde as histórias ganham vida. Descobre agora