Capítulo 5 - O Que Acontece na Festa...

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Ok, eu não tinha razão nenhuma para estar feliz quando Abril chegou. Eu estava me dando mal em todas as matérias que incluíam cálculos, o bimestre estava no fim e meu namorado e eu estávamos mal.

Tipo, muito mal.

Eu e o Edson ainda não tínhamos nos resolvido. De modo não dito por ambos os lados, resolvemos apenas continuar vivendo e convivendo e tentar consertar as coisas dessa forma. Não estava dando muito certo. Mas quem precisa de diálogo, afinal?

Fala sério.

As minhas expectativas praquele que tinha tudo para se tornar o mês bomba começaram a ficar um pouquinho melhores quando a super mala e fofoqueira número um do Santa Rita, Ariane, apareceu com um bolo de folhetos de festa. Eu peguei um sem nem pestanejar e levei pra mesa.

- O que é isso? – o Antônio me perguntou. Eu fiquei boba por um segundo pensando que ele estava falando comigo. O gato absoluto, falando comigo.

Mas ele estava falando com a Lana, claro. Como sempre. Mesmo com o Diego do lado dela, era como se ele nem existisse. Eu nem sei por que eles ainda estavam juntos se ela tão obviamente só tinha olhos pra um. Que não era ele.

- Festa do Beijo. – foi a Sabrina quem leu, se divertindo. O folheto era cheio de desenhos de bocas e holofotes coloridos – Primeira festa de arrecadação de fundos pra formatura.

- Espera até as Irmãs verem isso! – a Giovanna exclamou, se referindo às freiras que circulavam e basicamente redigiam o colégio.

- Quando vai ser? – alguém perguntou. Olhei pra cima e revirei os olhos. Marina.

- No próximo final de semana. – a Giovanna respondeu. Ela assentiu.

- Vocês vão? – quis saber, mas estava olhando pra mim.

- Claro! – todo mundo disse em uníssono. Embora eu tivesse tido muita vontade de dizer “depende: você vai?”

Naquela semana, só se falou da festa do Beijo. O terceiro ano parecia estar muito animado, pois as vendas, que começaram no dia seguinte, iam de vento em polpa. Ao que parecia, tudo seria pago, desde o convite – dez reais – até as bebidas.

Comprei um pra mim sem nem me preocupar com o fato de que o meu namorado não estava sabendo de nada. Eu não queria que ele soubesse. Queria sair e deixar ele pensando onde eu tinha ido. Queria que ele sofresse um pouquinho.

Geralmente, essa é a parte em que a gente percebe que as coisas estão começando a afundar. Mas não eu. Ah, não, eu sou cega demais pra isso.

Quem me dera tivesse visto antes.

Aquele final de semana chegou muito rápido. Por alguma razão milagrosa, minha mãe me deixou sair – não que eu ache que teria como ela não deixar, já que eu estava com o convite na mão e disposta a derrubar a porta se fosse preciso. Eu estava estressada. Precisava de uma festa. Então eu fui.

Peguei carona com a Lana, que tinha pegado carona com os pais do Diego – então, basicamente, lá estávamos nós, eu, ela e seu namorado, Lolita como o grande castiçal da história. Castiçal apagado, devo acrescentar. Não tinha mais o menor clima entre eles. Mal seguravam as mãos.

Chegamos na festa mais ou menos dez horas, e já parecia cheia. Era num salão alugado bem simples, mas com caixas de som bem potentes. Dava pra ouvir de fora a música gritando lá dentro. Uma vez lá, encontrei todo mundo em questão de minutos e, teoricamente, a festa começou.

Teoricamente porque estávamos eu, a Giovanna e a Sabrina sentadas numa mesa enquanto a Lana e o Diego conversavam em outra, o Antônio circulava e a mala da Marina, graças a Deus, tinha descido pelo ralo no banheiro. A música estava boa, mas ninguém estava dançando. Éramos só a recém-solteira (Sabrina), a frustrada (eu) e a apaixonada (Giovanna) olhando o movimento.

O Diário (nada) Secreto - vol. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora