Capítulo 20

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Território Canídeo

Hendrik procurava na casa inteira uma lâmpada que não estava sendo usada. Como não achou resolveu comprar uma nova, aproveitou e também comprou uma lanterna.

Depois da compra e de colocar algumas coisas dentro da mochila, foi direto para o lugar que havia encontrado ontem, rezando para que mais ninguém tivesse encontrado. Caminhava lentamente olhando ao redor, não lembrava exatamente o lugar certo, mas sabia que era por ali, próxima a árvore com folhas roxas.

Por ironia do destino tropeçou novamente da corda, só que dessa vez foi com a cara no chão e bateu o nariz.

— Ai! - choramingou Hendrik colocando a mão sobre o nariz. Quando tirou percebeu que estava sangrando — era só o que me faltava!

Limpou o nariz com a camiseta mesmo e abriu o alçapão. Ligou a lanterna e pulou para dentro. Seus olhos estavam cheios de lágrimas que insistiam em aparecer sem o consentimento do dono, pois o nariz estava latejando, e por sorte o sangue tinha parado de sair.

Apontou a lanterna diretamente para a escada e pegou-a colocando-a bem embaixo do bocal. Pegou a lâmpada e subiu com cuidado, pois não sabia se era seguro e não queria ocasionar outro tombo.

Quando chegou alto o suficiente para tocar o teto encaixou a lâmpada no bocal e rodou até ficar firme no lugar. Desceu da escada e foi direto no interruptor, a luz havia ligado! Hendrik sorriu entusiasmado e olhou ao redor mais claramente, estava tudo uma bagunça, tudo sujo e empoeirado.

Como tinha tempo resolveu limpar o lugar. Tirou algumas coisas de dentro da bolsa e começou a faxina. Não tinha muito que fazer. Era apenas o armário, o chão e o colchonete, não demorou muito até concluir o serviço.

Passou a mão sobre a testa levemente molhada de suor e respirou fundo, era um lugar até que agradável. Pensou se contaria para Alishie, com certeza contaria para Alishie!

Território Felino

Zachary lavava a louça para a mãe. Ele tinha acabado de jantar com a família, e como sempre não ocorreu nenhum diálogo relevante.

— Ei - diz Apollo entrado na cozinha.

— Ei - responde Zachary desanimado com a presença do irmão.

— Como estão indo as coisas? - pergunta Apollo sentando-se à mesa e pegando uma maçã.

— Estão bem - responde Zach simples.

— Ah - no silêncio apenas era possível ouvir o barulho de Apollo mastigando a maçã.

Zachary tinha medo de o irmão descobrir alguma coisa, Apollo era esperto e sabia quando tinha alguma coisa de errado.

— Onde você foi ontem à tarde? - a pergunta que fez o coração de Zachary gelar.

— Na... Na casa do Isaac, a gente ficou jogando videogame.

— Ah. Faz tempo que não vejo Isaac, fala que mandei um oi para ele.

— Falo sim - diz Zach secando as mãos e saindo da cozinha rezando para o irmão não segui-lo.

Território Canídeo

Zachary e Hendrik estavam treinando, ambos estavam transformados e seus respectivos animais. Eles corriam pelas árvores do território canídeo para testar a velocidade, até que Zachary teve a maldita sorte de pisar em algum tipo de planta dura, que acabou entrando de leve em sua pata traseira, fazendo o leão dar um alto rugido de dor que chamou a atenção do lobo fazendo-o parar imediatamente e voltar correndo.

Hendrik encontrou Zach já transformado na forma humana, sentado no chão nu com a mão sobre o peito do pé sem coragem de olhar o estado como estava a sola. O lobo se aproxima e Zachary o encara, o olhar do canídeo, mesmo em forma de animal, era de preocupação.

— Eu pisei em alguma coisa - disse Zachary.

O lobo olhou em volta procurando algo que poderia ter machucado o felino, até que avistou próximo dele uma planta verde que parecia ser sólida, ela estava levemente manchada de sangue, provavelmente o sangue de Zachary.

Hendrik observou o felino sentado com os olhos levemente úmidos, como se estivesse segurando para não chorar, na verdade ele estava segurando o choro, Hendrik conseguia sentir que ele estava com muita dor. Notou que apenas suas garras estavam amostra, já era um avanço ele conseguir pelo menos controlar a cauda, não é de um dia para o outro que se aprende a controlar tudo.

Hendrik empurrou com o focinho, como se estivesse apontando para a bolsa que estava amarrada na cintura de Zachary, insinuando que era para ele pegar o que estava dentro dela, que no caso eram roupas. Zach vestiu a roupa e nem percebeu que era observado pelo lobo.

Num momento de desequilíbrio Zachary quase cai, mas Hendrik chega perto dele antes de ir direto ao chão. Zachary continua apoiado no lobo, percebe que o mesmo queria levá-lo para algum lugar, então apenas o seguiu enquanto andava lentamente segurando-se no animal, apertava fortemente os pelos negros do lobo para não cair, porém o canídeo, apesar da dor, não estava se importando muito.

Depois de uns dez minutos andando, ambos param e Hendrik se distância de Zachary que decide sentar no chão, pois não estava aguentando de dor. Hendrik volta a forma humana e começa a vestir a roupa sem dar tempo ao felino de observá-lo.

Hendrik então abre o alçapão e Zachary fica surpreso.

— Desde quando isso está ai? - pergunta Zach.

— Encontrei antes de ontem.

— O que tem ai dentro?

— Vai descobrir agora.

Hendrik pula para dentro do esconderijo e Zachary fica sem entender. O felino se arrasta até a entrada e olha curiosamente para dentro.

— Vem! - Hendrik fala enquanto aparece no campo de visão de Zach.

— É seguro?

— Totalmente.

— Não sei se consigo.

— Pula, eu te seguro.

Zachary pensou se era uma boa confiar no outro, mas decidiu arriscar, pulou e Hendrik o agarrou, mas não o colocou direto no chão. O moreno levou-o até o colchonete e colocou-o sobre o mesmo. Zach olhou ao redor sem entender nada, estava tudo iluminado, o lugar era pequeno, porém aconchegante.

— Que loucura! - diz Zachary surpreso.

— Pois é, melhor coisa que já encontrei na minha vida - diz Hendrik olhando ao redor como se estivesse orgulhoso de algo que fez.

— Mas está abandonado?

— Sim, quando cheguei estava tudo sujo e empoeirado.

— Que maneiro.

— Sim. Agora me deixe cuidar do seu pé.

Hendrik pegou a mochila e tirou de dentro as coisas que iria precisar. Lavou o machucado e viu que não precisaria de pontos. Passou uma pomada e depois enfaixou.

— Até que não foi feio - disse enquanto encarava o garoto a frente que estava pálido que nem papel e suando muito.

— Hendrik... eu...

— Zachary, o que foi? - pergunta o moreno preocupado.

— Não sei, estou me sentindo mal.

O canídeo coloca a mão sobre a testa do mais novo e percebe que o mesmo estava quente.

— Meu Deus Zachary, você está com uma puta de uma febre!

Entre Presas e Garras: Wild - 1ª TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora