8. Bónus (Por baixo das roupas)

Começar do início
                                    

Bebeu um gole e tentou sentir o sabor daquilo, as bolhas pareceram explodir na sua boca. Chegou a conclusão que era o tipo de bebida que as pessoas deveriam aprender ou que estavam acostumadas, porque podia jurar que uma cerveja era melhor e bem mais fresca.

O capitão avisou que iriam descolar, e o coração de Jones escorregou para o joelho deixando um vazio no peito. Colocaram os cintos e se ajeitaram nas cadeiras, um de frente para o outro.

- Eu vi os seus protocolos. - Ele estava sereno, como se acabasse de acordar e tivesse ido se espreguiçar no jardim de sua casa.

Amelie pousou a taça no lugar próprio, e apertou os braços da cadeira luxuosa com força, tentando disfarçar o medo assim que o jato começou a deslizar pela pista. Nem um sorriso falso lhe escapou dos lábios, mas aguardou o chefe continuar a falar. Isso não aconteceu.

- O que achou deles, senhor Sky? - Apertou os olhos quando se deu conta de que pareceram ganhar velocidade, e depois subiram em direção aos céus. Reprimiu um grito ao sentir como se um cubo de gelo tivesse caído no seu estômago e a sensação do sangue ter ido se alojar nos seus pés.

- São bons. - Ocean a olhou de esguelha, e estreitou os olhos da cor do oceano e do céu, ao ver a expressão da secretária que parecia ter sido arrancada os intestinos.

Ela levou a taça com a mão trémula assim que sentiu o avião se estabilizar no ar, e bebeu desta vez com todo o gosto possível, para só depois se empolgar pela resposta obtida.

- Obrigada, senhor Sky. - Sorriu com orgulho.

- Mas não é o suficiente. - Cortou a breve alegria dela, encarando a janela e as nuvens brancas no infinito céu azul. - Imagina que vários iguais tenham sido elaborados para a apresentação, temos que ter uma vantagem.

- Uma vantagem? - Se recompôs ciente dele a ter visto aterrorizada.

- Algo que os faça desistir da OilGas por completo. Uma mancha da empresa. - Colocou a mão no queixo, e deixou a interpretação rolar no ar.

Aquela hipótese veio como uma bomba para Jones, se apercebendo de imediato o que o presidente da GaSky queria que fizesse. Não estava ali por conta de sua competência, mas sim por saber da fraude cometida pela antiga empresa onde trabalhava.

- Quer que eu...?

- Os negócios não são um conto de fadas, Amelie. Existe muita coisa envolvida, e apesar de a nossa empresa ser a melhor, sempre irão comprar projetos. Eu nunca pagaria por isso, mas apenas falar sobre o quão bom somos não adianta. - Fez uma pausa com o seu ar sério. - Uma coisa é você comprar os investidores, e outra é eles saber que depois poderão ser roubados.

Amelie baixou os olhos para esconder a deceção. Aquela viagem era a sua esperança de se elevar num patamar maior para negociações, e providenciar contratos e abusar da sua habilidade para convencer. Era para isso que tinha estudado, e não para revelar podres da concorrente.

- Não precisa falar muito. Iremos ao jantar no salão do hotel e certamente estaremos com os responsáveis em alguma conversa. Apenas se lamente sobre a razão de sua saída da OilGas, e será suficiente. - Concluiu sem deixar margens para questionamentos, e ao verificar o sinal verde no painel do jato, voltou a abrir o seu computador portátil.

***

A ilha de Santa Maria ficava a duas horas da cidade. Era bonita com um mar azul e areia branca. Era possível ver várias embarcações turísticas e luxuosas, assim como instâncias, jeeps e motos de tração. O maior e único hotel era a maior edificação do lugar, com um formato circular e todo pintado de um amarelo que se enquadrava junto do brilho solar. Gaivotas sobrevoavam os céus, e várias barracas montadas no mercado organizado vendiam preciosidades locais, era óbvio que aquela ilha era de longe um lugar para negócios que precisassem de formalidades tal como aquele, e pela sua clareza paradisíaca, revelava a forma prática pela qual os responsáveis pretendiam lidar com o Projeto.

Something About Ocean [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora