Aquelas palavras não saíram da cabeça de Anna e, ao longo daquele inverno, ela o observou com redobrado interesse. Percebia que Matthew tinha uma boa relação com Jane e ela tinha certeza que ele nutria algum sentimento por ela. Acreditava que talvez ambos pudessem costurar os machucados um do outro. Ele poderia fazer com que Jane esquecesse Edward e ela poderia fazer com que Matthew voltasse a amar novamente. Aquela ideia, no entanto, não lhe era tão prazerosa. Ainda assim, fazia o possível para se manter afastada, dando espaço para que ambos se conhecessem melhor.

- No que está pensando? - perguntou Matthew com sua voz gentil.

Anna sequer havia percebido que sua mente divagava tão longe e, assim que ouviu o som rouco da voz de Matthew, sobressaltou-se.

- Eu... Em nada - disse com um sorriso tímido.

Matthew não insistiu, mas manteve os olhos nela. Anna notou, de um modo estranho, que ele parecia ansioso para dizer algo, mas não sabia definir se era realmente aquilo ou se ela estava sendo tola e imaginando coisas.

- Sabe, Anna - Matthew arranhou a garganta ruidosamente -, eu gostaria de aproveitar que estamos apenas nós dois aqui e perguntar algo a você.

Ele a fitou como se pedisse permissão para falar e Anna respondeu concentrado toda sua atenção nele.

- Acontece que eu tenho notado que você se afasta quando estou por perto e queria saber se eu a ofendi de algum modo. - Ele exibiu um sorriso amarelo. - Bom, talvez a minha companhia não seja assim tão boa. Isso também é algo a se considerar. - Matthew riu de modo travesso, mas seu olhar parecia pesaroso.

- Não! Não, o senhor não fez nada para me ofender e é uma companhia extremamente agradável - garantiu-lhe com veemência, apertando a costura em seu colo. - Por Deus, se lhe causei essa impressão sou eu quem lhe deve desculpas... Ai!

Anna sentiu a ponta da agulha que estava presa no tecido que ela apertava furar o seu dedo e ergueu-se do sofá com um gritinho de dor. Matthew acompanhou o movimento dela, preocupado. Aproximando-se, ele atravessou o pequeno espaço que os separava e segurou a mão dela. Um círculo pequeno e vermelho formava-se na ponta de seu dedo indicador e, tirando um lenço branco do bolso, Matthew limpou com cuidado aquele pequeno machucado.

- Matthew...

- Eu tenho observado você, Anna - interrompeu ele -, há algum tempo e tenho estado sempre por perto para tentar me aproximar de você, mas sinto que tenho feito tudo isso em vão. - Matthew olhou fundo nos olhos claros de Anna que mantinha seus olhos arregalados numa expressão surpresa. - Sei que talvez o fato de eu ser viúvo, com um filho, não seja nada atraente...

- Eu não me importo com isso - ela o cortou com o cenho franzido; em seguida corou, sentindo-se um tanto ousada.

- Não? - Matthew repetiu esperançoso.

- Não - sibilou Anna em dúvida sobre o que estava acontecendo naquele momento.

Era real? Matthew estava mesmo insinuando algo entre eles?

- Então não vejo motivos para esperar.

Matthew jogou o pano manchado no sofá e levou o dedo dela aos lábios, beijando-o com carinho. Anna resfolegou, sentindo cada parte sua acelerar-se de um jeito completamente novo.

- Anna, você aceitaria que eu a cortejasse?

- Sim! - ela sorriu. - Sim, Matthew.

O semblante de Matthew tornou-se radiante e ele curvou os lábios para cima num sorriso cheio de alegria. Ele deslizou as mãos pelos braços de Anna e encaixou-as em sua cintura fina.

Tudo o Que Mais Importa (Versão Wattpad)Where stories live. Discover now