Capitulo 1: O que na verdade somos / Parte 2 : Aquele que domina o fogo

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Narração - Luxor Gray
Mais uma noite sem dormir. Pela fresta da cortina que tava semi aberta, via os feixes da luz do Sol, que nascia devagar, entrar em meu quarto. Nunca entendi bem o porquê de eu ter comprado aquele modelo de cortina. Era ondulada, um vermelho intenso, algo chamativo e vibrante. Na verdade, todo meu quarto era chamativo. As paredes em tom branco eram as únicas coisas não chamativas naquele quarto. Um tapete branco de pelos bem robustos, uma cama de casal que caberia quatro pessoas sem o menor problema, minha escrivaninha cheia de canetas e marca textos coloridos, três computadores, várias caixinhas de som, dois microfones e um violão Taylor, completavam a paisagem daquela manhã. Me virei para o lado esquerdo, fixando os olhos em meu celular, que fica sobre o criado mudo de cor marfim. Estendi meu braço ao máximo, no intuito de pegá-lo, mas sem sucesso, porque ele tava um pouco mais longe.
- Já vi que vou ter que me levantar! - Exclamei comigo mesmo. - Claro que vai, você não é telecinético, Luxor! - Respondi pra mim mesmo, completando a frase - Uma pena, poderia arrancar esse pôster horrendo do Aerosmith da parede.
Pensei comigo por alguns segundos, que aquele pôster era um presente dado por David, co-capitão do time de futebol da escola. Não poderia arrancá-lo dali. Me levantei, com aquela preguiça de sábado, afinal sábado é um dia pra descanso e não pra perder o sono na noite anterior. Me sentei na cama, passando a mão em meus cabelos. Fitei os olhos em meu celular, que ainda estava longe, fixei os olhos no detalhe amarelo que minha case tinha e comecei a imaginar como seria meu dia. Perdido por alguns segundos em imaginações, ouvi um barulho ecoar no quarto. Voltei a mim e percebi que meu celular tinha caído no chão. Me levantei bruscamente e o peguei.
- Como você caiu? Tá tentando criar pernas, garoto? - Falei com meu celular. - Não faça isso de novo, ou vou ter que te amarrar.
Eu tenho a estranha mania de falar com os objetos, com os eletrodomésticos da casa e com os carros da garagem. Logo depois comecei a sentir meu pulso arder, sem explicação, bem onde minha marca de nascença fica. Esfreguei um pouco, sem saber que resultados esperar com isso e me senti frustrado quando vi que aquele ardor não parava. Então resolvi só deixar de lado.
Sem mais delongas, agarrei meu conjunto de calça e casaco de moletom cinza, um Nike preto e uma regata preta. Era dia de jogo e eu estava animado em ver todo o time da Uper Side vencer os malditos Sharks! Fui ao banheiro, após trocar as roupas, escovei os dentes e sequei meu cabelo, que precisava de um retoque na raiz, afinal, ser loiro não natural tem seus sacrifícios.
Corri para as escadas e as desci fazendo o barulho de um cavalo de corrida.
- Já pedi pra não descer as escadas correndo, Luxor! - minha mãe disse. - Não quero que você caia.
- Essa é a última vez, prometo!
- Já ouvi isso de última vez várias últimas vezes antes!
- São ossos do ofício mamãe!
Cheguei perto dela, a beijei no rosto e senti o cheiro de jasmim que vinha de seus cabelos. Seus olhos castanhos escuros e seu cabelo preto, preso em um rabo de cavalo, me deixavam tão feliz ao admirá-los.
- Toma rápido o seu café, ou não terá carona pro jogo. Seu carro ainda não tá pronto! - meu pai exclamou, o grande juiz John Gray. A pessoa mais linda do mundo, mais querida e mais amada por mim, depois da minha mãe, é claro.
- Não tô com fome agora. Como na lanchonete da escola. Vamos, papai?
Cheguei perto dele, que estava sentado à cabeceira da grande mesa de mármore da cozinha, dei um beijo em sua testa e sorri pra ele.
- Você sempre faz isso, né, rapazinho?
- O que eu faço, papai?
- Me ganha com seu carinho! - ele disse sorrindo de volta pra mim. - Por ser um ótimo filho vou deixar você dirigir meu carro hoje. Só não estacione em local proibido. - ele advertiu.
- Pode deixar, papai. Vou cuidar bem do seu carro.
Peguei as chaves do carro, que ficavam em sua jaqueta, pendurada perto da porta de saída da cozinha, e caminhei até a garagem. Lá, entrei no novo Toyota Camry do meu pai, comprado há pouco mais de um mês. Abri o portão da garagem com o controle, liguei o carro, engatei a ré e fui manobrando o carro.
Ao sair da nossa garagem, alinhei o carro na rua, sentido a escola Uper Side e segui em frente. Não deraram 5 minutos e eu já estava no estacionamento da escola, pontualmente às 09:00.
- O jogo só começa às 10:00. Posso passar um tempo na sala de música. - Falei sozinho, em voz alta.
Antes que eu pudesse sair do carro fui surpreendido com aquele ardor de novo. Não tinha um momento melhor pra acontecer? Que porcaria.
Passei a mão pelos bolsos e percebi que havia esquecido o celular em casa. Fiquei furioso por alguns instantes, mas logo percebi que o carro de David se aproximava do meu e assim foi perdida a importância do celular pra mim naquele momento. Saí do carro com pressa e acenei pra que ele estacionasse na vaga ao lado da minha, que ainda tava vazia. David estacionou e saiu do carro.
- E aí, cara? - ele me cumprimentou com um abraço. - Você vai jogar hoje Luxor? - Me perguntou ele, com uma das sobrancelhas arqueadas.
- Não, hoje sou reserva, ou melhor, sou torcedor! - Respondi sorrindo.
Ambos caminhamos pra dentro da escola. Ao andar pelo corredor principal, observei Kamdor e Lucy trocando carícias encostados nos armários do corredor.
- Kamdor e Lucy sentados numa árvore. Se abraçando e se beijando. - Comecei a cantar num tom de brincadeira.
- Agora não, Luxor! - Gritou Kamdor, fazendo um sinal de não com a mão direita.
Sorri discretamente pra ele, acho que ele percebeu quando virou a cabeça na minha direção, e continuei caminhando com David até o vestiário, que começava a se encher com os outros jogadores do nosso time.
Somos os Bulls de Uper side. Perdemos um jogo e empatamos dois. Precisamos ganhar dos Sharks para que nos classifiquemos pra próxima fase do estadual.
- Luxor, cuidado! - David disse em voz alta.
Sem perceber, me distraí por alguns segundos e bati com o rosto em uma porta aberta de um dos armários do vestiário. Caí no chão, mas rapidamente fui levantado por David e Troy.
- Você tá bem? - Troy me perguntou.
- Me deixa, High School Musical! - Respondi em tom de zoação.
- Engraçadinho! Da próxima te derrubo com mais força! - respondeu, sorrindo e piscando com um dos olhos.
- Luxor, põe seu uniforme e me encontra no campo em 20 minutos. - David disse, que já estava quase todo vestido pro grande jogo. Acenei positivamente pra ele.
Me troquei o mais rápido que pude, peguei um par de caneleiras e minhas chuteiras, e saí correndo pro campo. Chegando lá, me sentei no banco de reserva, coloquei as caneleiras e calcei as chuteiras. Ao levantar, senti tudo rodar e comecei a ter uma visão estranha e sem sentido. Vi um grupo de seis pessoas lutando contra um ser com uma máscara de ferro, parecendo um samurai do Japão antigo. Ouvi uma língua diferente sendo falada, mas logo voltei a mim ao sentir um toque em meu ombro .
- Você tá bem Luxor? - Me perguntou preocupado.
- Tô sim, Dav, por que eu não estaria? - respondi, finalizando com outra pergunta.
- Não é normal alguém falar latim arcaico à essa hora da manhã. - Ele me disse, completando a frase logo em seguida. - Na verdade... em momento algum. Pelo menos não hoje em dia.
- Quem? Eu falando latim? - Perguntei assustado. - Nunca que eu ia saber falar latim. Nem sei o inglês direito. - completei.
David me olhava com aquela expressão de assombro. Me calei por alguns segundos, mas logo algo tirou nossa atenção do meu surto momentâneo. A chegada de Jaxon ao campo. O capitão dos Sharks. Aquele ser repugnante, metido e que se achava o bom da vez.
- O que uma vadia disse pra outra? - David me perguntou ao perceber sua presença também, sorrindo com sua pergunta.
- Não sei.... Pera aí. - respondi.
- O que? - ele perguntou, sem entender.
- Eu vou pensar. - disse sem empolgação, encolhendo os ombros. Ele revirou os olhos e me deu um leve empurrão.
- Meu nome é Jaxon! - disse David gargalhado.
Dei um sorriso de leve e me sentei no banco dos reservas. Tentei lembrar daqueles pensamos que tive segundos atrás, mas tava tudo em branco, mais branco que uma folha de caderno. Levantei os olhos em direção ao imenso campo de futebol da US, vendo as pessoas se acomodando na arquibancada, os Sharks assumindo seu lado do campo, o banco reserva se enchendo de jogadores e me senti um pouco intimidado com aquele uniforme azul que eles tinham.
- O que é o azul dos Sharks perto do grande vermelho e preto dos Bulls? - murmurei pra mim mesmo, no intuito de me acalmar.
Notei que minha marca de nascença queimava muito naquele momento. Era algo parecido com um triângulo, na verdade era um triângulo. Um triângulo perfeito que ficava no meu punho esquerdo, como se alguém o tivesse feito ali com alguma coisa que tivesse a forma triangular. Era algo feio e estranho que nunca soube o porquê de ela existir em mim. Por que um triângulo?
- Mas que porcaria, viu? Você tinha que doer agora, marca boba? - continuei a falar comigo mesmo. Afinal eu tinha essa mania.
- Você quer por gelo por cima? Deve melhorar. - David me interrompeu.
- Valeu, mas já tá passando! - menti.
David tinha a estranha mania de interromper meus momentos de diálogo comigo mesmo. Talvez ele achasse que eu tivesse falando com ele, ou pra ele ouvir e me dar uma resposta.
- Hey, olha, a gente precisa se posicionar. O juiz já entrou em campo e nosso treinador tá a mil por hora. - David disse, batendo em meu ombro e apontando pro campo.
- Ok. Vai lá. Qualquer coisa pode contar com o cara da arquibancada! - eu disse sorrindo. Ele fez o mesmo e correu pro seu lugar no campo.
Como se tivessem passado horas, o campo estava lotado de pessoas na arquibancada, torcidas divididas gritando Sharks e Bulls. Líderes de torcida fazendo suas coreografias. O jogo começou e minha animação veio com ele.
***
O primeiro tempo acabou rápido, pelo menos era o que parecia, e ainda estávamos no 0x0. Chegou o intervalo, teríamos trinta minutos. Aqui na Uper Side é lei você passar na lanchonete no intervalo do jogo e comprar algo, que será revertido em doação pro hospital da cidade e pro orfanato Uper, que anda meio sem condições de se manter. Caminhei a passos leves pra dentro da escola, sozinho, já que David acompanhava Kamdor a todo lugar no momento dos jogos. Fui até o corredor onde fica o meu armário e caminhei até ele. Ao abri-lo comecei a procurar minha carteira. Primeiro só com olhar, já que sempre a deixo no mesmo lugar, mas quando não vi o pequeno objeto de couro fiquei meio desesperado e comecei a revirar todas as minhas coisas que estavam ali, atrás da maldita carteira, até que finalmente a encontrei. Ao abri-la tive uma grande surpresa.
- Ótimo, Luxor! Não foi ao banco de novo. - disse sozinho, batendo levemente na cabeça. - Gênio. - e como aconteceu durante todo o primeiro tempo, e boa parte do dia, minha marca começou a queimar. - Pode parar com isso, você também. Não começa! - olhei pra ela e disse em voz alta.
Fiquei preocupado ao ver minha carteira vazia. Esqueci de ir ao banco na sexta, devido a sexta familiar. Saí de dentro da escola aparentemente chateado. Comecei a caminhar pra lanchonete. Talvez alguém pudesse me emprestar um trocado pra contribuir. Meu estômago começou a roncar nesse momento. Atualizando: pra contribuir com a doação pro orfanato e pra me ajudar com esse pequeno problema chamado fome. Foi então que, antes de chegar à saída do prédio, avistei Lucy deixando seu armário, junto com as líderes de torcida dos Bulls, indo na direção da lanchonete. Me apressei pra chegar até ela.
- Hey, Lucy! - gritei, vendo Lucy passar por mim com suas "robôs" de torcida. Ela se virou pra mim e disse algo pras garotas, que continuaram sem ela. -
- E aí, Luxor? - ela sorriu. - O que manda?
- Me empreste algum trocado? - perguntei meio sem graça.
- Logo no dia do jogo você não trouxe dinheiro? - ela perguntou, erguendo uma das sobrancelhas.
- Esqueci de ir ao banco. - encolhi os ombros.
- Ok, eu empresto. - disse gentilmente. - Mas vou cobrar dez porcento de juros. - ela brincou.
- Pago vinte. É pegar ou largar - Respondi sorrindo. Ela fez uma cara de quem estava pensando na oferta, mas no fundo eu sabia que estava brincando.
- Feito! Vamos comer cheeseburger? - Ela aceitou sorrindo.
- Fechado! - respondi animado.
Ela agarrou meu braço e caminhamos até a lanchonete. Meu cadarço estava desamarrado, parei para amarrá-lo e disse que Lucy poderia continuar sem mim, que eu a encontraria lá dentro.
- Pode deixar que eu pego o seu, assim não precisa entrar na fila. - Ela me disse, então chamou as garotas que estavam mais a frente e se apressou até elas, continuando com as garotas que pareciam ter uma linha do céu puxando seus narizes pra cima de tão empinados que eram.
- Obrigado! - A agradeci, gritando pra que ela ouvisse.
Me sentei no chão e amarrei meu cadarço. Demorei pouco mais de três minutos e me levantei. Sim, isso mesmo, três minutos. Acabei me distraindo com as coisas que aconteceram.
"Eu falei mesmo em latim? Desde quando eu faço isso?" Me perguntei em pensamentos.
Caminhei até a entrada da lanchonete. Aquela porta de madeira, do século passado, vermelha desbotada, dava um charme à antiga lanchonete, que mantinha o estilo dos anos 80. Abri a porta e a atravessei. Ao caminhar dentro da lanchonete me deparei com uma cena curiosa. Kamdor estava agachado perto de um cara, que era estranho e ao mesmo tempo familiar, recolhendo os livros caídos e um pedaço de papel antigo. Ao tocar no braço de Kamdor, percebi que os olhos dos dois brilharam de uma forma sobrenatural. Kamdor ficou com a parte verde dos olhos completamente vermelha e o outro garoto com os olhos cinza, próximo ao preto. Ouvi uma frase ser dita por aquele garoto que não conhecia:
- É você... Você é o herdeiro mencionado por Galleon na profecia!
Nesse momento senti tudo rodar, minha marca queimou de uma forma tão intensa, comecei a ter aqueles pensamentos com o cara da máscara samurai, senti tudo escurecer, minhas pernas fraquejaram.
- Alguém me... - Tentei gritar por ajuda, mas minha voz falhou. Senti todo o meu corpo queimar, como se estivesse em chamas.
- Luxor?! Luxor?! - Ouvia meu nome ao fundo, bem baixinho, quase imperceptível.
- Corre, David. Segura ele... Ele vai cair. - Ouvi alguém gritar bem mais ao fundo.
Senti os braços de alguém me segurarem por trás. E isso foi tudo o que pude sentir, perceber ou ouvir. Tudo apagou! Desmaiei.

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Esperamos que tenham gostado, logo postaremos a segunda parte.
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Esta foi a segunda parte do primeiro capítulo, apresentando mais um de nossos personagens. Se gostou aguarde só um pouco que postaremos os próximos capítulos, que estão sendo elaborados.

Cada capítulo será dividido em partes. Abordaremos narrativas de primeira e terceira pessoa durante o decorrer da fanfiction.

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