cap 23- parte 2 (final)

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No caminho de volta para casa, buscava forças para conseguir me acalmar e encarar a situação de frente, mas estava cada vez mais difícil. Depois de alguns minutos eu já tinha controlado a crise de choro, e conseguia dialogar com Leon. Eu precisava me recuperar logo.

(...)

- está pronta? - Leon entrelaça nossos dedos e me leva até a porta de casa.

- não - suspiro - entra comigo?.

- claro - ele me dá um sorriso meigo.

Assim que entramos em casa, avistamos meu tio Théo sentado no sofá com as mãos na cabeça e os cotovelos apoiados nos joelhos.

- tio...? - me aproximo.

Ele ergue a cabeça rapidamente e se levanta. Seus olhos estavam vermelhos e irritados, e seu semblante de aflição tomava conta de toda a sua face.

- onde você estava?! - ele se aproxima a passos rápidos - sabe como sua mãe ficou preocupada?!.

- e-eu... - gaguejo, e sinto meus olhos inundarem de novo - eu sinto muito!.

- oh... Querida - ele me abraça forte - me perdoe... Estamos todos com os nervos agitados.

- meu pai...- falo com a voz embargada - ele está... - tio Théo me interrompe.

- está vivo, por enquanto - ele suspira fundo - você deve subir agora, não sabemos se Tristan passará desta noite - ele fala com os olhos marejados.

- onde está Eric? - Leon fala com raiva.

- está na prisão da alcatéia - meu tio fala no mesmo tom - eu mesmo farei questão de dar um fim naquele ser repulsivo.

- faça isso - falo com uma mistura de raiva com mágoa.

- vá ver seu pai, querida - meu tio suspira - ele precisa de você.

Meu tio e meu pai são unha e carne desde que me conheço como gente, a ligação deles é muito intensa, fora o vínculo de alpha e beta. Eles são melhores amigos, e irmãos...

- tudo bem - falo com o coração em pedaços.

Leon anda ao meu lado a caminho do quarto de meus pais, e logo no corredor, os barulhos dos equipamentos e os murmúrios da minha mãe já eram evidentes. Era como num filme de terror, nunca me senti tão despedaçada. Meu pai estava desacordado e pálido, e havia muitos fios conectados em seu corpo e alguns aparelhos ao redor da cama. Minha mãe estava sentada em uma poltrona ao lado da cama com os olhos vidrados no meu pai, e apertando sua mão próximo ao seu rosto.

- você é mais forte que isso... Lute, meu amor... Lute! - ela sussurra.

- vou esperar aqui no corredor - Leon sussurra para mim - demore o tempo que precisar - ele beija o topo da minha testa.

Assinto positivamente e adentro no quarto.

- oi, pai... - me aproximo e me sento no outro lado da cama.

- ele ainda está aqui - minha mãe fala decidida - ele não vai nos deixar! - ela toca no rosto dele.

- ele está tão frio... - falo num fio de voz.

- ele não pode nos deixar, Emy...! - ela chora.

- me perdoe mãe... - suplico - isso é tudo culpa minha!

- não ouse repetir isso nem sequer mais uma vez, Emily Jones! - ela ordena - nada disso é sua culpa!.

O aparelho ligado ao peito de meu pai começa a apitar frenéticamente, e o desespero começa a tomar conta do ambiente.

- o coração dele está parando! - Lucy (a feiticeira) esfrega os Desfribiladores um no outro, e depois gruda no peito de meu pai.

Minha mãe chorava como um bebê, e tudo parecia estar em câmera lenta. O corpo de meu pai se elevava a medida em que Lucy grudava e afastava os Desfribiladores dele. Era a pior cena que eu já vi em toda a minha vida.
Mas tudo fica pior quando o aparelho simplesmente faz um som contínuo. O coração dele tivera parado.

- eu... Eu sinto muito! - Lucy fala arrasada.

Minha mãe entrou em prantos, e a única coisa que consegui fazer foi abraçar o corpo de meu pai. Meu tio se joga na poltrona ao lado da minha mãe, e tenta a consolar, mas nem ele conseguiu conter as lágrimas incessantes. Uma energia crescia dentro de mim, era como uma série de descargas elétricas. Uma luz azul toma conta das minhas mãos, eu não sabia o que estava acontecendo, mas sabia o que tinha que fazer.

- pai, não me abandona! - toco minhas mãos em seu peito, e logo todo o quarto é tomado por essa luz azul intensa.

Quando a luz cessa, todos estavam em silêncio me olhando perplexos, mas não consegui desfocar minha atenção do aparelho ligado ao meu pai... Que logo voltou a fazer o barulho de antes.

- poder de cura - Lucy fala orgulhosa - você se saiu muito bem, minha querida!.

- você o salvou! - minha mãe fala aliviada e se levanta.

- pai...? - o balanço suavemente - abra os olhos...

A respiração dele começa a ficar estável, e ele abre o olhos lentamente. Suas feições era de quem acabara de acordar de um sono comúm... Mas na verdade ele acabara de voltar do limbo. Bizarro.
Ele parece notar o que estava acontecendo, e se dar total conhecimento da situação.

- eu ainda estou vivo? - ele pergunta receoso.

- graças a sua filha, está sim! - Lucy fala feliz.

- seu grande idiota! - meu tio Théo se aproxima - têm noção do quanto ficamos desestabilizados?!.

- oh... Olá, meu amigo - papai sorri.

- que bom está bem, meu querido - minha mãe o abraça.

- eu não a deixaria, minha Luna - ele sorri.

Meu pai se senta na cama, e ergue uma das sombrancelhas quando olha para a porta. Ele chegou na hora certa? (Ou não).

- oh... Olá, Supremo. Eu ouvi alguns gritos, e achei melhor entrar... - Leon fala sem jeito.

- olá, garoto - papai revira os olhos, e foca seu olhar em mim.

O abraço com força e deixo lágrimas de total alívio e felicidade.

- papai está aqui, filha - ele fala durante o abraço.

- ainda bem que está... - sussurro.

Nos separamos e ele logo volta o olhar para Leon novamente.

- você pode passar a noite aqui, Black - meu pai fala sem ânimo.

- obrigado, Supremo - Leon sorri.

(...)

Logo meu pai se recuperou e todos retomaram a rotina noturna, mas desta vez, pude contar com a companhia de Leon a maior parte da noite, embora ele tivera que retornar ao quarto de hóspedes.
Esse foi um dos piores dias da minha vida, mas pelo menos posso dormir tranquila.







Te Amo Meu Alpha-2° volume.Where stories live. Discover now