Capítulo 3: Amanhecer Negro / Parte1: Saxer

100 6 10
                                    

Ashton Hamilton
     - Onde tô? O que tá acontecendo? - disse Luxor, recobrando a consciência. Ele tentou se levantar e sair de sua cama, mas viu que suas pernas não o respondiam. - Minhas pernas... Eu não sinto minhas pernas! - ele gritou, com as mãos nas pernas mexendo-as pra todos os lados tentando fazê-las se moverem de alguma forma.
     - Tenha calma, Luxor. Isso vai passar, eu prometo. - disse de maneira que apenas ele ouvisse.
     - Sr. Hamilton, o que aconteceu? - Kamdor perguntou. Logo, então, reagiu a algo que percebeu em si mesmo. - Eu... Eu não tô ouvindo nada, não tô escutando o que eu tô falando, não tô escutando vocês... Não tô escutando nada! - disse desesperado, gritando a última parte. - Por que não tô escutando nada?
     - Calma, Kamdor! - movi minhas mãos indicando o que eu estava dizendo pra ele, quando caminhei até ele. - Se acalma.
     - Alguém?! Socorro, não consigo enxergar. - Hunter gritou de sua maca, desesperado, pelo seu tom de voz. Olhei em sua direção, com pressa.
     - Tá tudo bem, Collins, tá tudo bem. Tenta se acalmar. - eu lhe disse.
     - Como vou me acalmar? Eu tô cego. - gritou. Tudo o que fiz foi passar a mão atrás da cabeça, sem saber o que fazer.
     Era assim que me encontrava naquele momento. Aquela enfermaria fria, solitária e triste, se tornou cheia de vozes e movimentos. Dr. Lucas Joseff, médico da escola, se movia entre as três macas da enfermaria com rapidez. Kamdor não ouvia, Hunter não conseguia enxergar e Luxor não movia as pernas. Todos estavam apavorados.
     - Não conseguirá protegê-los por muito tempo. Eles serão meus! - ouvi uma voz dizer, e senti uma energia mística intensa, porém diferente das demais. Essa era pesada, negra, como a noite é cheia de terror. Me virei sentido a porta e pude perceber um vulto se afastar.
     - Lateat revelanda erat forma prorsus ostendere! - exclamei, esperando ver o ser ameaçador. Senti a presença se afastar cada vez mais, até que não pude senti-lo mais.
     - Tres et quattuor sunt abscondita sunt enim omnia. - lancei um feitiço, nos ocultando de toda e qualquer magia presente.
     Se passaram 40 minutos e os garotos já estavam mais calmos, os efeitos colaterais - vamos assim dizer - passaram. Todos se perguntavam o porquê do desmaio coletivo. Vazamento de gás? Alguém teria colocado alguma substância nas bebidas da cafeteria, como trote entre os estudantes? Essa pergunta ficaria sem resposta no momento. Mas o momento de saberem a verdade estava próximo. Foi quando Lucas me chamou pra fora do quarto, pra que os garotos não ouvissem e se assustassem com os resultados. Os olhei antes de sair e eles estavam atentos a mim o tempo todo. Então fechei a porta atrás de mim.
     - Professor Hamilton, não há nada mais a se fazer, tendo em vista que os alunos já estão bem e conscientes. - disse Dr Joseff, num tom de alívio na voz.  - A  cegueira, a surdez e a incapacidade de mover as pernas desapareceram como num passe de mágica. - ele comentou, tendo minha risada falsa como resposta, fingindo achar aquilo impossível.
     - Mágica? Não acho que isso seja possível. - comentei.
     - Nós tentamos ligar pros pais, mas não tivemos sucesso. Ainda estamos tentando.
     - Eu os levo até em casa, Joseff. Meu carro tá no estacionamento. - Respondi rapidamente.
     - Tá bem. - Joseff respondeu.

Kamdor Haymond
     - Isso tá muito estranho. - Ouvi Luxor dizer, à minha esquerda. Olhei em direção a ele e acenei positivamente com a cabeça. - Esse negócio de vazamento de gás ou trote não faz sentido. Não acredito em nada disso.
     - Vazamento de gás? Trote? Quando foi que disseram isso? - perguntei com uma das sobrancelhas arqueadas.
     - Quando você teve o ataque de surdez. - O cara que tava na entrada da escola disse.
     - Uhum. - Luxor concordou. - E se fosse uma dessas coisas mais gente estaria aqui, essas salas estariam lotadas. Sem falar que eu não acho que cada um teria um sintoma diferente.
     - O que vocês tiveram? - Perguntei.
     - Não mexia minhas pernas. - Luxor respondeu primeiro.
     - Cegueira. - o outro garoto respondeu. - Além de que ainda falta saber sobre os outros dois.
     - Outros dois?! - eu e Luxor perguntamos ao mesmo tempo. Ele acenou positivamente com a cabeça.
     - São de Silver Port. Provavelmente perderam a consciência, que nem a gente, e devem ter tido reações diferentes das nossas. - ele respondeu. - O Hamilton tá escondendo alguma coisa da gente. De alguma forma ele sabe o que tá acontecendo.
     - O professor Ashton? Não acho que ele possa estar envolvido nisso. - falei. - Aliás, quem são os outros, que estudam em Silver Port?
     - Eu só disse que ele sabe de alguma coisa, não que esteja envolvido em algo. - ele me respondeu meio que friamente. - E eu também não os conheço. Uma é líder de torcida dos Sharks, o outro só parece mais um idiota.
     - O que você quis dizer com mais um? - Luxor perguntou.
     - Me mostrem suas marcas de nascença. - ele ignorou a pergunta do Luxor, ao sair de sua maca. Olhei pro Luxor, que fez o mesmo pra mim, e olhamos pro garoto estranho. - Andem logo. - ele pediu.
    Luxor e eu saímos de nossas macas e nos aproximamos dele. Ele foi o primeiro a mostrar. No punho dele tinha um triângulo apontando pra cima, em direção ao rosto dele. Já tinha reparado naquela marca antes. Era estranho o fato de aquilo ser um triângulo perfeito. Fui logo em seguida mostrando a minha. Virei meu rosto pra direita, pra que minha orelha esquerda ficasse visível pros dois e a puxei, mostrando a marca circular que ficava ali atrás. Quando virei meu rosto pra olhar pra eles de novo, vi o garoto murmurar algo como fogo e espírito, não sei bem o que significava, então logo em seguida ele puxou a gola de sua camiseta, até deixar seu peito aparente e revelar uma marca de nascença, que era também um triângulo perfeito, mas apontando pra baixo, com um traço próximo a ponta. Pelo suspiro que Luxor deu pude perceber que não fui o único a ficar surpreso.
     - Como isso pode ser possível? - perguntei, já não conseguindo processar nada do que tava acontecendo. - O que significa tudo isso? Quer dizer, vocês têm marcas parecidas, formas geométricas perfeitas, como se tivessem gravado em vocês, assim como a que eu tenho. Isso é algum tipo de ligação esquisita ou só uma coincidência mega esquisita?
     - Isso tem a ver com as coisas estranhas que aconteceram com a gente depois do jogo? As marcas de vocês também tavam ardendo sem explicação? - Luxor perguntou logo em seguida.
     - A minha queimava e coçava sem motivo. - respondi, fazendo mais uma pergunta logo em seguida. - Por que isso tá acontecendo com a gente? E o que você quiz dizer com fogo e espírito?
     - Parem de ficar fazendo perguntas! - o garoto levantou a voz, um pouco irritado. - Eu não tenho resposta pra tudo o que tá acontecendo, tá legal? Tudo o que sei aprendi com isso. - ele andou até uma mesa, onde seus livros foram colocados e tirou aquela folha com aparência velha, nos mostrando. Pude ver aquela energia em tons de cinza e preto de novo. - E como vocês não sabem de nada, suponho que não receberam seus pergaminhos. - Luxor e eu balançamos a cabeça negativamente. Ele suspirou. - Terra. - ele apenas disse. Olhei pro Luxor, que fez o mesmo pra mim, e voltamos a olhar pro garoto, mostrando que não entendemos o que ele quis dizer com aquilo. Então ele segurou firme seu pergaminho e quando percebemos a mesma imagem que ele tem marcada no peito tava se formando a partir do que estava escrito naquele pedaço de papel velho. - Esse símbolo, é o símbolo místico do elemento terra. O que você tem no punho é o símbolo místico que representa o fogo. Já o seu... - ele disse olhando pra mim. - não é exatamente um, mas a união dos elementos místicos, denominado espírito. Os dois de Silver Port possuem os símbolos místicos que representam ar e água. Isso é tudo o que eu sei, além de tudo o que tem sobre o meu elemento aqui. - e então ele guardou seu pergaminho.
     Não que tudo isso fizesse sentido algum, mas pude ter certeza de que a teoria de que aquelas marcas eram um tipo de ligação entre a gente tá certa, mas qual é desse lance de símbolos, elementos místicos? O que isso tem a ver com qualquer outra coisa em nossas vidas? Quer dizer, pra que serve ter a marca de um elemento se aquilo não serve de nada?
     - Er... Só mais uma pergunta. - eu disse, após hesitar um pouco esperando a que a reação dele não fosse ruim. Recebendo sua atenção perguntei o que queria. - Qual o seu nome? Quer dizer... Quem é você? - ele não demonstrou nenhuma reação.

Power Rangers Magic Awake: O Despertar da Força Onde as histórias ganham vida. Descobre agora