Nicolas
Passamos a noite ali mesmo na casa do Kelvin e acordamos cedo, ás sete horas da manhã.
A Operação Cavalo de Tróia, que estava sob meu comando estava em construção.
Eu criei a ideia e agora tinha que estudar seus pós e contras como meu pai ensinou.
E isso iria levar pelo menos um dia de planejamento se quiséssemos que desse certo.— NÓS. NÃO. TEMOS. UM. DIA. — disse Kelvin irritado após eu contar do prazo.
— Se fizermos tudo sem planejamento vai dá errado. — disse. — E ai sim todo mundo pode morrer.
— E como pode ter certeza que vai dá certo? — Questionou Kelvin. — Que a Bárbara não vai morrer? Que nós não vamos morrer?
— Temos uma coisa que o Naja não tem. — declarei e realmente contava com isso e precisava que eles concordassem.
— O que? — Augusto e Kelvin quiseram saber.
— Cumplicidade. Amizades. Gente em que podemos confiar. — encarei os dois — E vocês têm isso no morro.
Eles trocaram olhares descrentes.
— Nick. — começou Augusto — No tráfico não existe amizade.
Franzi a testa — Quem aqui esta falando do tráfico?
— Os moradores? — questionou Kelvin.
Eu assenti — Eles podem nos informar sobre a Bárbara. E quiçá do movimento no morro.
— Óbvio! — Kelvin estalou os dedos e pegou o celular e começou a digitar.
— Quem diria que o Nickzinho sabe pensar. — Augusto bagunçou o meu cabelo.
Dei um soco de leve no ombro dele e fiz sinal de silêncio para o Kelvin fazer a ligação.
— Dona Célia? — chamou Kelvin andando de um lado para o outro — Sou eu. O Kelvin. Não fala o meu nome. — pediu rapidamente — Como a Bárbara está? O que ele fez com ela? — perguntou — No quarto? Ele machucou ela? Pior? — Kelvin parecia surpreso — Matou?
A última palavra fez Augusto e eu ficarmos de pé.
— Quem ele matou? — quisermos saber, ele sinalizou para a gente esperar.
— Ela tá trancada? Em depressão? — perguntou preocupado — TENTOU SE CORTAR?
Augusto olhou para mim, surpreso.
— Por favor, cuida dela. Não deixa ela se machucar... — a voz de Kelvin parecia suplicante — Vamos fazer algo para tirá-la daí. — ele desligou e respirou fundo — Ele não tocou nela. Esta a mantendo presa no quarto. Ele matou a avó materna dela e deixou as fotos quarto para ela vê. Agora ela tá entrando em depressão e tentou suicídio cortando os pulsos.
— Meu deus. Meu deus. Meu deus! — Augusto estava entrando em desespero. — O que estamos fazendo? Isso tudo é nossa culpa. A avó da Bárbara. A Bárbara. Estamos causando isso...
— Ele matou a avó dela? — perguntei surpreso. Isso não fazia sentindo. Por que atacar uma senhora?
— Para dá uma lição. — respondeu Augusto como se tivesse lido a minha mente — É o estilo dele. Meu pai o irritou. Ele deu uma lição o matando e para o resto dos bandidos. Só pra lembrar quem é que manda. É assim que ele age Nick. Usa o medo. A culpa. Ele manipula você e faz acreditar que fez tudo por merecer. Ele te destrói e finge que te resgatar, mas no final só está cavando a sua cova. — Augusto estava ofegante, e ainda nervoso.
— Foi assim com o seu pai? — perguntei. — Ele o manipulou?
— Isso não torna o Kleber uma pessoa melhor. — disse Augusto — O Kleber cavou a própria cova e de quebra levou a família junto.
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AMIZADE DE RISCO (LIVRO EM HIATUS)
Mystery / ThrillerNicolas é filho de policial da bope. Classe média alta. Tem 16 anos. A única obrigação que tem é ir bem na escola por exigências severas do pai. Augusto é filho de um viciado e alcoólatra e braço direito de um dos chefes dos traficantes do morro...