CAPÍTULO 21

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-Tamara, você está pensando em matar o Bruno? - Digo.

-Não, mas dá um pequeno susto - Diz ela calma.

-Um susto? Se a polícia ficar sabendo disso, todo mundo vai preso - Digo exaltada.

-Não se for em legítima defesa.

-Mas vamos ter que responder a alguns processos, sua maluca. - Digo olhando para o teto.

-Olha, ninguém precisa saber. Bruno sempre leva as "vítimas" dele para lugares desertos, e se rolar tiro, a gente cuida dos ferimentos por lá, acho que me formar como enfermeira vai servir de algo. Eu fico com a boca aberta em forma de um "O". Essa garota é doida!

-E nem adianta ficar com essa cara, você vai topar, querendo ou não. E dá licença, vou conversar com o senhor Victor. Ela pega o meu celular e liga para Victor.

-Oi, Victor? Sou Tamara, amiga da Débora. Não, não aconteceu nada, pelo menos até agora. Ela está bem! Eu queria falar com você, então cala a porcaria da boca e me deixa falar. Bruno está ameaçando ela e eu tenho um plano. Ela ficou com aquele celular na orelha contando aquele plano doido para Victor e pelo que eu percebi, ele aceitou. Maravilha...

-Não, não vai dar para você ver Débora hoje. Já é tarde e ela está cansada... Eu pego o celular de Tamara.

-Victor? Estou morrendo de saudades. Sim, Bruno está me ameaçando. Não, Victor! Não faz nada. Segue o plano da Tamara...  Tchau, também te amo!-Desligo o celular e Tamara está com um sorrisinho no rosto.

-Te amo, é? - Ela diz.

-Eita, Tamara - Eu coloco minha mão sobre minha boca. - Eu não acredito que eu falei isso.

-Acredite, você falou - A gente ri.

-Mas, Tamara... não seria melhor se chamarmos a polícia ao invés de fazer isso aí - Digo, trocando de assunto.

-Bruno conhece os que comandam a polícia, e por uma boa quantia que Bruno oferecesse, eles fingiriam que você nem existe no mundo. Ficamos até tarde da noite com ela me contando esse plano mirabolante que eu tenho certeza que não vai dar certo, mas não custa tentar. 

(...)

 Acordei no outro dia com Tamara no quarto olhando para a janela com o meu celular conversando com alguém. Eu fico quieta escutando o final da conversa. 

Tamara: "Ela não vai poder te atender, acordou um pouco doente e acabou adormecendo novamente. Eu repasso o convite sim. Tchau, Bruno! Beijo!" Ela desliga e vira para minha direção e percebe que eu a observava.

-Bruno te ligou e disse que queria te levar para dar uma volta - Diz ela balançando o celular. - E eu disse que você não poderia e então ele vem mais tarde te ver

-O que?? - Grito. - A Anje! Me dá esse celular.

-Não. A Anje já está com Alex e ele já sabe de tudo, Victor está chegando e você vai ter que dar uma de atriz da Globo para convencer Bruno que está doente

-Eu me meti em uma grande roubada e ainda trouxe quem eu amo junto. - Digo colocando minha cara no travesseiro.

-Sua sorte é ele não ter colocado seus pais nessa roubada... - Interrompo.

-Primeiro que minha mãe está morta e o meu pai nem liga pra mim - Dito isso, coloco minha cara de novo no travesseiro.

-Ok, deixa de Drama! Levanta e vai escovar os dentes, comprei uma escova e ela já está no banheiro. E depois vai pra cozinha tomar café - Diz ela e sai do quarto. Levanto com dificuldade, porque a preguiça é mais forte e ainda mais com uma cama tão macia como essa que eu dormi. Vou até o banheiro, lavo o rosto, escovo os dentes e vou para a cozinha. A mesa estava cheia de frutas, suco, torradas, pães e etc.

-Hum. Se alimenta bem, não quero ver ninguém com fome aqui em casa - Ela diz e nós rimos. Comi de tudo um pouco, fiquei empanturrada de tanto que comi. Ela tinha alguns cadernos em branco por aí e então resolvi escrever, já que ela não me deixava chegar perto do meu querido celular. Já que eu não posso chegar nem perto do meu celular, eu vou desabafar como nos velhos tempos, escrevendo. 

"Tudo era um conto de fadas com o Bruno, mas acabou se transformando em um pesadelo. Não entendo por que sempre atraio pessoas e situações ruins. Mas no meio desse caos, conheci a Tamara, que apesar de ser um pouco louca, é incrível. E para completar, ela é irmã da Andreia, minha colega de trabalho. Enquanto Andreia aproveita suas merecidas férias, estou lidando com um monstro. -Sorte dela.- Não sei se isso vai durar para sempre, mas espero poder respirar tranquila novamente e abraçar quem amo antes que seja tarde demais. Não sei do que Bruno é capaz, mas se for o pior, só quero que aqueles que me ajudaram saibam que os amo."

Eu estava escrevendo e Tamara chegou e se sentou ao meu lado.

-Desabafando, né?

-É o jeito - Digo soltando o ar dos meus pulmões.

-Então esse vai ser o caderno dos desabafos da Débora - Ela sorri. - Eu também desabafava muito através da escrita.

-Ajuda muito - Sorrio. - Eu fazia muito isso, mas desde que comecei a trabalhar, eu nunca mais tive tempo para escrever meus desabafos. 

*CAMPAINHA TOCA *

Tamara abre e eu fico na sala. Alguém tapa os meus olhos.

-Quem é? - Digo receosa.

-Adivinha, Boba! - Eu conhecia aquela voz.

-Victor! - Digo tirando as mãos dos meus olhos e indo até ele e abraçando-o.



Minha Calmaria Em Meio Ao CaosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora