Capítulo 13 - Feliz Aniversário!

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- Sua prima é maluca. – foi o comentário da mamãe no caminho pra casa – Casar! De onde ela tirou essa idéia?

- É a Nana, mãe. – dei de ombros, mudando as estações do rádio do carro – Ela é bem dada a coisas desse tipo.

- Sim, mas CASAR? – ela riu, inconformada – Ela é só uma menina! E esse rapaz, esse... Pierre! – ela disse o nome dele como se fosse alguma coisa suja – Ele nem é daqui! Como vamos saber se ele não está enrolando a sua prima?

- Eles já se conheciam, parece que ele trabalha na agência que levou ela pra França no começo do ano ou sei lá. – contei, e logo percebi que não devia ter dito. Mamãe me olhou, indignada.

- Você já sabia disso?

- Eu... sabia sobre ele.

- Como não falou nada? Há quanto tempo isso está acontecendo?

Graças a Deus eu não precisei responder. Ela ficou falando sobre todos os motivos que levavam a Giovanna a ser uma completa desmiolada, imatura e irresponsável, e como os meus tios deviam estar enlouquecendo àquela altura do campeonato. Eu a ignorei dormindo durante o trajeto.

Quando chegamos, a minha mãe subiu na frente enquanto eu fui com o Edson até a vaga onde estava estacionado o carro do pai dele – com o qual ele viera até o meu condomínio. Ninguém falou nada. Nós sequer andávamos de mãos dadas. Era tão incômodo estar na presença dele que o silêncio era bem vindo. Meu coração acelerou quando pensei que podia aproveitar a oportunidade pra terminar com aquilo de vez.

Mas assim que chegamos ao carro, minha coragem foi pro ralo, e eu me limitei a dar boa noite pra ele antes que ele entrasse no carro e fosse embora. Andei lentamente de volta pro meu prédio, me xingando por ser tão covarde.

Claro que eu devia saber que adiando o inevitável, eu acabaria estragando tudo.

Na escola, na segunda-feira seguinte, não se falava de outra coisa além das fotos da Giovanna com o francês gato, postadas em sabe-se lá quantos sites da internet, e daquele gigantesco anel de diamantes empoleirado na mão direita dela. Precisei me desvencilhar de pelo menos dez garotinhas curiosas e inconvenientes pra conseguir chegar até a mesa onde todo mundo já estava sentado.

Me sentei ao lado do Diego, que estava com a testa franzida fazendo algum exercício de química – o que me lembrou que, graças ao evento catastrófico e aos meus problemas com o Edson, eu tinha esquecido de fazer a droga da lição de casa. Eu me demorei mais do que o necessário olhando pra ele enquanto ele estudava. Acho que nunca ia me acostumar com essa versão tão... gata dele. Não dava pra comparar aquele cara que estava do meu lado com o nerd de óculos e calças chegando no peito que ele costumava ser.

Corei quando ele ergueu os olhos e me pegou olhando pra ele que nem uma perfeita idiota. Tentei disfarçar com um sorriso, mas não rolou, então simplesmente olhei pro lado e dei um bom dia. Ele apontou pro livro.

- Você fez? – perguntou. Fiz uma careta.

- Nem lembrei. – falei, bufando – Posso copiar depois?

- Sem problemas.

Sorri agradecida, e me perguntei o que seria de mim sem o Diego numa hora dessas. Eu não tinha feito nem metade das minhas lições de casa naquele ano. Copiava tanta coisa dele que não entendia como os professores não desconfiavam. A única condição dele era que eu não colasse dele nas provas.

- E ai, seu aniversário é semana que vem, né? – ele perguntou, meio que pra puxar assunto, sem olhar pra mim. Como ele conseguia resolver fórmulas químicas E manter uma conversa ao mesmo tempo? Era antinatural!

O Diário (nada) Secreto - vol. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora